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( votes)Uma sala multimídia com as reproduções das mais de 5.400 obras de Cândido Portinari foi entregue ao público no final do ano passado com recursos do Governo do Estado de São Paulo. A novidade está em um cômodo da casa onde o artista brasileiro nasceu, na cidade de Brodowski, perto de Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, em 30 de dezembro de 1903, e que atualmente é um museu, inaugurado em 1970 e restaurado em 2014.
A diretora do Museu Casa de Portinari, Angelica Fabbri, lembra que o pintor passou temporadas no local até a sua morte. “Brodowski foi eterna referência para Portinari, um lugar onde ele se encontrava com a própria essência e características que o marcaram por toda a carreira”. Em um passeio que Angelica Fabbri fez pelo Museu acompanhando a reportagem da Acontece, ela comentou que a sala multimídia é essencial para resgatar, por completo, a grandiosidade do acervo de Cândido Portinari. “95% das telas do maior pintor brasileiro contemporâneo estão inacessíveis ao público em coleções particulares. É uma forma dar visibilidade a arte que retratou o povo brasileiro”, completa.
O vídeo com as telas do artista é transmitido por oito horas ininterruptas e sem repetir quadros. O visitante pode sentar-se em poltronas confortáveis ou em pufes e assistir pelo tempo que desejar. É uma pausa na visita pelo Museu Casa que revela as origens de Portinari, como a sala onde a família fazia as refeições, a cozinha onde o alimento era preparado ou a Capela da Nonna, que ele pintou com figuras religiosas e feições de parentes para a avó rezar, quando não podia mais ir até a igreja, por dificuldade de locomoção ou ainda o terno que usou na inauguração de sua mostra no MoMA de Nova York.
A edificação da casa, do início do século XX, é vista também como um objeto museólogo já que sofreu intervenções funcionais e artísticas do próprio Portinari, além de contar com diversos afrescos pintados por ele e por pintores amigos convidados e que se hospedavam no local. Recentemente um novo mural foi descoberto escondido debaixo de onze camadas de tintas. A figura de uma mulher de cabelos escuros segurando um bebê de olhos azuis estava em uma das paredes da sala principal.
O Museu Casa de Portinari é um delicioso passeio lúdico com diversos recursos eletrônicos como a história da humilde família de imigrantes italianos sendo contada em áudio com iluminação especial em um grande painel fotográfico com todos os filhos do casal Domenica e Battista. Ou por meio de uma maquete que apresenta as intervenções arquitetônicas que Portinari foi fazendo no local ao longo do tempo ou ainda poemas do artista narrados por Lima Duarte e que podem ser ouvidos durante a visita aos jardins da residência.
O local possui diversos recursos de acessibilidade, como rampas para cadeirantes, além de réplicas das obras para os deficientes visuais poderem tocar, e objetos sensoriais como um pequeno moedor de café, onde os visitantes sentem o cheiro do grão moído na hora. “Portinari nasceu na Fazenda Santa Rosa, onde o Seu Battista trabalhava na lavoura, referência importante em várias telas do artista”, resgata Angelica Fabbri.
A visita ao Museu não termina no local. A diretora conta que um roteiro que pode ser percorrido de bicicleta disponibilizadas de forma gratuita, ou mesmo a pé, leva aos lugares frequentados por Portinari na pequena Brodoswki, como o coreto, a Igreja de Santo Antônio, com tela pintada por ele, doada e até hoje no local, a Igreja da Matriz, a estação ferroviária, entre outros lugares.
O Museu Casa de Portinari recebe a milhares de pessoas todos os anos, além de ter atividade constante com escolas, idosos e dezenas de voluntários e estudiosos. Angelica Fabbri estima que a nova sala multimídia deverá atrair ainda mais interessados e a previsão é chegar aos quatro mil visitantes por mês.
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