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( votes)O que acontece com um menino de oito anos de idade que se muda para um novo país e agora precisa se adaptar a uma cultura diferente e aprender um outro idioma?
Sem Palavras retrata este cenário através de Luiz, o garoto brasileiro que se muda para os Estados Unidos e embarca em uma jornada cheia de dúvidas e descobertas, típica de um imigrante, neste caso, mirim. A realidade aqui se mistura com ficção. O personagem Luiz é inspirado levemente em Louis, o filho de Beti Rozen, coautora do livro ao lado de Peter Hays da obra lançada em inglês (Without Words) e português, pelas editoras Sem Fronteiras Press e Underline Publishing, respectivamente.
Nas páginas de Sem Palavras, o leitor acompanha pelo olhar de um menino o encontro com um novo mundo, onde a comunicação pela linguagem é desafiada e a criatividade chega como uma luz que ilumina este caminho marcado pela dualidade cultural.
A escritora brasileira Beti Rozen sentiu na pele essa transição com sua vinda para os Estados Unidos. Seu coautor, o americano Peter Hays, passou por algo semelhante, mas a mudança foi entre estados do mesmo país. Juntos, eles refletiram sobre os imigrantes que ficam divididos entre a adaptação a uma nova vida e a desconexão com o país onde cresceram. “Aprendemos que esse processo de adaptação nos muda, mas também percebemos como nosso lugar de nascimento nos inspira”, afirma Hays.
O livro expressa exatamente isso. O pequeno imigrante está com muita saudade da sua terra natal, seus familiares, seus amigos. Sem falar inglês, ele é incentivado pela professora a expressar seus sentimentos através de desenhos. Em seu diário, começa a desenhar e fica horas e horas produzindo figuras que idealizam sua vida no Brasil. As ilustrações são do saudoso artista plástico Daniel Azulay e provavelmente um dos últimos trabalhos do desenhista.
Em uma de suas declarações sobre o Sem Palavras, Azulay considerou o livro politicamente correto para crianças com uma mensagem de alerta importante para os adultos sobre a importância de se combater o preconceito contra imigrantes. “O bullying nas escolas é comum contra crianças e jovens de culturas diferentes, e o livro ajuda na conscientização e na luta para combater este preconceito”, disse o artista.
A combinação das ilustrações de Daniel Azulay e o premiado texto de Sem Palavras só confirmam essa declaração do artista. “Sentimos que Daniel estava muito orgulhoso deste trabalho e agradecemos o quanto ele acreditava nele”, lembra Rozen.
No livro, aos poucos e com a ajuda da sua tia, o menino descobre que nem tudo sobre o Brasil ou sobre qualquer outro país é tão maravilhoso. A mensagem fala diretamente com as famílias bilíngues, que enfrentam no seu dia a dia os desafios da readaptação e do equilíbrio cultural. Com Sem Palavras, Peter Hays e Beti Rozen esperam alcançar as comunidades brasileiras fora do Brasil, incentivando o aprendizado da língua portuguesa e ajudando o pequeno Luiz que vive em cada uma dessas casas a enfrentar essa jornada de uma forma leve e criativa. A obra também pode beneficiar escolas que incentivam a educação bilíngue e grupos de interesses profissionais e especiais brasileiros-americanos.
Sem Palavras, que ganhou um concurso literário patrocinado pelo Consulado Brasileiro de Boston e a revista Alternativa, pode ser adquirido tanto nas versões em inglês como em português na loja virtual da Sem Fronteiras Press (www.semfronteiraspress.com).
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