Ciência e Tecnologia EUA

O maior congresso de cardiologia dos EUA é realizado em Atlanta

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por José Roberto Luchetti

As doenças cardiovasculares são responsáveis por 19,8 milhões de mortes em todo o planeta. Só no Brasil são 400 mil óbitos, segundo a Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo – Socesp. Em Atlanta, na Geórgia, está sendo realizado o maior evento de cardiologia dos EUA, que é o ACC.24 do American College of Cardiology. No evento, que termina nesta segunda (08/04), vários estudos estão sendo apresentados que podem mudar as formas de prevenção e tratamento das doenças do coração.
Os trabalhos anunciados em Atlanta também serão debatidos no Congresso da Socesp no final de maio, em São Paulo. A presidente da Socesp, Maria Cristina Izar, e o presidente da Assembleia Internacional de Governadores do ACC, o brasileiro, Antônio Carlos Palandri Chagas, vieram aos EUA para participar do evento e acertar os detalhes do simpósio conjunto Socesp/ACC, que será realizado no Brasil.
Entre os estudos apresentados destaca-se um que utiliza a inteligência artificial para analisar imagens do Google Street View. O pesquisadores concluíram que pessoas vivendo em ambientes com amplas calçadas, árvores e céu claro apresentaram um risco significativamente menor de eventos cardíacos graves. “Muitas pesquisas mostraram que os fatores ambientais afetam a nossa saúde. Se pudermos encontrar uma maneira de estratificar esse risco e fornecer intervenções antes que eventos cardiovasculares aconteçam, então poderíamos salvar vidas”, disse Zhuo Chen, pesquisador de pós-doutorado na Case Western Reserve University e University Hospitals Health System em Cleveland e autor principal do estudo. “Nosso trabalho mostra que com algoritmos avançados e IA, agora temos a capacidade de quantificar o ambiente externo de forma mais eficaz. Se pudermos avaliar o risco do indivíduo em um nível particular, poderemos fornecer intervenções mais personalizadas”, resumiu o pesquisador.

Outro importante trabalho concluiu que pessoas que usam cigarros eletrônicos são mais propensas a desenvolver insuficiência cardíaca em comparação com aqueles que nunca os usaram os vapes. A insuficiência cardíaca afeta mais de 6 milhões de adultos nos EUA e faz com que o coração fique muito rígido ou fraco para bombear o sangue com a eficácia que deveria. Muitas vezes pode levar a sintomas debilitantes e hospitalizações frequentes à medida que as pessoas envelhecem. Desde que foram introduzidos pela primeira vez nos EUA no final dos anos 2000, os eletrônicos com nicotina têm sido retratados erroneamente como uma alternativa mais segura ao fumo, mas a pesquisa feita levou a uma preocupação crescente sobre potenciais efeitos negativos à saúde. “Cada vez mais pesquisas associam os cigarros eletrônicos a efeitos nocivos e descobrem que podem não ser tão seguros como se pensava”, disse Yakubu Bene-Alhasan, médico residente da MedStar Health em Baltimore e principal autor do estudo.

Um terceiro estudo mostrou que pessoas com doenças cardíacas são os que mais ganham com uma dieta pobre em sal, mas, em média, consomem mais do dobro da ingestão diária recomendada. O sódio é um nutriente essencial, mas consumir muito pode aumentar a pressão arterial. O excesso de sal também pode fazer com que o corpo retenha líquidos, levando à insuficiência cardíaca. As atuais Diretrizes Dietéticas dos EUA recomendam que a maioria dos adultos limite a ingestão a menos de 2.300 mg/dia, o que equivale a cerca de 1 colher de chá de sal de cozinha. A indicação da OMS é ainda menor: 2.000 mg/dia. Para indivíduos com doenças cardiovasculares, o limite é mais baixo, 1.500 mg/dia, de acordo com as recomendações das diretrizes do ACC e da American Heart of Cardiology.
O estudo apresentado descobriu que, entre uma amostra de mais de 3.100 pessoas com doenças cardíacas, 89% consumiram mais do que o máximo diário recomendado de 1.500 mg de sódio e, em média, os participantes da pesquisa consumiram mais que o dobro dessa quantidade. “Limitar a ingestão de sódio é fundamental e demonstrou reduzir a probabilidade de eventos cardiovasculares”, disseram os pesquisadores.

O risco cardiovascular de uma mulher pode aumentar depois que ela entra na menopausa, alcançando rapidamente homens de idade e perfil de saúde semelhantes, de acordo com novos descobertas. Pesquisadores ressaltaram a importância de reconhecer e abordar os primeiros sinais de alerta de doenças cardíacas nas mulheres, pois perdem os efeitos protetores do estrogênio após a menopausa. “Este é um estudo com mulheres na pós-menopausa que sinaliza que nesse período da vida elas podem ter um risco de doença cardíaca equivalente ao dos homens”, disse Ella Ishaaya, médica do Harbor-UCLA Medical Center em Torrance, Califórnia, e principal autora do estudo.

E por fim um trabalho revelou que dormir menos de sete horas está associado a um risco maior de desenvolver pressão alta. Embora a associação entre padrões de sono e pressão arterial elevada tenha sido relatada, evidências têm sido inconsistentes, segundo os pesquisadores. A análise de dados de 16 estudos realizados entre janeiro de 2000 e maio de 2023, avaliaram a incidência de hipertensão em 1.044.035 pessoas de seis países que não tinham histórico prévio de hipertensão arterial durante um período de acompanhamento médio de cinco ano. A curta duração do sono foi significativamente associado a um maior risco de desenvolver hipertensão. Descobriu-se também que a associação é ainda mais forte para aqueles que dormem menos de cinco horas. “Com base nos dados mais atualizados, quanto menos você dorme – ou seja, menos de sete horas por dia – maior é a probabilidade de você desenvolver a pressão alta no futuro”, disse Kaveh Hosseini, professor assistente de cardiologia do Tehran Heart Center, no Irã, e investigador principal do estudo.

A presidente da SOCESP, Maria Cristina Izar, terceira mulher a comandar a entidade paulista, visita a área “Mulheres na Cardiologia” do ACC

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