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( votes)Médico e diretor do Miami Transplant Institute, Rodrigo Vianna é brasileiro, natural de Curitiba (PR) e residente na Flórida desde 1999. Ele foi um dos médicos responsáveis pelo sucesso nos transplantes de duas crianças brasileiras, Pedrinho e Sofia, que nasceram com problemas congênitos raros e vieram do Brasil para realizar um transplante multivisceral com sua equipe em Miami. Pedrinho sofria da “Síndrome do Intestino Curto”, e Sofia, da “Síndrome de Berdon”, caracterizada pela má formação dos órgãos do sistema digestivo.
Casado e pai de três meninos (Lucas e Gabriel, de 11 anos, e Rafael, de 9), o médico brasileiro contou um pouco da sua vida profissional e da experiência positiva nos transplantes que realiza nesta entrevista com Ana Roque para a Acontece Magazine.
Você se formou médico no Brasil. Por que resolveu seguir carreira em outro país?
Eu já tinha completado a minha formação no Brasil na área da Medicina na Universidade Federal do Paraná e, como não existia uma formação em transplantes no Brasil, eu vim para os EUA e fiz meu treinamento adicional de 3 anos de residência no Jackson Memorial Hospital, na área de transplante de órgãos abdominais. Terminado o meu curso, em 2003, eu fui convidado a trabalhar para ser diretor do serviço de transplantes de intestino e mutivisceral da Universidade de Indiana, em Indianápolis.
Qual é a sua função no Jackson Memorial Hospital hoje?
Eu atualmente ocupo o cargo de diretor dos serviços de transplantes do Miami Transplant Institute, que é um instituto em conjunto com o Jackson Memorial Hospital da Universidade de Miami e também um dos maiores serviços de transplantes dos EUA. Também sou chefe do serviço de transplante hepático e do serviço de transplante intestinal e mutivisceral do mesmo instituto.
Quais foram os momentos mais marcantes da sua carreira?
Eu tive vários momentos marcantes, mas acho que o maior foi em 2003, quando eu saí de Indianápolis e tive a chance de fazer o primeiro transplante de intestino, que na época foi em um menino de 2 anos de idade. Hoje ele está com 15 anos e tem uma vida praticamente normal. Então, esse foi um dos maiores momentos de minha carreira, que jamais vou esquecer.
Com tantas funções e responsabilidades, o que gosta de fazer quando sobra um tempinho para o lazer?
Aqui na Flórida, eu não tenho muito tempo livre, porque eu sempre estou de plantão no hospital. Mas quando eu tenho, gosto de curtir a minha família, às vezes em casa, às vezes indo jantar em um restaurante ou indo ao cinema.
Como foi participar do transplante da menina Sophia, principalmente sendo um médico brasileiro na equipe?
O caso da Sophia teve grande repercussão, talvez pela dificuldade dos pais em percorrer toda essa jornada para tentar salvar a vida da filha. Trabalhar nele foi realmente muito especial, por poder participar desse possível reencontro com a vida. Quando você transplanta alguém, você trás essa chance de vida não só para aquela pessoa, mas sim para todos os que a cercam. E foi assim com a Sophia também. E especialmente sendo brasileiro, me traz uma satisfação muito grande poder ajudar os meus compatriotas. Em poder nesse momento retribuir ao Brasil todo esse conhecimento que eu adquiri durante 15 anos, para poder ajudar alguém nascido na nossa terra.
Que conselho você daria aos jovens estudantes de medicina que estão iniciando a carreira?
A área da saúde hoje não é fácil. O médico, muitas vezes, é sobrecarregado com um volume de trabalho muito grande. Nós trabalhamos durante muitas horas, principalmente nessa área de cirurgia e transplante. Ainda existe o estresse de lidar com as situações de emergência. A maioria dos pacientes na minha área estão sempre entre a vida e a morte. Mas mesmo assim, eu tive a felicidade de amar o que eu faço. Para mim qualquer noite que eu saio para fazer um transplante, eu saio com prazer, porque sei que eu vou estar ajudando uma pessoa, uma família. Para os jovens que estão começando, dedicação é fundamental. É um trabalho muito árduo, são muitos anos de formação. A persistência é fundamental para o sucesso.
Rodrigo Vianna é especialista em transplantes múltiplos de órgãos, diretor do Serviço de Transplantes e chefe do Departamento de Transplantes Gastrointestinais e Fígado do Miami Transplant Institute, na Flórida. O médico brasileiro é também autor e coautor de mais de 40 artigos em edições especializadas e 134 variados e membro de diversas entidades médicas. Em 2011, recebeu o prêmio honorário do Colégio Brasileiro de Cirurgiões, por sua contribuição na área cirúrgica.
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