A multifacetada Anna Maria Maiolino na exposição “Schhhiii…” até fevereiro do ano que vem
Arte

A influência artística brasileira no Malba de Buenos Aires

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“Me sinto mais do que nunca brasileira. Eu quero ser a pintora do meu país”, dizia Tarsila do Amaral, protagonista do movimento modernista de 1922, que neste ano celebrou o primeiro centenário. Ela e o poeta Oswald de Andrade, com quem teve uma relação amorosa, iniciaram uma renovação das formas de representação cultural do Brasil. Ambos foram apelidados de “Tarsiwald” pela unidade de pensamento e complementação dos trabalhos.

“Las Locas” é homenagem às mulheres que desafiaram a ditadura militar argentina ao se reunir na Plaza de Mayo, portando lenços com os nomes bordado de seus filhos e filhas desaparecidos

O célebre “Abaporu”, de Tarsila, que inspirou o Manifesto Antropofágico foi reproduzido, como um desenho, no primeiro número do Revista de Antropofagia em maio de 1928, antes mesmo de se tornar tela em uma exposição na cidade de Paris. No Museo de Arte Latino-americano de Buenos Aires – Malba, na Argentina, o “Abaporu” tem lugar de destaque com assédio de brasileiros que querem fotografar o quadro e fazer selfies com a pintura ao fundo.

“Abaporu” de Tarsila do Amaral em destaque no Malba

Apesar de ser a “Monalisa” do Malba, o museu ainda seleciona as obras de artistas latino-americanos com características comuns e momentos em que o continente viveu, de forma simultânea, as suas diversas partes. Como a urbanização no correr do século XX retratada em uma das sessões, com a obra “Calle 14” do artista plástico uruguaio Joaquín Torres García. O Malba também lembra as mudanças nas artes influenciada pela publicidade na década de 60, como na tela sem título do argentino Jorge de la Vega.

Outra ala retrata as questões e lutas sociais do continente com destaque para duas importantes telas brasileiras: “Festa de São João” de Cândido Portinari e “Mulheres com frutas” de Di Cavalcanti. A cultura afrodescendente é destaque com pinturas que não permitem o esquecimento das décadas de exclusão dos negros, como em “A Seresta” de Di Cavalcanti.

“Suprimir as fronteiras entre arte e vida de tal forma que a experiência artística abarcava a totalidade da existência foi uma busca sustentada por sucessivos adeptos da nova arte”, contextualiza um dos painéis do Malba sobre a vanguarda artística continental, que enxergou o mundo e entendeu a revolução de várias maneiras, como o brasileiro Hélio Oiticica e as telas “Metaesquema”.

Exposição temporária Schhhiii…

O segundo andar inteiro do Malba exibe até fevereiro de 2023 a exposição temporária “Schhhiii…” de Anna Maria Maiolino, artista radicada em São Paulo. Performance, fotógrafa, poeta, escultora, escritora se fundem num multifacetado perfil que expõe as igualmente distintas visões de mundo.

“Você tem que começar no meio. Comece na lacuna entre as duas letras N em ANNA, esse nome palíndromo. Por ele, fio invisível da vida que conecta uma mãe com sua filha e com sua própria mãe” definiu a artista. Segundo Anna Maria Maiolino, que tem o mesmo nome de sua mãe, a vida e a obra dela atuam como um espiral e se entrelaçam continuamente. “Elas avançam para redescobrir o começo, consomem energia para devolver as coisas ao que sempre foram”, explica ao fazer referência de suas origens.

“No movimento da artista através de seu território poético, ela não define fases fechadas de si mesma”, relata um dos murais da exposição. E a mostra retrata exatamente isso, a verdadeira unidade da obra sem qualquer segmentação, por meio de múltiplas linguagens, materiais e dimensões, ora em quadros, fotos, vídeos, esculturas entre tantas outras possibilidades. Anna Maria Maiolino é uma mulher que se acostumou a se virar 80 mundos distintos, sem ocultar qualquer um de seus conflitos, mapeando sua existência e expondo os próprios gritos de raiva, desejo e amor.

A exposição é um verdadeiro mapa da sua própria vida da artista e seus encontros com as múltiplas latitudes, já que nascida na Itália, Anna Maria viveu ainda em Nova York, Buenos Aires, Venezuela e também no Rio. Mas a arte de Miolino não tem nada de egocentrismo, ao se autorretratar ela expõe os mais amplos dilemas humanos.

 A curadoria é de Paulo Miyada do Instituto Tomie Ohtake e é a primeira exposição antológica de Maiolino com cerca de 200 obras e três anos de investigação, em Buenos Aires.

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