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( votes)A inédita exposição no MIS – Museu da Imagem e do Som, em São Paulo retrata não apenas o legado musical do Rei do Blues, mas principalmente a atuação de BB King como ativista pela busca de igualdade racial nos Estados Unidos. A mostra “BB King: um mundo melhor em algum lugar”, pega emprestado parte do nome do disco de 1981 para tratar de temas de segregação e inclusão, proporcionando uma experiência sensorial.

Primeira exposição inteiramente dedicada ao artista no Brasil, o projeto traz itens históricos da vida de BB King. Entre os destaques, estão imagens do acervo do BB King Museum, de diversas fases da carreira do artista, as credenciais de todas as turnês realizadas no Brasil, nos últimos 30 anos, o primeiro troféu Grammy recebido pelo cantor em 1971 e a icônica guitarra Gibson Lucille, assinada por King em seu show em São Paulo em 1993, quando ele esteve no país e inaugurou a casa de espetáculos Bourbon Street Music Club, localizada no bairro de Moema. Até hoje um quadro com a assinatura do Rei do Blues está em exposição na entrada do estabelecimento.
A trajetória de vida e superação de BB King é metáfora para tratar do tema maior da exposição: os preconceitos vivenciados até os dias de hoje em nossa sociedade. Paralelamente à trajetória do artista, a mostra ilustra outros movimentos de luta contra a segregação ao redor do mundo, trazendo uma narrativa que se dá pela intersecção entre a vida do músico e o panorama de lutas que narra a mudança do tempo rumo a um futuro mais plural.

BB King é o nome artístico de Riley Ben King, nascido em 16 de setembro de 1925, em Berclair, no Mississipi, e falecido em 15 de maio de 2015, aos 89 anos. Teve uma infância difícil em plantações de algodão até se projetar com o surgimento do blues e a consagração como uma lenda.
“O que é o blues? Blues significa um estado de tristeza e melancolia. Às margens do rio Mississippi, os negros cantavam melodias chorosas sobre suas vivências nas plantações. Cânticos religiosos, canções de trabalho, danças ritualísticas e música folclórica faziam parte do repertório”, relata um dos painéis da exposição.

O Rei do Blues casou-se por duas vezes, mas nenhuma relação foi tão duradoura como a que teve com a guitarra Lucille. O instrumento foi apelidado após um show que fez na cidade de Twist, no Arkansas. Naquela noite, dois homens começaram uma briga e atearam fogo, por acidente, na casa de espetáculos. “Quando estava do lado de fora, percebi que havia deixado a minha guitarra lá dentro”, disse BB King. “Então, voltei para pegá-la. O prédio era de madeira e estava queimando rapidamente. Começou a desabar ao meu redor, e quase perdi minha vida tentando salvar a guitarra”. No dia seguinte, o músico descobriu que a confusão aconteceu por causa de uma mulher chamada Lucille. “Dessa forma, nomeou sua guitarra para se lembrar de não fazer nada, novamente, que pudesse custar sua vida”, informa outro painel do MIS na sala onde Lucille está exposta. BB King foi considerado o maior guitarrista do gênero de sua geração. Em quase sessenta anos de carreira, gravou mais de cinquenta discos. Entre seus hits, estão “Three O’Clock Blues”, “The Thrill Is Gone”, “Please Love Me” e muitas outras canções que marcaram gerações. O Rei do Blues, que fazia uma guitarra “chorar”, influenciou grandes astros da música, como Jimi Hendrix, Carlos Santana e Eric Clapton.
Por Ricardo Tomassoni

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