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( vote)*Por Wal Reis.
Foto: Pixbay
Fuja do clichê de se fazer de vítima do seu ex.
É um clássico. Primeiro encontro com aquele que tem tudo para ser seu futuro namorado: cara bacana, bom de papo, charmoso, parece interessado e visivelmente rola uma atração recíproca. Você linda, sorridente e absoluta.
Estão se conhecendo, compartilhando experiências, viagens, signos, superstições, gostos. Riem de alguma piada idiota, trocam olhares. Seguem falando sobre família, pets e esportes. Até que…
Até que 95% das mulheres não resistem e começam a tagarelar sobre o único assunto que, definitivamente, é dispensável: o ex. E não são comentários brancos – “meu ex-marido pega minha filha a cada quinze dias e assim tenho o fim de semana livre…” ou ainda “…ah, que coincidência, meu ex-namorado é engenheiro naval e super gente boa também” – não.
Em determinado ponto da conversa, a mulher cheia de atitude sentada ali, atrás de uma taça de vinho, veste a fantasia de vítima indefesa do ex, aquele monstro em quem ela confiou, com quem fez planos, que a traiu com a amiga, que era ciumento, a fazia chorar e mais um monte de lamentações infalíveis para matar o outro de tédio. É como se a ladainha guardasse um alerta subliminar: “olha lá, hein? Não quero passar por isso de novo. Já sofri bastante. A partir de agora a responsabilidade sobre meu bem-estar é sua.”
Gente, não, né? Essa é a melhor maneira de começar um relacionamento com os dois pés esquerdos. O que o novato tem com isso, com a sua trajetória, suas más escolhas? Além de enfadonha, essa história de coitadinha pega até mal. Cadê a empoderada do século 21? Aquela que saiu na rua com a camiseta “não é não”? É essa mesma que vai acuar o candidato nas preliminares das preliminares com essa conversinha de ex?
Somos responsáveis por nossos erros e acertos e descobrimos as pessoas – e elas a nós – na convivência, nas entrelinhas, no modo de tratar o garçom (outro clássico) e até pelas mensagens e não mensagens no WhatsApp. E estamos incumbidos de nos defender de quem não agrega. É uma atribuição pessoal e intransferível. Se você se deu mal em namoros anteriores, sabe – ou deveria ter aprendido – o que não quer mais para sua vida. Então, não evoque o passado e nem deposite o fardo das suas frustrações no ombro de quem acabou de chegar. Perdoe a si mesma e se permita viver o novo, com todos os fantasmas devidamente exorcizados. Porque ex que é ex precisa ser “ex-cluído” da próxima fase.
*Wal Reis é jornalista, profissional de comunicação corporativa e escreve sobre comportamento e coisas da vida. Blog: www.walreisemoutraspalavras.com.br
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