É preciso ter cuidado com ofertas genéricas, busque profissionais e empresas qualificadas para que não faça um mal investimento
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Business com brasileiros na América: como se aliar a pessoas de bem e fugir dos golpes

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Em busca de oportunidades de trabalho, negócios e melhores condições de vida, milhares de pessoas migram anualmente do Brasil para os Estados Unidos. Estima-se que perto de 1,5 milhão de brasileiros vivam na América, sendo que desses, bem mais de 300 mil residem na Flórida. A gigantesca maioria é composta por pessoas sérias e determinadas que lutam pelo chamado sonho americano. Entretanto, uma quantidade ínfima age sem nenhuma ética, iludindo e enganando os que acabaram de chegar ou até mesmo os que ainda estão em nosso país e querem investir na América.

Para deixar claro que a comunidade brasileira na América, em sua quase totalidade, é composta por pessoas bem-intencionadas, e também para dar dicas sobre como evitar qualquer dessabor aos que querem morar ou investir nos Estados Unidos, entrevistamos brasileiros que vivem aqui e são verdadeiros exemplos de ética. Por meio de suas atuações em diversos segmentos, associações, câmaras de comércio, ajudam direta e indiretamente muitas pessoas.

Morando há 23 anos nos Estados Unidos, Carlo Barbieri é fundador e CEO do Oxford Group, empresa que originalmente surgiu no Brasil há 45 anos e que há 29 anos se fixou na América, realizando um trabalho de internacionalização de empresas e prestando assessoria com 181 tipos de serviços diferentes. Com sua vasta experiência profissional e também como membro da comunidade brasileira na Flórida, Barbieri explica ao futuro investidor os cuidados que devem ser tomados para não cair em falsas promessas. “O primeiro ponto é conhecer o histórico da empresa ou da pessoa que está propondo um negócio, para quem ela já prestou serviços, tem que levantar a fundo todas as informações, pois o que vemos após o surgimento da internet é uma facilidade grande que alguns possuem em fabricar uma imagem através do YouTube ou de outras mídias sociais, por isso, é importante conhecer o negócio de perto, ir ao local, ver se a empresa existe mesmo, se possui um código de ética, qual é a capacitação do quadro dessa empresa e se a pessoa que está falando através de uma mídia social tem mesmo conhecimento.”

Carlo Barbieri

Segundo Barbieri, quem vem residir na América deve ficar atento também aos que chegam oferecendo serviços para resolver uma série de coisas: TV, seguro, casa, carro etc. “É preciso ter cuidado com ofertas genéricas, tem gente que sem nenhuma capacidade oferece uma fórmula mágica, um jeitinho, mas isso não existe. Há outros que só têm um conhecimento vago e vão, na verdade, pesquisar no Google, mas passam a ideia de ser de uma empresa estruturada.”

Sobre a compra de imóveis, seja para residir ou investir, Barbieri tem uma dica interessante: “Quanto mais perguntas o corretor fizer ao interessado sobre o tipo de imóvel que ele procura, se a decisão é mesmo definitiva, se tem crianças em idade escolar, onde ficará seu negócio, se pedir a participação da família do interessado para contribuir no processo decisório etc., mais claro fica que se trata de alguém sério, que quer o melhor para o possível cliente. Por outro lado, se o corretor já chega dizendo que tem uma oportunidade imperdível, pode ter certeza que ele está pensando em um ótimo negócio para ele e não para o comprador”, explica Barbieri.

O brasileiro Antonio Cássio Segura reside há sete anos nos Estados Unidos, onde atua em uma empresa gestora de fundos de investimentos; é presidente da Câmara de Comércio Brasil-EUA; presidente do Conselho de Cidadãos Brasileiros na Flórida, um órgão do Consulado Geral do Brasil que presta apoio ao consulado e ao cônsul geral; e também participa de outros conselhos.

Cássio concorda que a imensa maioria dos brasileiros residentes é composta por pessoas sérias e afirma que o americano elogia os que vêm morar ou investir aqui. “O brasileiro é conhecido como trabalhador, dedicado, honesto, que respeita a cultura local e as diferenças, age dentro da lei e paga seus impostos. Inclusive muitas empresas americanas dizem abertamente que gostam de contratar brasileiros por essas características.”

Mas como sempre há exceções, Cássio destaca os cuidados para quem quer vir morar ou investir deve ter. “Busque profissionais e empresas qualificadas sempre, corretores licenciados e consultores adequados, não confie no mais barato ou em milagres, pois não há o que chamamos de galinha morta em termos de negócio, se o ganho for muito grande, desconfie.”

Cássio destaca que é uma ilusão acreditar em quem diz que basta chegar aqui e montar um negócio para prosperar, mas que, infelizmente, muitos ainda se deixam levar por histórias surreais e o resultado é uma imensa frustração, e nesses casos nem estamos tratando de um golpe, mas sim, de um investimento mal feito. “Aqui o mercado é muito competitivo, requer talento, perseverança e muita pesquisa para saber se aquele tipo de negócio é viável. Porém, se houver dedicação e um aprofundamento visando conhecer exatamente o mercado que está entrando, as chances de dar certo são grandes”, explica Cássio.
O presidente da Câmara de Comércio Brasil-EUA destaca ainda a importância do futuro investidor ouvir várias pessoas, inclusive quem montou um negócio e não obteve êxito. “É preciso saber escutar todos os lados, não se iludir apenas com histórias de sucesso, pois ouvindo quem tentou e não conseguiu, podem-se extrair belas lições. Outro ponto é ter humildade para aprender, não é porque já possuiu um negócio de sucesso no Brasil, que aqui será a mesma coisa, são realidades bem distintas.”

José Luis Brandão

O brasileiro José Luis Brandão, que está há dois anos nos Estados Unidos e é criador do Summit Brasil USA, considerado o maior congresso digital sobre imigração, empreendedorismo e investimento na América para brasileiros, reforça as mesmas dicas passadas por Barbieri e Cássio sobre desconfiar de negócios sensacionais e sempre buscar profissionais reconhecidamente capacitados em suas respectivas áreas. “Não existe mágica para empreender, também não é possível acreditar em um brasileiro que você conheceu na padaria e se basear no que ele disse para investir. Somente gente comprovadamente capacitada pode ajudar e existem muitos brasileiros aqui que são sérios e habilitados.”

Brandão faz um destaque sobre outra situação ligada a investimentos que não envolve má-fé, mas sim, desconhecimento de todas as partes. “Acontece de dois, três brasileiros se juntarem e um dar a ideia de investirem em algo, como por exemplo, mercado de automóveis, afirmando que é um grande negócio, aí os outros se encantam e decidem montar, mas, na verdade, nenhum tem experiência, e desconhecem que há várias regras que precisam ser cumpridas e quando se dão conta, todos perderam dinheiro.”
Empresários brasileiros foram vítimas de golpes quando chegaram aos Estados Unidos

A ingenuidade em acreditar em promessas mirabolantes, como ganhos absurdos ou “atalhos”, está muito presente nas histórias de brasileiros que acabam sendo vítimas de golpes. Mas esse não foi o caso de Monique Casado e Samuel Lucena, proprietários da rede de salões de beleza Fios Beauty, que se prepararam durante três anos para internacionalização de sua marca, realizando várias pesquisas de mercado, estruturando o negócio no Brasil, contábil e juridicamente, e ainda assim passaram por problemas e perderam dinheiro em mais de uma ocasião.

Inicialmente associados a um grupo de investimentos, alugaram o espaço onde seria o primeiro salão, e após efetuarem um depósito de segurança para o Landlord, o mesmo simplesmente desapareceu.
Ao escolher o segundo local para montar o negócio, uma nova decepção. Monique relata que após fazer o contrato com o Landlord e receber os depósitos de segurança, o mesmo começou a criar uma série de barreiras para impedir que o negócio fosse efetivamente aberto. Por diversas vezes, ele solicitou que fossem feitas mudanças nos projetos e, quando eram feitas, solicitava novas alterações. “Após quase um ano investindo dinheiro e tempo, percebemos que tínhamos caído numa cilada, pois no contrato havia uma cláusula que permitia que o Landlord pudesse recusar quantos projetos quisesse, e ele fez isso, até nos levar a desistir do contrato. Depois descobrimos que essa prática permite que o Landlord ganhe tempo para esperar uma valorização maior do imóvel e locá-lo por um valor maior”, conta Monique.
Importante destacar que nenhum dos dois Landlords era brasileiro, o que serve para mostrar que a falta de ética não tem nacionalidade.

Além do desgaste e prejuízos, os empresários ainda tiveram mais uma decepção, dessa vez com a construtora que havia sido contratada para fazer a reforma da loja e, após receber ⅓ do pagamento antecipadamente, acabou não realizando nenhuma obra e não devolveu o valor pago.

Cássio Segura

Após esse novo percalço, os sócios de Monique acabaram desistindo do projeto, mas ela e o marido persistiram, continuaram em Miami e alguns meses depois, montaram um salão menor em Coral Gables.
Monique e Samuel ainda foram vítimas de mais um dessabor com a profissional que estava realizando o processo imigratório de sua família. Ao analisar com cautela toda a documentação, perceberam que além de uma série de erros, a pessoa que se dizia ser advogada não tinha licença para exercer a profissão nos Estados Unidos. Felizmente, ela encontrou há tempo uma advogada de verdade que conseguiu realizar todos os procedimentos e obter o green card de toda a família.

Depois de passar por tantos transtornos, Monique aconselha brasileiros que queiram fazer negócio na América. “Independente do que for fazer, registre em papel ou via email toda e qualquer negociação, e se atente a todos os detalhes, pois uma pequena frase pode atrapalhar muito, e caso a outra parte se negue a fazer isso, pode desconfiar que tem coisa errada. Outra dica é para sempre buscar não uma, mas várias referências sobre um profissional e ter certeza absoluta que ele está habilitado a fazer aquilo que diz.”

Monique Casado e Samuel Lucena, proprietários da rede de salões de beleza Fios Beauty

Já estabilizada nos Estados Unidos, Monique afirma que apesar de ter começado menor do que esperava, pois ela e o esposo vinham de um negócio sólido no Brasil, com mais de 30 anos de mercado, e mais de 800 profissionais, acabou sendo ótimo ter iniciado as atividades nessas novas condições, em um espaço menor e com uma equipe pequena. “Essa reestruturação nos permitiu enxergar o business aqui de uma maneira diferente, esquecer que éramos grandes no Brasil e entender o quão grande podemos ser nos Estados Unidos. Com essa nova visão de negócio, quase dois anos depois, mudamos para um espaço maior e estamos obtendo um excelente resultado através de um crescimento orgânico.”

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