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( votes)Por Wal Reis
E enfim chega aquele momento em que não nos importamos mais. É um não-sentimento que aparece devagarzinho, com muita elegância, mas se instala como visita que não vai mais embora.
A gente se dá conta do ocorrido quando notamos que receber uma mensagem ou não, falar ou não, encontrar ou não… tanto faz. Não é raiva. Não é decepção. E nem chega a ser desapego. Porém, aquele anseio que arrebatava, fazia fritar depois de uma briga, a ausência que doía como um braço amputado agora cabe num prosaico “tanto faz”.
É o amor esvaziando.
Difícil aceitar que aquela música vai tocar e não vai nos tocar. Que, antes de dormir não se suspira de saudade, nem de agonia e muito menos de raiva. Simplesmente não se suspira.
Mas relutamos porque o vazio do amor causa um desconforto, uma estranheza. Como se nos sentíssemos menos humanos por não amar mais. E revisitamos fotos e lembranças para reapropriar a emoção ali documentada. Em que gaveta ficaram os planos, em cuja linha final se lia “para sempre”?
Fica só um nada. Um nada que não machuca, mas não alimenta. Que é silêncio, mas não calmaria. Um nada que não promete, mas também não cumpre.
(*Socorro, música de Arnaldo Antunes)
*Wal Reis é jornalista, profissional de comunicação corporativa e escreve sobre comportamento e coisas da vida. Blog: www.walreisemoutraspalavras.com.br
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