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( votes)Exclusiva com Ana Martins
A bem-sucedida empresária brasileira Luiza Trajano comanda uma das maiores redes de lojas de varejo do Brasil, a Magazine Luiza, na qual começou a trabalhar durante suas férias, aos 12 anos. Aos 18, ingressou efetivamente na empresa, passando por todos os departamentos até assumir a superintendência. Hoje, sob sua liderança, a Magazine Luiza possui mais de 800 pontos de venda, sendo mais de 100 virtuais.
Nesta entrevista exclusiva, Luiza, 67 anos, fala também sobre “Mulheres do Brasil”, um grupo de mais de 4 mil mulheres de diversos setores da economia e sua atuação não só no Brasil, mas no mundo.
“Apesar de termos vencido muitas barreiras, ainda temos muito a conquistar”, diz essa grande empresária de Franca (SP), formada em Direito, que por meio desse grupo vem transformando a vida de muitas mulheres e construindo um legado de justiça e igualdade. “Queremos construir um Brasil melhor a partir do protagonismo feminino. Isso significa um país mais justo, com igualdade de oportunidades para todos.”
Trajano esteve em janeiro em Nova York com uma equipe de 30 representantes do “Mulheres do Brasil”, acompanhando de perto as novidades do Retails Big Show, a NRF 2019, o maior evento mundial do varejo, que reúne executivos e expositores dos quatro cantos do planeta.
Ana Martins: Como você começou sua carreira profissional?
Luiza Trajano: Quando eu tinha 12 anos comecei a trabalhar durante as férias na loja da minha tia Luiza, fundadora do Magazine Luiza, como sugestão de minha mãe, para comprar os presentes que eu gostava de dar. Foi nessa situação que percebi o quanto gostava de trabalhar com pessoas e com vendas. Quando comecei a fazer faculdade à noite, passei a trabalhar em tempo integral e passei por todos os departamentos da empresa, de vendedora a gerente da loja e diretora comercial, até chegar, em 1991, à superintendência do Magazine Luiza. Até 2015 fui a principal executiva da empresa. Atualmente sou a presidente do Conselho de Administração.
Qual o papel da mulher na sociedade?
O papel da mulher é indispensável, devendo ser atuante, protagonista e participante ativa da sociedade, somando a sua força a dos homens. Acredito no equilíbrio das forças de ambos os sexos.
Quais são as maiores dificuldades que as mulheres enfrentam?
Apesar de termos vencido muitas barreiras, ainda temos muito a conquistar. São diversas as dificuldades, como salários desiguais para as mesmas funções, além de ser pequena a quantidade de mulheres ocupando cargos no topo de suas carreiras. É preciso derrubar todos os preconceitos e paradigmas que ainda existem.
Por que você criou o grupo “Mulheres do Brasil”?
O grupo começou a se organizar organicamente a partir de uma reunião que fizemos em Brasília com mulheres em diversas áreas de atuação. Nós percebemos que existia uma necessidade muito grande em discutir e participar ativamente das soluções dos principais problemas do Brasil. Reunimos mulheres de vários segmentos que desejam ser protagonistas na construção de um país melhor.
Como funciona o grupo?
Atuamos em áreas que consideramos prioritárias para o país, não apenas para as mulheres, mas para a sociedade brasileira. Temos os comitês temáticos voltados a essas áreas, com assuntos eleitos pelo grupo, como cultura, educação, empreendedorismo, igualdade racial, meninas do Brasil, políticas públicas, inserção de refugiados, saúde, conexão bairros e comunidade, inclusão da pessoa com deficiência, vozes e combate à violência contra a mulher, além de outros de apoio que são comunicação, expansão e jurídico. Esses comitês trabalham ativamente na raiz das causas a que se propõem.
Qual o tema mais ativo? Como foram criados?
A causa do combate à violência contra a mulher é um dos temas presentes em todos os nossos núcleos do Brasil e do exterior. Além disso, como o grupo é muito ativo, a partir de conexões com instituições e ONGs, vamos detectando as necessidades de atuação, diálogo e posicionamento em novas frentes e segmentos.
Qual a missão do “Mulheres do Brasil”?
Queremos construir um Brasil melhor a partir do protagonismo feminino. Isso significa um país mais justo, com igualdade de oportunidades para todos. Na prática, buscamos conectar todas as pessoas, colocando a natureza feminina a serviço do Brasil, aquela que acolhe, cuida e faz acontecer. Com esse propósito, atuamos em causas sociais, políticas e econômicas, apoiando projetos já existentes e criando iniciativas que promovam a transformação do nosso país. E para que tudo isso aconteça, reafirmamos constantemente nossos valores: somos suprapartidárias, visamos ao bem comum, fazemos acontecer, pensamos o Brasil como um todo e somos éticas, acima de tudo. Hoje contamos com mais de 22 mil mulheres participantes do Brasil e do exterior.
Por que levar o “Mulheres do Brasil” para outros países?
O brasileiro, mesmo quando muda para o exterior, permanece muito ativo e preocupado com os rumos do seu país, além de desenvolver muita saudade e um grande sentimento de querer ajudar sua pátria. Nosso intuito é apoiar e acolher as mulheres brasileiras que vivem em outros países, para que elas possam também lançar um olhar diferente sobre nossos problemas, estabelecer uma conexão entre os países e ajudar a propor caminhos para as soluções. Atualmente estamos presentes na França, Estados Unidos, Alemanha, Colômbia, Suécia, Itália, Portugal, Suíça e Inglaterra.
Fotos: DivulgaçãoFotos: Divulgação
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