Vida e Saúde

O silêncio dos berços e a opção de não ter filhos

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Por: Aline Mara Gumz Eberspacher

Nos últimos anos, observou-se um aumento significativo no número de casais que optam por não ter filhos. No Brasil, embora a cultura familiar ainda seja forte, pesquisas recentes indicam uma elevação na proporção de casais que declaram não ter o desejo de ter filhos, seja por convicção pessoal ou por circunstâncias da vida. De acordo com dados do Censo 2022, divulgados pelo IBGE, a proporção de casais sem filhos subiu de 16,1% em 2010 para 20,2% em 2022.

Nos Estados Unidos, o cenário é semelhante. Segundo pesquisa do Pew Research Center, a parcela de adultos americanos com menos de 50 anos sem filhos que dizem ser improvável que venham a ter filhos aumentou de 37% em 2018 para 47% em 2023. A taxa de fertilidade nos EUA atingiu uma baixa histórica, com uma parcela crescente de mulheres entre 25 e 44 anos nunca tendo dado à luz.

Essa tendência reflete mudanças estruturais na sociedade, influenciada por diversos fatores. A ascensão da mulher no mercado de trabalho é um dos principais elementos. Além disso, a decisão de não ter filhos passa por uma análise mais profunda das dinâmicas sociais, econômicas e ambientais do século XXI.

Um dos pilares dessa escolha é o custo financeiro da criação de um filho. Educação, cursos de idiomas, atividades esportivas e outras práticas tornaram-se quase obrigatórias. Elas demandam não apenas recursos financeiros, mas também tempo e energia dos pais, muitas vezes comprometendo projetos pessoais e profissionais. Para muitos casais, o impacto financeiro é um fator decisivo.

O contexto social atual também contribui para a complexidade da decisão. A violência urbana gera insegurança e apreensão quanto ao futuro dos filhos. As tensões geopolíticas e os conflitos armados em diferentes partes do mundo, amplificados pela mídia, suscitam dúvidas sobre o futuro da humanidade e o tipo de mundo que será deixado para as próximas gerações.

Outro fator relevante é a crescente preocupação com o meio ambiente. As mudanças climáticas, com eventos extremos cada vez mais frequentes, geram receios sobre a qualidade de vida futura. A consciência ambiental e o debate sobre sustentabilidade também têm peso na decisão de muitos casais, que consideram o impacto populacional sobre os recursos naturais do planeta.

Apesar disso, essa escolha não é isenta de críticas. O Papa Francisco, por exemplo, já classificou como egoísta a decisão de não ter filhos. No entanto, para muitos casais, essa é uma decisão consciente, pautada em valores e objetivos pessoais.

Ainda assim, é inegável a importância que os filhos representam na vida de milhões de pessoas. A parentalidade é frequentemente descrita como uma experiência transformadora, que oferece propósito, amor incondicional e aprendizado. Ter filhos pode ampliar perspectivas e fortalecer vínculos familiares.

Mas essa escolha exige responsabilidade. Criar uma criança requer tempo, dedicação, paciência, recursos e, principalmente, um compromisso real com o bem-estar físico e emocional do filho. Trazer uma criança ao mundo sem a devida preparação pode ter impactos negativos para todos os envolvidos.

A decisão de ter ou não ter filhos deve ser feita de forma consciente, levando em conta não apenas os desejos individuais, mas também a capacidade de oferecer um ambiente seguro, amoroso e estimulante. Em uma sociedade plural, o respeito às diferentes escolhas é essencial.


Sobre a autora:
Aline Mara Gumz Eberspacher é doutora em Sociologia pela Université Paul Valéry, na França, e coordenadora de pós-graduação do Centro Universitário Internacional Uninter. A instituição é um dos maiores grupos do segmento educacional e uma das únicas de educação a distância no Brasil credenciada com nota máxima pelo MEC. Sediada em Curitiba (PR), já formou mais de 670 mil alunos e, hoje, tem mais de 580 mil estudantes ativos. Fora do Brasil, a Uninter oferece mais de 400 cursos EAD, com polos de apoio em cidades como Atlanta, Boston, Fort Lauderdale, Houston, Newark, Orlando, Salt Lake City e Washington-DC, além de unidades em Lisboa, Porto, Londres, Milão, Hamamatsu e Nagoya.
Site: uninteramericas.com

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