Beatriz Milhazes - Meu limão - Foto: Sothebys
Arte

Arte e Folia – o carnaval como uma obra de arte

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Ah que saudade de “pular Carnaval”! Nos meus tempos de criança, eu ia à matinê do Clube Atlético Paulistano com fantasias que minha mãe mesma costurava. Ela me levava um dia só, mas nos outros dias íamos ver a competição de fantasias que o Clube organizava. Quem não se lembra do saudoso Clovis Bornay nos anos 70 (sim, sou daquela época) com suas fantasias caríssimas e maravilhosas? Eu ficava de boca aberta, pensando sobre arte e as maneiras como essas fantasias eram feitas. Depois que me mudei para a terra do Tio Sam nunca mais participei e “pulei”.

Sempre vi o carnaval como uma obra de arte. A quantidade de criatividade investida nos temas das escolas de samba e nas confecções das fantasias e carros alegóricos não poderiam sair de alguém sem talento e dons artísticos. Sem dúvida, o Carnaval está literalmente ligado às artes visuais.

Jean-Baptiste Debret. Carnaval. 1827. Técnica: Aquarela sobre papel (15,2 x 21,5 cm) – Localização: Museu da Chácara do Céu, Rio de Janeiro.

Nós brasileiros temos vários artistas plásticos que nunca confeccionaram uma fantasia, mas sim retrataram em suas obras, o tema do carnaval.

Se você me perguntar qual a primeira vez que o carnaval foi retratado por um artista, eu vou dizer que foi há muitos e muitos anos. O primeiro artista que pintou uma cena carnavalesca (não do Rio de Janeiro) foi Pieter Bruegel em 1559, intitulado “Luta entre o Carnaval e a Quaresma”. O quadro retrata a desordem e a euforia dessa festa popular.

AUTOR: Pieter Bruegel – TÍTULO: Luta entre o Carnaval e a Quaresma – ANO: 1559 TÉCNICA: Óleo sobre Tela (118 x 164 cm) – LOCALIZAÇÃO: Kunsthistorisches Museum de Viena

Outra curiosidade que vocês não devem saber foi que lá pelos meados do século XVI o pintor Jean Baptiste Debret, artista oficial do Império e o responsável por ter criado nossa Bandeira Brasileira (foi ele que criou a forma verde com o losango amarelo) também pintou cenas carnavalescas intituladas “Carnaval” e “Marimbas” que agora estão em exposição no Museu da Chácara do Céu, no Rio de Janeiro.

Debret, Marimba – o desfile de domingo de carnaval, após o meio dia

Di Cavalcante, patriarca da arte moderna brasileira, foi um pintor que sempre retratou a comunidade e as festas populares do Rio de Janeiro. “Carnaval”, pintada em 1965, foi uma das obras desse mestre tão querido.

Di Cavalcante – Carnaval
Foto: Reprodução Social Media

Outra artista modernista foi Tarsila do Amaral que pintou “O carnaval em Madureira”, depois de ter vivenciado o carnaval do Rio, em 1924.

Candido Portinari ficou famoso por suas festas juninas, e procissões, mas também com sua obra “Carnaval”, pintada em 1960, retratando a festa carioca com suas baianas tradicionais, fantasias e blocos diversos.

Candido Portinari – Carnaval
Foto: Acervo Pessoal

Nos anos 60 e 70, Hélio Oiticica teve uma forte conexão com o carnaval carioca, onde foi passista da Mangueira. Nessa época, por volta de 1964 ele começou a produzir seus “Parangolés” –anti-obras de arte como ele os definiu, que surgiram dessa conexão. Parangolés eram capas, faixas e bandeiras feitas de tecido e plástico que continham dizeres políticos ou pura poesia. Pessoas vestindo os Parangolés deixavam de ser passistas para se tornarem obras de arte.

-Beatriz Milhazes também já retratou o carnaval por meio de suas obras brilhantes, cheias de movimento, cor e curvas, com imagens estilizadas de carros alegóricos de escolas de samba, fantasias, saias rodadas das baianas e elementos decorativos dos famosos bailes dos clubes. Dizia Beatriz: “Toda a selvageria e liberdade da cor, que tem critérios abertos de como vão se encontrar, seja na fantasia, nos adereços, na relação entre eles. Tudo é selvagem. Eu não sou carnavalesca. Sempre falo que sou uma carnavalesca conceitual. Assistir aos desfiles me dava vontade de ser artista. A cor vem desse universo da arte popular, mas também da natureza no Rio, dos contrastes. Você tem o azul do céu, o verde das montanhas.”

E você? Vai “pular” o carnaval ou vai fazer arte por aí?

Hélio Oiticica – Parangolé

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