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Michael Richards: Museu e fatalidades

Por Blima Efraim. Artista plástica de nascença, formada pela escola da vida e que carrega na alma, as imagens do seu universo interior. E-mail: blimaefraim@gmail.com
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Engraçado como o ser humano dá valor a coisas que estão em outros países, mas não ao que está bem aqui, ao ladinho de sua casa. Viajamos tão longe para conhecer outras cidades e países, mas não conhecemos o nosso próprio “quintal”. Fui neste fim de semana, ao Museu de Arte Contemporânea de North Miami Beach – já faz 30 anos que moro aqui e ainda não tinha ido, tá vendo?

Não sei se foi coincidência ou não eu ter ido ao museu, mas a vida coloca certas coisas na nossa frente que nos fazem pensar e repensar em nossos destinos. Explico o que quero dizer: a tragédia que aconteceu em Surfside, com o colapso parcial do edifício Champlain Towers, nesse mês de junho, causou tristeza em muitos, principalmente aos residentes locais e, claro, aos familiares dos que ainda não foram encontrados, e dos que infelizmente já foram, mas não com vida. Uma fatalidade que ninguém espera acontecer assim, de repente. O mesmo aconteceu com o ataque terrorista das Torres Gêmeas em Nova Iorque – nunca ninguém esperou. Por que estou escrevendo tudo isso? Porque fui conhecer o MOCA (Museum of Contemporary Art) sem saber quem e o que estaria em exibição no momento e me deparei com as obras de Michael Richards.

O artista plástico Michael Richards (em memória), faleceu tragicamente em 11 de setembro de 2001 enquanto trabalhava em seu estúdio no “Lower Manhattan Cultural Council World Views, no 92º andar do World Trade Center, Tower One”. Aos 38 anos, Richards era um artista emergente cuja estética incisiva prometia torná-lo uma figura de destaque na arte contemporânea. Richards foi parte integrante de uma geração de artistas negros emergentes na década de 1990, cujas poderosas obras de arte confrontam as realidades e consequências da injustiça racial e amplificam a complexidade da identidade negra.

Uma de suas esculturas pintadas de ouro intitulada “Tar Baby vs. St Sebastian” (foto), se tornou um símbolo misterioso e profético de si mesmo por causa da sua morte inesperada no World Trade Center. Imaginem o artista trabalhando em seu atelier, sem nunca passar por sua cabeça que uma fatalidade como essa poderia acontecer com ele enquanto estivesse criando suas obras. – Senti um arrepio na espinha só de pensar que fatalidades como essa podem acontecer com qualquer um, não importa onde estivermos. Entre essas duas fatalidades, a de Surfide e a do World Trade Center, ambas similares pela perda de seres humanos, eu fico por aqui e peço a vocês para refletirem sobre quão valiosa a nossa vida aqui no planeta Terra é.

A retrospectiva de Richards fica em exibição até outubro de 2021, e marca o 20º aniversário do 11 de setembro com a maior exposição de todos os tempos do trabalho do artista. Entitulada “Michael Richards: Are You Down?”. A mostra apresenta quase todas as obras de arte feitas por ele durante uma prolífica década de produção artística entre 1990 e 2001. A exposição inclui inúmeras esculturas e desenhos, bem como a documentação das primeiras instalações específicas do local e imagens de trabalhos não mais existentes. Várias das esculturas de Richards foram recentemente conservadas e estão em exibição no museu pela primeira vez desde a sua morte.

O MOCA fica na 770 NE 125th St, North Miami, Fl 33161 e o website é Mocanomi.org

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