Vida e Saúde

Palmadas não educam crianças, apenas normatizam violência e traumas

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Por Andréa Ladislau

Além de ser crime, agredir só irá fomentar uma violência que gera medo e mais violência


Na última semana, uma polêmica ultrapassou os domínios do reality show “A Fazenda” e virou assunto nas redes sociais: o ator Iran Malfitano declarou que costuma educar sua filha através de palmadas.

Os comentários e críticas ao ator foram o ponto alto da internet. Mas afinal, devemos bater nas crianças para educar? Do ponto de visto da prática terapêutica, esse tipo de atitude pode gerar traumas ou algum outro tipo de transtorno psíquico? Vamos entender melhor essas questões.

Bater ou agredir, não importa a alegação, nunca será educar e nem pode ser uma medida corretiva saudável. Essa atitude apenas serve para gerar e alimentar emoções e sentimentos negativos na criança, além de contribuir para ensina-la maneiras erradas de interação com o outro e com a sociedade de uma forma geral.

Sabemos que, esse hábito está enraizado em nossa sociedade do passado, na qual nossos pais ou nossos avós, disseminavam uma crença limitante de que o educar estava intimamente ligado ao castigo e punição pelos erros.

Um castigo, muitas vezes, precedido por pancadas ou palmadas, para corrigir os erros cometidos. Um tipo de educação, demonstrada em diversos estudos, que favorece o surgimento de inúmeras dificuldades emocionais e sociais nesta criança.

Além de ser crime, agredir só irá fomentar uma violência que gera medo e mais violência. Ao ser agredida, o cérebro da criança identifica sinais de perigo, insegurança e ameaça.

O medo é ativado e o coração acelera. As recordações negativas começam a ser registradas e se transformam em angústia e ansiedade e neste momento, todo e qualquer processo de aprendizado é bloqueado.

Portanto, bater passa bem longe do objetivo de se educar. É preciso haver uma consciência clara de que, não é porque o indivíduo foi educado com agressão que ele deverá perpetuar esse tipo de atitude ao educar seu filho. O ciclo precisa ser quebrado.

Educar é enxergar os erros como oportunidades de aprendizagem, não de sofrimento. A agressão não deve ser o caminho que ultrapassa o diálogo, é mais importante educar por via de exemplo, visto que a criança reproduz tudo que ela é exposta.

Ou seja, se mostramos a agressão como forma de lidar com situações de estresse e dor, ela irá reproduzir exatamente esse comportamento e irá entender que violência é o caminho para resolver seus problemas, já que o amor também pode ser expressado através da agressão.

E o mais comum, é que crianças agredidas carreguem para a vida adulta uma tendência de se envolver em relacionamentos abusivos.

Uma coisa é fato: todo ser humano possui o direto de ter sua integridade física e psíquica respeitada e quando se tenta educar com violência, você não está ganhando respeito do seu filho, você só está o deixando com medo, pois as palmadas geram medo, desconfiança e desconexão com os pais, além de causar raiva e baixar a auto estima, favorecendo traumas profundos ligados à dor de ser ferido por quem se ama.

Enfim, os impactos negativos de uma palmada no desenvolvimento da criança são comprovados cientificamente e suas consequências psíquicas e emocionais podem ser bastante significativas.

Educar requer carinho, diálogo, acolhimento, orientação, compreensão e respeito. Bater para educar é agressão e de violência o mundo já está cheio. Não se pode espelhar ainda mais agressividade, pois as coisas só mudam através do exemplo e se somos espelhos para nossos filhos, não podemos espelhar a dor através das palmadas.

Dra. Andréa Ladislau /   Psicanalista

Andrea Ladislau é graduada em Letras e Administração de Empresas, pós-graduada em Administração Hospitalar e Psicanálise e doutora em Psicanálise Contemporânea. Possui especialização em Psicopedagogia e Inclusão Digital. É palestrante, membro da Academia Fluminense de Letras e escreve para diversos veículos. Na pandemia, criou no Whatsapp o grupo Reflexões Positivas, para apoio emocional de pessoas do Brasil inteiro.

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