Wal Reis

O amor que mora nas entrelinhas

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Sobre essas coisa menores, que passam quase despercebidas. Mas que enchem nosso coração de alegria.

É um bastidor. Nada que vá garantir seu nome no hall da fama. Pequenas ações singelas, corriqueiras, que olhares distraídos não captam, mas que dizem muito, contam histórias inteiras e, na maioria das vezes, de amor.

Estava na segunda série e fiz a proeza de cortar o dedo com o apontador de lápis. Chorei e ganhei um Band-aid temático da professora. E pelo resto daquele ano um colega de turma apontou meus lápis, sem que eu pedisse. Eu voltava do recreio e lá estava meu estojo com lápis de grafites fininhas e brilhantes. Eu nunca agradeci. Na verdade, nem lembro o nome dele.

Não somos treinados para atentar aos pequenos gestos, para ver beleza em atitudes comedidas, quase tímidas. Nos impressionamos com o histriônico: a chuva de pétalas jogadas do helicóptero, a joia cara, o convite para o restaurante cinco estrelas… quando, na verdade, muito provavelmente, esses feitos só mostram poder econômico, sem mais nenhum valor agregado.

O amor mora no detalhe. No chocolate recebido fora de hora, sem grife e com bilhetinho escrito à mão. Está em oferecer a fatia do bolo mais recheada, sem fazer nenhum alarde. Em avisar o outro que a lua está linda. Em colher flor de calçada mesmo se a colheita for por foto para mandar mensagem florida, dizendo tudo sem dizer nada.

É desarranjando a agenda, fingindo não ter nada para fazer só para estar disponível e se manter perto que o amor extravasa. Tem amor também em tomar dois ônibus numa noite de chuva e frio para aquecer um coração sofrido do outro lado da cidade e ainda dizer que estava passando por ali. Tem amor em deixar de lado o próprio cansaço para carregar as dores e as sacolas de quem a gente quer aliviar.

O amor cabe na xícara de café servida na madrugada para quem precisou se manter acordado e trabalhar. Na sopa quente para aquele que tem fome de todo tipo de calor. O amor está nas entrelinhas da história que você escuta com atenção, mesmo quando contada pela décima vez. É mais fácil ter amor na rolha do vinho barato, guardada com a data especial escrita à caneta, do que no brinde feito com a bebida da safra premiada.

Porque é das miudezas do cotidiano que o amor se alimenta. É passando despercebido que ele brilha. Sem alarde, sem bandeiras, mas com propósito.

*Wal Reis é jornalista, profissional de comunicação corporativa e escreve sobre comportamento e coisas da vida. Blog: www.walreisemoutraspalavras.com.br

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