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( votes)Por Connie Rocha – Fotos: Globo/ Luiz C. Ribeiro
Ele é carioca, ex-modelo, jornalista, apresentador de TV e um exímio viajante, sedento por aprender e conhecer novas pessoas e culturas. Há oito anos faz parte da seleta bancada do programa “Manhattan Connection”, apresentado diretamente de Nova York, pela Globo News, e ainda comanda o programa “Pedro Pelo Mundo”, do canal GNT. Nos Estados Unidos, o jornalista Pedro Andrade trilhou uma brilhante carreira internacional, passando por grandes redes de TV americanas e conquistando o seu espaço com competência e carisma. Ele é tudo isso e quer muito mais. Conheça um pouco de sua vida e carreira nesta entrevista exclusiva para a Acontece Magazine.
Pedro, o “Manhattan Connection” está completando 25 anos no ar. Que avaliação você faz do programa desde que começou a integrar o time de apresentadores?
Celebrar 25 anos não é pouca coisa e acho que um programa não dura tanto tempo no ar sem se reinventar. Tem gente que é nostálgica e conta que assiste ao programa desde a época do Paulo Francis e de como era o “Manhattan” no início. Eu tento não fazer comparações e, sim, entender que o mundo mudou. O jornalismo mudou e a linguagem que era usada no início não é a mesma de hoje. Temos as redes sociais, a globalização e uma série de fatores que não tínhamos quando o “Manhattan Connection” começou e mesmo antes de eu entrar no programa. Quando entrei, acho que houve um choque grande porque, mesmo que a gente já tivesse tido outras vozes falando sobre cultura, o programa até então não tinha tido uma preocupação com o público mais jovem. E hoje em dia atingimos diferentes grupos. Um dos retornos que mais recebo tem a ver com isso. Pessoas que lembram que seus avós assistiam ao “Manhattan”, seus pais passaram a acompanhar e hoje eles também são apaixonados pelo programa. É um dos comentários que mais ouço e dos quais mais me orgulho, o fato de o programa hoje alcançar várias gerações.
Fale um pouco sobre o seu programa “Pedro Pelo Mundo”, do GNT. Quais as novidades e os projetos para este ano?
O “Pedro Pelo Mundo” foi um projeto que nasceu da minha cabeça. Falo que o programa começou há dois anos, mas essa ideia já existia há décadas. E como qualquer projeto novo, no início foi uma aposta. A primeira temporada foi um sucesso. A segunda foi um sucesso maior ainda. E eu diria que, na terceira temporada, que começa agora em março, talvez tenhamos alcançado aquela etapa mais gostosa. Não precisamos mais ficar provando, já temos um público fiel e que sabe o que esperar do programa, já que o formato é diferente dos programas de viagens, não só do Brasil, mas daqui também. Eu nem gosto desse título, “programa de viagem”, pois o “Pedro Pelo Mundo” é, na verdade, sobre pessoas e realidades diferentes. É uma plataforma para falar de temas como mudança climática, racismo, mudanças políticas, econômicas, e direitos humanos. Pra mim, é um projeto dos sonhos. Acho que essa nova temporada talvez seja a mais equilibrada, no sentido de mostrar um pouco o rural e o urbano, o familiar e o exótico. Também estou muito orgulhoso das pautas. Estamos falando de assuntos muito atuais, como a crise imigratória e as ameaças de morte a jornalistas. Fomos à Rússia, China, Líbano, Canadá.
Qual foi o lugar mais interessante que você conheceu através do programa?
É muito difícil citar um. Fui a lugares que não me impressionaram tanto e o episódio ficou superinteressante. Mas há lugares que mudaram a minha vida, como por exemplo, Myanmar, que visitei na primeira temporada do programa, e Omã. Foram momentos que nunca esquecerei e que, de certa forma, moldaram o Pedro que eu sou hoje. Mas o que realmente fica são os encontros, são as pessoas. Em cada lugar que visitei, eu devo ter entrevistado umas dez pessoas, então, ao longo dessa jornada já foram mais de 300 entrevistas. Algumas delas realmente falaram coisas que mudaram a minha vida. Eu sou apaixonado pela África, então, acho que se tivesse que escolher seriam os episódios que fizemos no continente, que também me marcaram muito.
Você viaja muito e está sempre em busca de conhecer diferentes culturas. Herdou esse interesse de alguém?
Sim, da minha avó. Ela não tinha grana, mas mesmo assim viajava o mundo e me mandava cartões postais. Esse é um hábito que eu sigo até hoje. Também me apaixonei pelo Manhattan Connection, em casa, com a minha avó e meu pai.
Quem você gostaria de entrevistar e que lugar ainda gostaria de conhecer?
Tem tanta gente… eu não determino o sucesso de uma entrevista baseado no reconhecimento da pessoa. Há aqueles que me intrigam mais, como o Obama, que é uma resposta mais previsível, ou a Malala, mas também sou muito interessado em pessoas comuns e que frequentemente têm histórias ainda mais interessantes do que aquelas que estão nos holofotes.
Você já morou em Miami e visita a cidade frequentemente. O que mais gosta de fazer quando está aqui?
Eu sou apaixonado por Miami. Tenho o privilégio de viver exatamente onde gostaria de viver. Escolhi morar em Nova York, e essa é uma paixão sabida. Escrevi um livro sobre a cidade e trabalho no “Manhattan Connection”. Durante quatro anos, também apresentei um programa de TV americano, que mostrava o melhor da cidade. Mas quando tive a proposta de trabalhar em Miami, para um programa matinal, ao vivo, para uma TV americana, foi um divisor de águas. Aprendi muito nesses dois anos em que vivi na cidade. Não foi um período de adaptação fácil, mas me apaixonei pela cidade de uma maneira absurda. Visito Miami quase todo mês. Adoro o mar de Miami e acho que é comparável ao de Ko Phi Phi, na Tailândia. A qualidade de vida de Miami é maravilhosa.
Qual é a sua lista Top 5 de Miami?
Vou citar seis: a pizzaria Lucali; o pôr do sol no Standard; o Perez Museum; o Wyndwood Walls, que eu amo; o South Pointe Park; e o sanduíche de lagosta do Joe’s Stone Crab.
Após tantos anos vivendo fora do Brasil, qual o seu sentimento em relação a tudo que o país está enfrentando hoje?
Sou carioca e vejo o que está acontecendo no Rio de Janeiro, que é muito complicado. Eu quero ser mais esperançoso do que eu sou hoje por um grande motivo: já vi lugares como a Cingapura, que saiu do nada para se tornar uma grande potência. Houve investimento em educação. Houve a clara noção de que para a próxima geração ser mais preparada e impulsionar o país pra frente, seria necessário que os jovens que estão na escola hoje fossem mais preparados que os da geração anterior. Se você não educa o povo, a tendência é que ele cometa os mesmos erros.
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