O busto de Nefertiti da coleção Ägyptisches Museum Berlin, atualmente no Museu Neues
Arte

A representação da beleza feminina ao longo dos tempos

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Por: Daniela Bercovitch, Monica Mendes e Cecilia Thibes

Miss Brasil, Miss Universo, modelos e dietas para emagrecer: nossa época é obcecada pela beleza feminina. No entanto, não há nada de novo na busca pelo belo a qualquer preço. A beleza sempre foi para as mulheres um bem para impor-se aos homens e exercer influência. Nota-se que o modelo estético muda constantemente e que nem sempre somos capazes de apreciar os modelos de séculos anteriores. A arte nos oferece uma representação da identidade feminina, por meio de vários rostos: deusa, heroína romântica, santa, criatura diabólica, figura alegórica, mãe, esposa e amante.

Nos tempos do Olimpo a alguns séculos atrás, as deusas gregas Atena, Hera e Afrodite disputavam o título da “mais bela” através da maçã ofertada por Eris, a deusa da discórdia. As mulheres egípcias eram retratadas com uma beleza quase africana, o corpo esbelto, magro e musculoso, pernas longas e nádegas gordas, seios pequenos e cinturas grandes, vestidas de linho transparente, revelando assim suas formas. Os penteados eram complexos e o rosto pálido, quase amarelo.

A famosa beleza grega antiga representava a mulher de maneira quase masculina de corpo atlético. De fato, naquele tempo, a beleza se encontrava na harmonia do corpo. A mulheres gregas e citadas como “cortesãs por prazer, concubinas para o lar, esposas por procriação legítima e boa governança”. Foi só a partir do século V que as mulheres obtiveram a dimensão de pessoa real e não só meramente de um ideal de beleza. Já o modelo de mulher da Idade Média muda completamente. Pálida, pouco feminina, sem traços de maquiagem, barrigudas, ombros estreitos, a mulher desse período é um modelo de pureza e nobreza.

Durante o Renascimento, a estética muda, assim como a temática mundana em detrimento da religiosa. O homem se coloca como centro do universo e a mulher continua ocupando o mesmo lugar de obediência e submissão. O nu feminino ressurge no Renascimento através do Nascimento de Vênus, de Botticelli (1486), e representa a mulher sensual, erótica e inocente. Representadas nas artes plásticas como mulheres liberadas, com seu próprio caráter, La Gioconda (1503), de Leonardo Da Vinci, ou As Sibilas, na abóbada da Capela Sistina de Michelangelo, demonstram diversidade nos cânones.

Na idade contemporânea, as mulheres se encontram discriminadas política, econômica, jurídica e educativamente, isoladas da cultura e reclusas nos afazeres do lar. O espaço público continua reservado aos homens. Em 1800, Goya pinta La Maja Desnuda e La Maja Vestida, arte considerada como primeira provocação sexual na qual a mulher representada deixa de ser a Deusa. Trata-se do corpo nu da mulher representado simplesmente sem conotações religiosas ou mitológicas. Courbet (1866) dá protagonismo feminino à mulher com sua pintura, A Origem do Mundo, na qual aparece o torso reclinado da mulher nua com as pernas abertas e em primeiro plano seus genitais. Coubert trata o corpo feminino com uma paisagem. Não se trata de uma imagem erótica, mas sim, mística. Aos poucos, através de mudanças sociais e culturais, chegamos à mulher de hoje. O corpo feminino, previamente representado principalmente por homens e para os homens, tanto nas artes quanto em outros campos da sociedade, torna-se um tema recorrente da arte contemporânea feminina. Não estando mais ao serviço de uma visão exclusivamente masculina, o corpo feminino se desdobra de acordo com a sensibilidade e a subjetividade de mulheres artistas. Acompanhando-as um novo apoderamento, as mulheres afirmam suas visões sobre o mundo e os gêneros e começam inclusive a conquistar artisticamente o corpo nu dos homens como exemplo dessa nova soberania artística.

Sylvia Sleigh, “The Turkish Bath” (1973)

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