Ninhal de Fragatas
Brasil José Roberto Luchetti

Arquipélago de Alcatrazes conquista o selo de Blue Park no Canadá

José Roberto Luchetti é jornalista, escritor e sócio da DOC Press. Trabalhou nas emissoras Globo, Band e Rede Mulher, além da rádio Eldorado (atual rádio Estadão).
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O arquipélago de Alcatrazes, joia natural localizada na costa do estado de São Paulo, no município de São Sebastião, recebeu neste ano o prêmio Blue Park padrão ouro, destinado a unidades com forte grau de proteção de seus sistemas marinhos pelo Instituto de Conservação Marinha dos Estados Unidos e Canadá, em evento realizado no primeiro semestre em Vancouver. Composto por um grupo de ilhas e ilhotas, esse ecossistema tem se destacado por sua importância ecológica. A unidade de conservação (UC) federal, denominada como “Refúgio de Vida Silvestre do Arquipélago de Alcatrazes, foi criada em 2016, e é administrada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).

Alcatrazes abriga uma ampla variedade de espécies marinhas, incluindo recifes de coral, peixes coloridos, tartarugas, golfinhos e até mesmo baleias. Essas águas cristalinas servem como berçário para muitas espécies, contribuindo para a preservação da vida e a manutenção do equilíbrio dos ecossistemas oceânicos.

Baleia Jubarte próxima de Alcatrazes.

São mais de 1.300 espécies, 100 delas que sofrem ameaça de extinção, como a tartaruga-de-couro. Alcatrazes é considerado um refúgio seguro para aves migratórias, como o albatroz-de-tristão. “O arquipélago possui também o maior ninhal de Fragatas do Atlântico Sul e é área de alimentação, reprodução e descanso para mais de 10 mil aves marinhas. Nas águas de Alcatrazes está a maior quantidade de peixes do Sudeste do Brasil, que lá encontram o ambiente ideal para reprodução e crescimento” detalha o descritivo do ICMBio.

O Instituto desempenha um papel fundamental na proteção e preservação das riquezas naturais do Brasil. Como órgão governamental, o ICMBio é responsável por criar e gerenciar unidades de conservação em todo o país, incluindo parques nacionais, reservas biológicas e áreas de proteção ambiental, como Alcatrazes. “O Instituto busca garantir a conservação da biodiversidade, o manejo sustentável dos recursos naturais e o incentivo à pesquisa científica, além de promover a educação ambiental e o turismo sustentável, conscientizando a população sobre a importância da preservação dos ecossistemas”, explica a chefe substituta do ICMBio Alcatrazes, Thais Rodrigues. Ela contou que, na região, o Instituto promove ações conjuntas com a Polícia Militar e Federal para coibir, por exemplo, a pesca ilegal.

Equipe da Marinha desembarca para consertar dois geradores

“A preservação de Alcatrazes é essencial para manter a saúde dos oceanos e garantir a sobrevivência de diversas espécies, já que a região oferece abrigo e alimento em abundância”, conta o agente ambiental do ICMBio Alcatrazes, Hércules Fernandes, durante a visita da reportagem da Acontece. “A proteção dessas ilhas e de seus ecossistemas marinhos é uma responsabilidade que deve ser compartilhada por governos, comunidades locais e organizações de conservação”, esclarece Thais Rodrigues.

Felizmente, medidas de conservação têm sido adotadas, como a criação da reserva biológica que garante que a área seja protegida e visa garantir a preservação do ecossistema promovendo a pesquisa científica e atividades de turismo sustentável para que as pessoas desfrutem da beleza natural de forma responsável. “Apenas barcos credenciados ou autorizados pelo ICMBio podem chegar próximo ao arquipélago. Não se pode desembarcar nas ilhas e é proibido pescar, caçar, capturar, molestar ou perseguir os animais”, detalha Thais Rodrigues. Nas visitações é possível mergulhar com snorkelling ou praticar flutuação, nadar e contemplar a paisagem de pontos bastante conhecidos como o Saco do Funil, o ninhal das Fragatas, a Geladeira – pedra em formato retangular, o jardim de corais, entre outros.

Baleia Jubarte.

Bastidores

Há dois anos a reportagem da Acontece tenta visitar o arquipélago de Alcatrazes. Depois da inscrição no Ministério do Meio Ambiente e a devida autorização para o acompanhamento jornalístico de uma expedição, em 2021, o jornalista José Luchetti foi a São Sebastião em 21 de agosto daquele ano e embarcou em um dos barcos do ICMBio. “Depois de atravessar o canal entre São Sebastião e Ilhabela e ganhar mar aberto, o marinheiro decidiu retornar por segurança. O mar estava muito agitado”, lembra Luchetti. Quase dois anos se passaram e, em 26 junho deste ano, Luchetti embarcou novamente para, depois de duas horas, chegar ao arquipélago. No caminho, cerca de oito baleias Jubarte foram avistadas, algumas distantes, mas outras bem próximas da embarcação. “Aqui é uma rota de reprodução dessa espécie”, explicou um dos biólogos.

Expedição composta pelos três agentes ambientais Pedro Oliveira, Waldir Júnior, Ederson Marques de Santana, pelo estudante de biologia Hércules Fernandes, e pelos pesquisadores da USP Ludmila Falsarella, Sérgio Coelho de Souza e Heitor de Macedo Meira

Luchetti viajou para Alcatrazes com uma equipe de três pesquisadores do Centro de Biologia Marinha da USP, que fazem parte do Projeto Mar de Alcatrazes, um estudante de biologia, três agentes ambientais e uma equipe de quatro oficiais da Marinha que ficou na ilha principal para consertar dois geradores. “Eles desceram da embarcação com proteção de couro nas canelas contra três tipos de cobras existente na ilha, como uma jararaca que só existe em Alcatrazes”, recorda Luchetti. “Foi uma das reportagens mais incríveis que participei. Há mais de 20 anos que queria fazer essa matéria, desde quando era chefe de reportagem na extinta rádio Eldorado e cobríamos as resgatas em Ilhabela. Chegar tão próximo do arquipélago e ver a exuberância da natureza mostra o quanto é essencial preservarmos os recursos naturais para hoje e as próximas gerações”, completa.

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