Geral Wal Reis

“Se não der para eu ir, vai você”

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O que eu aprendi sobre a morte de quem caminhava junto.

*Wal Reis

Obviamente a morte sempre é lamentada e lamentável, em maior ou menor escala, dependendo do nível de convivência.

Mas quando a morte nos arranca o amor romântico, a pessoa escolhida que coube perfeitamente nos nossos sonhos é como se o pesar se agigantasse e a morte levasse, de uma só  vez, o amigo, o amante, o pai, a mãe, o irmão e o filho. Porque ao tirarmos a sorte grande de encontrar este tipo de amor, ganhamos um combo, um “tudo em um” que torna a vida um lugar melhor, mas faz da despedida definitiva uma dor elevada à potência máxima. E fica tudo escuro.

Andei pensando sobre o reverso desta medalha. Sobre o que faríamos se pudéssemos acender as luzes da alma de quem a gente ama depois de nos ausentarmos definitivamente. Independente de credo religioso, sem entrar em polêmica se isso é possível ou não espiritualmente. Apenas supondo a angústia de não abraçar, mesmo sabendo que aquele seria o único abraço que consolaria. Adivinhando a impotência de não conseguir enxugar lágrimas, cientes de que somos responsáveis por cada uma delas. Qual seria o tamanho da agonia de se saber fonte de sofrimento em quem só gostaríamos de plantar alegria?

Acho que quem ama, mesmo do outro lado, daria um jeito de reabrir o mapa dos planos feitos a quatro mãos para lembrar quem ficou sobre os caminhos ainda não trilhados, à espera de pelo menos um para concluir o legado: “Sim, vá fazer aquela viagem. E mude para a praia, como havíamos combinado. Termine o livro e escreva a dedicatória para mim. Tire a bicicleta da garagem e comprove que pode pedalar como antes. Aprenda a tocar violão e faça a matrícula no curso de dança de salão, mesmo que eu não seja mais seu par. Porque se não der para eu ir, gostaria muito que fosse. Sei que não vai ser fácil viver ao meio, mas, por favor, não multiplique a minha ausência, negligenciando a metade de mim que vai morar em você para sempre.”

*Wal Reis é jornalista, profissional de comunicação corporativa e escreve sobre comportamento e coisas da vida. Blog: www.walreisemoutraspalavras.com.br

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