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Gil e Caetano juntos, em turnê histórica

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Dois gigantes da música popular brasileira juntos no palco do Bayfront Park Amphitheater em Miami. Com o título muito bem escolhido de “Dois Amigos, Um Século de Música”, a turnê internacional de Gil e Caetano celebra os 50 anos de carreira impecável e duradoura dos dois músicos. O show dos ícones baianos apresenta canções que marcaram a história da música, como “Coracão Vagabundo”, “É de manhã”, “Desde que o Samba é Samba”, entre outros grandes sucessos.
“Dois Amigos, Um Século de Música” já teve shows “sold out” em várias cidades brasileiras, na Europa e na América Latina. A tour chega à Flórida em uma produção da Rhythm Foundation, como um presente para o público brasileiro, no dia 16 de abril. A turnê dos ícones baianos já passou por várias cidades do Brasil, como no show em março no Classic Hall, no Rio de Janeiro, com uma plateia lotada e extasiada pelo talento e harmonia dos grandes amigos – que cantaram por quase duas horas um repertório clássico de seus grandes sucessos.
Gil e Caetano cantaram e até arriscaram uns passos de dança em uma cenografia colorida remetendo às bandeiras de diversos países, combinando com a sintonia e o bom humor que lhes são característicos. O primeiro show aconteceu em Amsterdã, na Concertgebouw, uma das salas de concerto mais prestigiadas do mundo.
A turnê “Dois Amigos, Um Século de Música” é apresentada apenas em voz e violão, e revisita a trajetória dos artistas desde os anos 1960 até seus trabalhos e sucessos mais recentes. Tudo isso é o que a comunidade brasileira e fãs internacionais de Gil e Caetano poderão viver em abril.

Parceiros de longa data
Gil e Caetano se conheceram no início da década de 60, no centro da cidade de Salvador. Eles estiveram juntos desde os primeiros shows, no Teatro Vila Velha, na capital baiana, até as apresentações nos grandes centros e o surgimento da Tropicália. Durante a ditadura militar, se firmaram como símbolos musicais de resistência. Em 1993 gravaram o álbum “Tropicália 2”, que celebrou os 25 anos do lançamento de “Tropicália ou Panis et Circencis”, disco de 1968 com participação de nomes como Os Mutantes, Gal Costa, Nara Leão e Tom Zé. Como resultado do CD, Caetano e Gil realizaram a turnê “Tropicália Duo’.
Nos últimos 20 anos, eles seguiram suas carreiras solo. Gil gravou álbuns como “Acústico”, “Quanta”, “Kaya n’gan daya” e “Fé na festa”. Caetano lançou “Fina estampa”, “Livro”, “Cê” e “Abraçaço”, entre outros. Em 2012, estiveram juntos em um projeto musical que contou com a participação da cantora Ivete Sangalo, “Ivete, Gil e Caetano”, que reuniu vários sucessos da dupla.
Confira grandes sucessos da discografia de Gil e Caetano
“Back in Bahia”, “Coração Vagabundo”, “Tropicália”, “Marginália II”, “É Luxo Só”, “De Manhã”, “Sampa”, “Terra”, “Nine Out of Ten”, “Odeio”, “Tonada de Luna Llena”, “Eu Vim da Bahia”, “Super Homem – A Canção”, “Come Prima”, “Esotérico”, “Tres Palabras”, “Drão”, “Expresso 2222”, “Toda Menina Baiana”

 

A Acontece Magazine entrevistou Gil e Caetano, que falam sobre a imperdível turnê.

Acontece Magazine: A última turnê juntos foi em 1994. Agora, mais de 20 anos depois, como surgiu a ideia de fazer esta turnê nacional e internacional?
Gilberto Gil: A primeira sugestão veio do nosso promoter italiano Ettore Caretta, que nos enviou um pedido para que nos juntássemos, eu e Caetano, para essa turnê, que acabou saindo. Depois de muitas datas na Europa, Israel, Brasil e América do Sul, aqui estamos, nos EUA.

Com um acervo riquíssimo em qualidade e quantidade de músicas, como foi o processo de escolha do repertório? Ele tem mudado desde o ano passado?
Gil: Foi um processo mais ou menos solto. Alguns critérios não são muito rígidos: importância das canções em nossas trajetórias, gostos e preferências pessoais, alguma novidade (como a canção “As Camélias do Quilombo do Leblon”, nossa ligação com a musica latina e anglosaxônica etc.
Caetano Veloso: Na verdade, não formamos um critério para compor o roteiro. Foi tudo muito pouco pensado. Começamos a ensaiar as canções que primeiro nos vieram à cabeça. Escolhemos coisas muito conhecidas, coisas de que gostamos especialmente e coisas que não tinham nada a ver com isso. Tudo fez sentido quando, por fim, vimos o resultado da lista escolhida.

Além da grande quantidade de brasileiros em Miami, há americanos e hispânicos que adoram sua música. Haverá canções em inglês ou espanhol no repertório?
Gil: Sim. Caetano cantará em inglês e espanhol. Eu também.
Caetano: Sempre canto “Nine Out Of Ten” e “Tonada de Luna Llena”. Gil também canta um bolero cubano e, muitas vezes, uma canção jamaicana.

Depois de tantos anos sem tocar juntos, como está sendo reviver a parceria no mesmo palco?
Gil: Gostamos muito de estar juntos no palco. É momento de reviver tanta coisa que nos tem associado ao longo da vida.
Caetano: É muito bom cantar com Gil e ter seu violão deslumbrante segurando as canções. E há nossa história, nossa amizade e nosso companheirismo de décadas, o que sempre traz sentimentos especiais para cada um de nós.

Parece que vocês estão se divertindo bastante juntos. Por isso decidiram estender mais a turnê em 2016?
Caetano: Depois da turnê, que passou pela Europa, pelo Brasil e por Argentina e Uruguai, novos convites vieram. Assim, vamos ao Chile, ao Peru, aos Estados Unidos e voltaremos à Europa para visitar cidades a que não tínhamos ido no ano passado.
Gil: Não só nós dois temos nos divertido, mas também o público por onde temos passado parece gostar do que vê e ouve.

O que vocês mais gostam de cantar do repertório um do outro? Alguma composição do Caetano que é especial para você, Gil? E Caetano, do que gosta da discografia de Gil?
Gil: Gosto de muitas. Neste show adoro “De Manhã”.
Caetano: Das que estão no show, gosto muito de cantar “Super-Homem”. Dentre as canções de Gil, “Drão” e “Expresso 2222” se destacam para mim. E olha que é muito difícil escolher entre tantas músicas tão lindas.

A canção inédita “As Camélias do Quilombo do Leblon” remete à época de escravidão no Brasil. A canção é também um alerta à desigualdade racial que ainda existe no Brasil? Qual a origem dessa canção nova?
Caetano: O episódio do Quilombo do Leblon, no Rio, onde se plantavam as camélias que viraram símbolo do movimento abolicionista, é um dos momentos mais belos da nossa história – e não é muito conhecido da maioria dos brasileiros, já que não se estuda isso na escola. Quando Gil me disse que deveríamos ter uma canção inédita, pensei que devíamos fazer uma sobre isso. A libertação do Brasil de seus terríveis desequilíbrios sociais passa pela conclusão da abolição da escravatura.
Gil: A noção de uma abolição incompleta, inconclusa, é algo que vem chamando a atenção de estudiosos sérios de nossa história. Desde os que vieram do abolicionismo inicial até artistas e pensadores atuais, como Jorge Mautner e Caetano Veloso. Esta canção faz eco a tais preocupações históricas.
Os seus shows em Miami sempre foram em teatros fechados, e agora será em um grande anfiteatro aberto. O que o publico de Miami pode esperar de “Dois

Amigos, Um Século de Música” no Bayfront Park Amphitheater?
Gil: Espero que tenhamos bom tempo, boa atmosfera cultural e boa performance artística.
Caetano: Tomara que o show saia bonito como em Viena, em Paris, no Circo Voador do Rio, em Madrid. E que o público possa se sentir bem nos ouvindo e nos vendo sob as estrelas.
Por Connie Rocha e Caio Campos

Caetano Veloso e Gilberto Gil

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