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Chore pelo futebol, mas não chore pela morte: Saiba como é o ritual de despedida no Qatar

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Fonte: Wikipedia Creative Commons 

“Parte natural da vida”, afirmou o chefe da Copa do Mundo do Catar, Nasser Al Khater, em resposta ao questionamento de um repórter sobre a morte de um trabalhador no Catar. Foi mais um traço cultural do Catar a gerar controvérsias – algo bastante comum ultimamente. Mas, além disso, a fala de Nasser demonstra a neutralidade do povo catari em relação ao último adeus – postura esta que pode ser notada nos rituais de despedida da vida. 

Similar a outros países islâmicos, a sobriedade dos procedimentos fúnebres no Catar podem até causar estranheza aos sul-africanos, que chegam a gastar até 80 mil rands (R$ 24 mil) no velório de um ente querido. Assim como a frieza durante o luto em nada se compara às celebração do pós-enterro na Irlanda: bar lotado com os amigos e familiares do finado cantando em sua homenagem.

Abaixo, veja alguns fatos e tradições que fazem dos rituais de despedida no Catar a manifestação única e peculiar de sua cultura fúnebre.    

Luto? É proibido chorar!

Eliminado na primeira fase da Copa do Mundo, o time dos cataris desapontou sua torcida e há quem chore – futebol tem dessas. Afinal, perder de 2×0, na estreia do país em Copas do Mundo, irritou os torcedores que perderam plena capital Doha. Mas sabia que, no caso do luto, isso não é permitido? 

De acordo com a “Sharia”, o sistema jurídico do islamismo que definem os atos humanos como “permitido”(halal) e “proibido”(haram), os amigos e os presentes no enterro de alguém só podem chorar por até três dias após a cerimônia. Depois disso, a vida segue pra quem fica. Na visão do catari, a morte é uma vontade divina, portanto basta aceitar com graça. 

Curiosamente, um país cujo PIB per capita supera os U$ 85 mil, sendo assim o 6º do mundo, também apresenta tradições comedidas nos rituais do adeus. É estritamente proibido colocar lápides ou qualquer estrutura de identificação no local. 

Se a família quiser sepultar outro ente querido por perto, precisa lembrar de como deixou as pedras posicionadas no chão – o único meio permitido para facilitar a localização da sepultura. Sem santuários, fotos ou capelas: da vida material ninguém leva nada e os cataris seguem isso à risca. 

Por fim, quem prepara o corpo para ser velado precisa ter o mesmo gênero do falecido. Ou seja, homem prepara homem e mulher prepara mulher.

Cerimônias longas? Nada disso, no Catar tudo é rápido!

Em pesquisa sobre como os países do mundo se despedem, de acordo com sua cultura, a empresa Laços para Sempre, que fornece coroas para velórios, trouxe um material especial que aponta como funcionam os rituais de despedidas

Diferentemente de países como o Reino Unido e os Estados Unidos, onde o período entre a morte e o enterro pode durar semanas de homenagem, no Catar o processo é muito rápido. Logo após a morte deve ocorrer o velório, distribuído em três estágios: a preparação, o ritual e o luto.   

Vai à despedida de carro? Cuidado onde vai estacionar

Assim como as leis nacionais, as regras de conduta em alguns cemitérios são muito bem definidas… e restritas (para não dizer estranhas). No Catar, o estado paga todas as despesas com o funeral, o que inclui: transporte do finado, preparação do corpo etc. 

No entanto, é do jeito que o estado estipula: o visitante não pode estacionar o carro ou ficar parado em frente ao cemitério durante os rituais. Isso porque, segundo o entendimento das autoridades, é necessário dar espaço ao tráfego de veículos e pessoas de outros funerais. 

Além disso, as ambulâncias ficam disponíveis para a família do finado, sem tolerância, por até 2 horas. No Catar, a roda precisa continuar girando, pois quem morreu começará sua jornada espiritual em outro plano, enquanto a rua do cemitério não pode ficar parada.  

Moderação no look: a maquiagem é proibida!

No Brasil, o costume de preservar a imagem do ente querido com maquiagem e vestimenta faz parte do ritual. Em outros países como o México, onde o Dia da Morte é uma data festiva, as crianças saem às ruas fantasiadas e com o rosto pintado. Já no Qatar, menos é mais.

Além disso, eles acreditam que o corpo precisa estar limpo e forrado. Porém, um detalhe chama atenção: o corpo deve ser lavado da direita para esquerda por 3, 5, ou 9 vezes. Não existe uma quantidade fixa, apenas a obrigação de ser um número ímpar.

Outro fator comum aos países de origem islâmica: a pessoa precisa estar enrolada em um pano branco, posicionada à direita da sepultura e virada em direção à Meca.

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