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Entrevista com João Emanuel Carneiro, o autor da novela ‘A Regra do Jogo’

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Normalmente a ideia de uma nova novela nasce quando João Emanuel está em plena produção de outra obra, que ainda está no ar. Para ele, a medida da qualidade de seu trabalho começa por si mesmo. Ele precisa gostar do que está fazendo. Caso contrário, será difícil agradar o público. João é fã do gênero policial e essa novela traz isso em sua essência.
‘A Regra do Jogo’ é a sua terceira novela no horário das nove. A primeira foi A Favorita (2008), que antecedeu o fenômeno ‘Avenida Brasil’ (2012), vendida para mais de 130 países e vencedora de diversos prêmios como os de televisão dos veículos Extra, Quem e Contigo!, além de do prêmio da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) e tantos outros. ‘Avenida Brasil’ foi também o primeiro encontro com a diretora Amora Mautner.
João escreveu duas tramas das sete: ‘Cobras e Lagartos’ (2006) e ‘Da Cor do Pecado’ (2004). Foi o autor da série ‘A Cura’ (2010) e supervisionou outras obras de dramaturgia. O trabalho começou em 2000, como colaborador de ‘A Muralha’ e, posteriormente, ‘Os Maias’ (2001) e ‘Desejos de Mulher’ (2002). No ano seguinte, escreveu um episódio especial de ‘Brava Gente, O Crime Perfeito’.
Ele é dono de uma carreira premiada e consistente no cinema, como roteirista de obras autorais ou adaptações. São dele os roteiros de ‘Central do Brasil’ (1998), ‘Orfeu’ (1999), ‘A Partilha’ (2001), ‘Deus é Brasileiro’ (2003), ‘Cristina quer Casar’ (2003), ‘A Dona da História’ (2004) e ‘Redentor’ (2004). João Emanuel também já atuou como diretor de dois filmes: ‘Zero a Zero’ (1991) e ‘Pão de Açúcar’ (1994).
De onde veio a sua inspiração para escrever essa história? Você acredita que exista o bem e o mal?
Sim, acredito. Mas ‘A Regra do Jogo’ nasceu de um personagem, do Romero Rômulo. A ideia de fazer esse homem veio da minha mãe, que sempre disse que eu precisava escrever a história de um santo. Ela era muito católica. A minha mãe morreu faz pouco tempo e eu pensei em realizar esse seu desejo. Fiz um santo, mas um santo torto. Afinal, ele é alguém que gosta da ideia de ser bom.
Esta novela se divide entre o asfalto e o Morro da Macaca. A explicação para essa comunidade é de um lugar que não existe, um lugar idealizado. O que isso quer dizer?
A ideia que eu tive há muito tempo foi fazer deste morro uma brincadeira, uma licença poética de ser uma ficção científica… Um morro que deu certo na zona sul do Rio de Janeiro. Os personagens mais emblemáticos desta história são Rui e Tina, interpretados por Bruno Mazzeo e Monique Alfradique. São dois personagens de classe média, que moram na zona sul e se apaixonam pela ideia de viver “la vida loca”. Não ter carro e não pagar IPTU, IPVA. É a aventura de classe média na favela. É essa a ideia central que eu quero mostrar. Aqui, as pessoas estão indo para o morro, o morro ideal. É uma comunidade que está se transformando. É um pouco esse espelho desta “nação em transe”. Eu vejo que as classes sociais, aqui no Rio, estão se amalgamando, estão trocando de lugar. A diferença entre a classe média e o habitante da comunidade já não é mais tão avassaladora. Há uma troca muito maior hoje em dia. E nesse morro que eu criei é possível encontrar vários personagens, cada um vivendo a sua vida. Eu não tenho nenhum compromisso sociológico. É dramaturgia.
Você já visitou o Morro da Macaca erguido no Projac? O que você achou?
Sim! Estou maravilhado. É um choque ver o que você imaginou na sua cabeça existindo de verdade. Alguns cenários são exatamente como eu imaginava.
Além dos cenários, os personagens também povoam a sua imaginação. Como está sendo o casamento entre esses personagens e o elenco escalado?
Temos um “dream team”. Não escrevo exatamente pensando nos atores. Eu preciso de um tempo para entender quem vai vestir aqueles personagens. O teste que eu e Amora fazemos é muito bom para isso. Eu acho que muitas vezes o que se faz é teste com o elenco no ar. Mas não foi o que aconteceu aqui. Houve um processo antes da novela começar a gravar, ficamos um ano discutindo o elenco, vendo os atores…
Você costuma costurar suas tramas com humor. Isso se repetirá? Afinal, ‘A Regra do Jogo’ tem uma pegada de romance policial.
Eu sou fã deste gênero, do romance policial. Mas tem de tudo na novela e o humor está sim, muito presente. Adisabeba, vivida por Susana Vieira, é uma personagem muito importante. É emblemática na história porque é a cara do morro, ela é a dona do morro. Ela faz a ligação entre o cômico e o dramático da novela. Ela joga nas 11. É carismática, uma vencedora. Empreendedora e politicamente incorreta. No asfalto, com a família do Feliciano, faço uma crônica de um Rio de Janeiro onde todo mundo quer ser famoso, quer fazer tudo, menos trabalhar.
O que você pode adiantar sobre a trilha sonora?
É uma mistura com Zeca Pagodinho, Paulinho da Viola, Elvis Presley, Fafá de Belém, Do Passinho, Ana Carolina…
Como é sua parceria com a Amora Mautner. Em Avenida Brasil, o resultado foi muito bem-sucedido. Por quê?
A Amora tem uma leitura perfeita do meu texto. Nós falamos a mesma língua artisticamente e enxergamos a mesma coisa. Isso facilita muito. E isso se refere também à coloquialidade das cenas, uma sujeira bem-vinda dos atores. Há uma verdade. A gente já se entendeu em ‘Avenida Brasil’ e está repetindo aqui. Acho também que o ritmo que ela dá para as cenas é o ritmo que eu imagino. Para mim é muito importante que a cena tenha fluidez. Eu não gosto de cena lenta, quando o personagem fala muito devagar. Só em determinados casos, em raríssimos casos.

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