Na dúvida, procure a saída de emergência

Por Wal Reis

Às vezes, o simples fato de saber que sempre existe uma maneira de escapar dá coragem e discernimento para encarar certos desafios.

Um amigo claustrofóbico, ao chegar em uma sala de cinema, procurava com os olhos a saída de emergência. Dizia que o acalmava saber por onde evadir rapidamente, caso a sensação involuntária ficasse insuportável. E parecia dar resultado: nunca o vi sair antes do término do filme e sempre pela porta convencional.

Para mim ficou uma lição: mesmo que a gente nunca use, precisamos entender que absolutamente tudo tem uma saída de emergência, que nos permite escapar quando o ficar causa angústia desmedida. Parece antagonismo, mas, para conseguir encarar alguns desafios, antes, devemos entender que eles não precisam ser, necessariamente, encarados. Dá para se desvencilhar a qualquer tempo. E só o fato de a saída estar ali, ao alcance, torna mais fácil concluir etapas pesarosas do dia a dia.

Mas quando um trabalho, um relacionamento ou até um simples curso não rimam mais com nosso projeto de vida e imaginá-las como definitivas angustia, emudece, saca a vontade de sorrir, ou dá calafrios está na hora de bater em retirada. É um ato heroico para com você mesmo, uma chance de tentar de novo por outro caminho e para isso precisamos acionar a tal da saída de emergência.

Mas correr para a saída de emergência tem lá suas consequências: a gente é obrigado a deixar a zona de conforto e promover uma auto turbulência sem o auxílio de máscaras de oxigênio caindo automaticamente. Será necessário se virar com seu próprio fôlego. Críticas e julgamentos não faltarão no cardápio desse catering. Mas estava tudo bem, seguindo em velocidade de cruzeiro. Que doideira é essa de pular fora?

Não é doideira não. Doideira é permanecer impassível, com cinto de segurança atado a uma situação que não te traz mais nenhuma alegria e gera stress. E a conclusão é que é melhor saltar, mesmo sem saber direito a distância do chão, do que esperar o avião te levar para onde você não quer mais ir.

*Wal Reis é jornalista, profissional de comunicação corporativa e escreve sobre comportamento e coisas da vida. Blog: www.walreisemoutraspalavras.com.br