Wal Reis

É triste admitir, mas acostumamos com a tristeza – Wal Reis

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*Wal Reis

De tão conhecida, a tristeza vira amiga íntima, de quem a gente nem gosta tanto, mas sente falta quando ela não está por perto.

É triste admitir, mas acostumamos com a tristeza. A gente se aninha a ela como quem recorre a um colo acolhedor. Porque, de tão conhecida, a tristeza se transforma em companheira de viagem. 

Sabemos exatamente a música que vai nos maltratar, mas a ouvimos à exaustão. Quem nunca chorou em frente ao espelho para olhar nos olhos da pessoa mais azarada da face da Terra para se compadecer dela? E quantos de nós não optou por ir a pé, embaixo de chuva, para sentir na pele o tamanho do abandono?

A tristeza temporária é inevitável e você terá as pessoas que se aproximam por um tempo, normalmente aquele correspondente a um luto normal. Mas quando se insiste em fazer desta convidada indesejada uma companhia constante, o público cansa: tristes são enfadonhos e só atraem outros tristes, normalmente preocupados com o próprio desgosto.

Temos uma tendência meio sádica de protagonizar histórias tristes. Pura autopiedade ou o compromisso com um ritual macabro, que é letárgico e paralisa. A tristeza é uma poça fácil de atolar e de onde precisamos de vontade forte para sair, limpar a lama respingada e ir em frente.

Eu sei, dá trabalho ser feliz. Exige movimentos bruscos, que incluem deixar de lado a caixa de lenços e ir de encontro a um obscuro novo caminho, recheado de elementos surpresas que, de repente, tem altas chances de nos fazer viver, com todos os altos e baixos que este verbo cala.

Se pensarmos bem, nascer já é um pouco traumático e, talvez, por isso não haja escolha: você vai ser retirado daquela zonade conforto. Pode chorar à vontade. O problema é que, quando crescemos, ninguém vai nos empurrar para a luz. Precisamos entrar em trabalho de parto sozinhos, conscientes de que existe um leque colorido de novas possibilidades abanando em nossa direção e a gente precisa ao menos tentar.

Tentar nem que seja para concluir que fazer o diferente também não deu certo e nos deixou ainda mais tristes e frustrados. E que, então, a opção será fazer amanhã o diferente do diferente. Porque é a intenção que conta pontos e essa prática pode até não levar à perfeição. Mas nos torna melhores a cada tentativa.

*Wal Reis é jornalista, profissional de comunicação corporativa e escreve sobre comportamento e coisas da vida. Blog: www.walreisemoutraspalavras.com.br

Foto: Hieu Van – Pixbay

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