Nilson Lattari

Crônica da semana: NOSSOS RISOS

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Por Nilson Lattari

Rir é o melhor remédio. E se é remédio, qual a doença que ele combate? Sempre ouvi essa frase e nunca questionei o porquê. Imagino que seja contra os problemas que temos na vida ou alguma coisa ligada a essa angústia de viver.

Quando choramos, a impressão é que baixamos em um inferno particular, cheio dos problemas que não conseguimos resolver ou dos acidentes que sofremos. Quando rimos, elevamos a cabeça e abrimos a boca em uma boa gargalhada. Isso seria como nos aproximarmos do céu, dos deuses da alegria.

Quando rimos não sentimos, por um momento, o mundo a nossa volta. É como voltar a ser criança sem o brinquedo favorito. É lembrar de coisas perdidas, é trazer de volta um tipo de esperança. Como se aquele riso fosse um portal que nos levasse a outro universo, onde somente a alegria poderia existir.

O riso é como uma droga que nos absorve e nos transforma em outro ser. É o bálsamo necessário para continuar a enfrentar a vida.

Mas não rimos somente quando alguém nos conta uma piada, alguma coisa engraçada que ouvimos. Sorrir também é um tipo de descoberta quando tentamos resolver um intrincado problema e podemos passar a outra dimensão. A dimensão próxima de uma genialidade que é só nossa. É quando surpreendemos alguém com algum lance de esperteza, é quando pensamos baixinho recordando algum fato do passado que nos fez bem.

Às vezes nos surpreendemos sorrindo do nada. E o nosso pensamento é tão abundante que temos a impressão de que a imaginação é ao vivo, acontecendo naquele instante. Sorrimos quando somos reconhecidos na rua ou então quando descobrimos algum par perfeito passando ao nosso lado.

Também contemos o nosso sorriso para não causar embaraços. Guardamos esse sorriso por dentro, para poder desabrochá-lo longe de todos.

Sorrimos quando a pessoa amada se vai para longe, e torcemos por sua volta e sucesso. E sorrimos com a sua volta, ansiosos, tremendo de nervosos, mas sempre com o sorriso de boas-vindas pronto. E também sorrimos amarelo quando somos surpreendidos em alguma falta, e somente o que nos resta é tentar dissuadir o outro de que não é bem assim que queríamos, mas…

Há o sorriso irônico quando, dessa vez, pegamos alguém em alguma falta. É como uma admoestação carinhosa, demonstrando que entendemos o ato, mas se repetir a coisa pode complicar e o sorriso desaparecer.

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