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( votes)A entrevistada da editoria Decor desta edição é a arquiteta e interior designer brasileira Tatiana Moreira, natural de Fortaleza, no Ceará, e residente na Flórida há 18 anos. Tatiana veio para os Estados Unidos com a família, em férias, e depois decidiu voltar para estudar inglês. Fez faculdade de arquitetura na Florida International University e teve a oportunidade de trabalhar com grandes empresas de arquitetura e design em Miami, o que possibilitou a sua permanência no país, adquirindo experiência e network, que hoje ela considera fundamentais à sua trajetória profissional. Tatiana especializou-se em interior design, é bem sucedida e hoje mantém uma vasta agenda de clientes que investem em imóveis em Miami e confiam no seu bom gosto e profissionalismo.
Tatiana, conte um pouco de sua história antes de se mudar para os EUA.
Venho de uma família de empresários do ramo da moda, e desde que nasci sempre estive ligada ao mundo do design. Meus pais sempre trabalharam muito, foram donos de fábrica e lojas de roupas por mais de 30 anos, e desde os 15 anos de idade eu já trabalhava com eles nas lojas. Aprendi muito sobre business com meu pai e processo criativo com a minha mãe – de quem puxei meu lado artístico. Todos da minha familia sempre tiveram seu próprio negócio, e eu fui a única que me tornei uma profissional liberal, quando me formei em arquitetura.
Você veio estudar na Flórida e construiu a sua carreira nos EUA. Quais foram os seus maiores desafios?
Tudo foi acontecendo ao longo do tempo: vim, sem maiores pretensōes, estudar inglês aqui com a minha irmã e obtive um visto de estudante internacional, o que me deu condições de fazer a faculdade e trabalhar durante um ano com o visto de trabalho temporário. Durante a faculdade, trabalhava part-time em um banco brasileiro, mas recém-formada, no ano de 2004, entrei na Arquitectonica, uma grande empresa, onde pude aprender muito. Depois fui para a RTKL, onde me aperfeiçoei em interior design e pude criar uma base profissional muito forte, trabalhando em grandes projetos, fazendo bons contatos e, entre outra empresas, consegui o visto de trabalho, que para mim foi o maior desafio. Em 2008, decidi passar quatro meses na Itália estudando o idioma e história da arte. Depois fui morar com meu irmão em Nova York, e em 2010 voltei para Miami, para trabalhar em projetos independentes e comecei a usar minha licença de real state vendendo imóveis de veraneio para brasileiros que começavam a investir na cidade. Os meus próprios clientes me mostraram que era a hora de abrir a minha empresa, porque eu vendia os apartamentos e eles já me contratavam para fazer o projeto de interiores. Foi aí que surgiu a StyleHaus Design em 2011-2012.
Fale do conceito da StyleHaus Design.
O conceito da minha empresa é sempre atender à necessidade dos meus clientes. Entregar um projeto bonito e eficiente ao mesmo tempo. O meu slogan/propósito é “deliver beauty with a Purpose”. Todos dizem que tudo que toco fica mais belo. Sou muito organizada, gosto de espaço bem planejado e adoro fazer interiores. Por isso digo que sou uma arquiteta de interiores. Transformo o espaço para servir à necessidade do cliente, com beleza. Não adianta só fazer o belo, se não for prático e para melhorar a vida de quem vai dele usufruir.
De onde vem a sua inspiração na hora de criar os seus espaços?
Inspiração vem de todo lugar. Do meu astral, algo que vejo na rua, na revista, na televisão… Mas o mais importante é compreender as necessidades do cliente. Conhecer bem o espaço em que vou trabalhar, sentir o que o cliente quer e aliar isso ao conhecimento e talento das pessoas que trabalham comigo. Então a inspiração está em um objeto, um evento, uma palavra do cliente. Tento observar bastante, aprender e estar ligada em tudo que acontece ao meu redor, por isso estou sempre viajando e procurando o que há de novo e de uma forma atemporal. Gosto dos clássicos, de criar algo que seja para sempre e não puro modismo.
Quais os passos mais importantes na hora de decorar uma residência?
Primeiro, saber exatamente o que você quer. Depois ver o seu orçamento, quanto você pode e quer investir no projeto. Usar as ideias de acordo com as suas limitações. E ter certeza de que você está sendo orientada por bons e qualificados profissionais, para ter um bom resultado. É valido fazer uma boa pesquisa – pois é fundamental confiar no profissional que você escolheu.
Você usa objetos de arte ou o trabalho de profissionais brasileiros nas suas obras?
Sim, eu sou brasileira com muito orgulho. Apesar de morar fora, sei que o profissional brasileiro tem talento, é dedicado e tem um excelente design. Aqui em Miami, temos muitas empresas brasileiras do ramo, como a Florense, a Ornare (de cozinhas e móveis planejados), a Saccaro (de móveis) e muitas outras. Gosto de usar quadros de pintores brasileiros, móveis do Oscar Niemeyer e Paulo Mendes da Rocha, entre outros. Eu aprecio o trabalho do brasileiro, não só por ser brasileira mas pela qualidade da mão de obra e do produto.
O que você mais aprecia na cidade de Miami? Você gosta do estilo de decoração americano?
Miami é o lifestyle praiano. Vim de Fortaleza, cidade praiana e me identifico muito com Miami. Gosto do clima, das pessoas, e é uma cidade que está crescendo cada vez mais em vários aspectos. Restaurantes ótimos, muita diversidade e grandes eventos como o Art Basel. Também gosto da segurança que, infelizmente, não temos no Brasil. A facilidade de ter um aeroporto internacional pertinho, que me permite ir a qualquer lugar do mundo. Já a decoração americana não é muito o meu estilo, mas utilizo alguns elementos das particularidades de Miami. Como o estilo praia, mais claro, leve. Gosto muito do design italiano, mais contemporâneo.
O brasileiro é um cliente muito exigente na hora de decorar o imóvel?
Sem dúvidas. O cliente brasileiro é, sim, muito exigente, principalmente aqueles que querem usar o “jeitinho brasileiro” em um país cheio de regras, como este. Ou os que querem o “mais por menos”. Lógico que tem exceções, tenho muitos clientes que valorizam a qualidade do trabalho do design. Acredito que o cliente brasileiro é mais exigente porque ele sabe o que quer e do jeito que quer. O único problema é fazer ele entender a diferença de uma obra aqui, e no Brasil – como por exemplo a mão de obra, que é muito mais cara aqui, mas em compensação o material é mais barato. Então no final, com muita conversa e explicando as diferenças, de uma forma ou outra sempre dá certo e o cliente fica satisfeito (risos).
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