Vida e Saúde

A saúde mental não é luxo, é base: por onde (re)começar

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Por: Rebeca Macedo


No mês da saúde mental, um convite à consciência emocional com humanidade, presença e gentileza

Maio é o mês da conscientização sobre a saúde mental nos Estados Unidos. Uma campanha que ganha cada vez mais relevância e urgência. Afinal, se há algo que os últimos anos nos mostraram com clareza, é que saúde emocional não é um luxo. É uma necessidade básica.

Vivemos dias em que ser humano virou um ato de coragem. Produzimos, cuidamos, respondemos, entregamos… mas muitas vezes esquecemos de sentir. E quando sentimos, achamos que há algo errado conosco. Ignorar o que sentimos se torna automático. Mas esse automatismo tem custo: ansiedade, exaustão, crise de identidade, burnout.

Talvez você esteja vivendo isso. Talvez conheça alguém que esteja. E talvez nunca tenha aprendido o que fazer com o que sente. É sobre isso que este texto fala. Não sobre fórmulas mágicas, mas sobre caminhos reais para cuidar da nossa saúde mental com mais humanidade e menos culpa.

E a boa notícia? Não há nada de errado em sentir. O erro está em acreditar que devemos dar conta de tudo sozinhos e em silêncio.

Emoção não é fraqueza
Durante muito tempo e em muitas culturas fomos ensinados a “engolir o choro”, a “não fazer drama”, a “ser forte”. Emoções como raiva, medo e tristeza foram classificadas como negativas, indesejadas, perigosas.

Chorar no carro, perder a paciência com o filho, sentir-se sobrecarregado só de olhar a caixa de entrada do e-mail. Tudo isso tem uma razão de ser.

As emoções são bússolas internas. Elas apontam para nossas necessidades, nossos limites, nossos valores. Ignorá-las pode parecer força, mas é, na verdade, um tipo de abandono de si.

Sentir não é sinal de fraqueza. É sinal de humanidade. Emoções são dados. Elas nos informam sobre o que importa, o que dói, o que ultrapassou um limite. Como diz a psicóloga Susan David, autora do conceito de agilidade emocional: “Emoções são dados, não comandos. Elas não dizem o que fazer. Mas nos mostram o que precisa de atenção.”

Aquilo que aprendemos sem perceber
Grande parte do nosso sofrimento emocional vem da forma como aprendemos ou não aprendemos a lidar com o que sentimos. Desde pequenos, recebemos mensagens implícitas: “Menino não chora”, “Vai passar, não é nada”, “Seja grato, pare de reclamar”.

Esse tipo de educação emocional cria o que os psicólogos chamam de display rules, regras invisíveis sobre quais emoções são aceitáveis e quais devem ser escondidas. Levamos essas regras para a vida adulta, para os relacionamentos, para o trabalho, sem nunca questionar.

Nomear é o primeiro passo para liberar
Um dos caminhos mais poderosos para cultivar bem-estar emocional é aprender a nomear o que sentimos com mais precisão. Em vez de apenas dizer “estou estressado”, tente se perguntar: “Estou frustrado? Sobrecarregado? Me sentindo ignorado?”

É quando gritamos por dentro que explodimos por fora. Não é só a fila que demora, o trânsito que não anda ou o cliente que reclama. É o cansaço acumulado, a autocobrança, o silêncio das nossas emoções que se tornaram invisíveis.

A alma pede pausa. Pede colo. Pede um reencontro com quem somos de verdade, sem rótulos, metas, máscaras. E sabe por onde começa? Pelo simples gesto de se perguntar: “Como eu realmente estou hoje?”

Quanto mais específico você for ao nomear a emoção, mais clareza terá sobre como cuidar dela. Emoções mal compreendidas nos controlam. Emoções reconhecidas nos libertam.

Autoconhecimento: da filosofia à neurociência
A frase de Sócrates “Conhece-te a ti mesmo e conhecerás o universo e os deuses” nunca foi tão atual. Em um mundo hiperconectado e caótico, olhar para dentro é um ato de equilíbrio e sobrevivência.

Saber o que nos afeta, o que nos ativa, o que nos limita, é o primeiro passo para criar relações mais saudáveis, conosco e com os outros. O autoconhecimento não é só uma virtude filosófica. É uma habilidade prática e urgente.

Estabelecer limites também é um ato de amor
Cuidar da saúde mental também passa por saber dizer “não”. Por entender que não dá para estar disponível o tempo todo. Que não somos salvadores de ninguém. E que cuidar de si mesmo é o único jeito real de cuidar dos outros com qualidade.

Estabelecer limites com empatia é dizer: “Eu me importo com você, mas preciso estar inteira para estar com você”. É amar sem se anular.

5 práticas para cuidar da sua saúde mental com afeto
Se eu pudesse te entregar algo hoje, seria isso: um mapa de cuidado. Um lembrete de que você importa. E de que há caminhos possíveis.

  1. Nomeie o que sente com mais precisão.
    Em vez de dizer “estou estressado”, tente: “estou frustrado porque me sinto invisível” ou “estou triste porque não fui reconhecido”.
  2. Respeite seus limites, inclusive os invisíveis.
    Dizer “não” também é um ato de amor. Aprenda a se escutar antes de querer resolver tudo para os outros.
  3. Evite a positividade forçada.
    Não finja estar bem quando não está. Acolher o desconforto é o primeiro passo para transformá-lo.
  4. Crie rituais de pausa.
    Um chá ao fim do dia, uma música que te conecta, cinco minutos em silêncio. O descanso emocional não precisa ser grande, mas precisa ser constante.
  5. Peça ajuda. Sem medo. Sem culpa.
    Você não precisa carregar tudo sozinho. Terapia, rede de apoio, espiritualidade — o que te sustenta, te salva.

Maio é um convite à consciência, não à perfeição
Neste mês da saúde mental, o convite não é para estar 100% bem o tempo todo. O convite é para se escutar mais. Para criar espaço. Para não fingir que está tudo bem quando não está. Para sentir sem culpa. E para agir com amor.

Se você conseguir, hoje, respirar um pouco mais fundo, se permitir sentir algo que tem evitado ou simplesmente nomear com honestidade o que está aí dentro… já é um começo. Já é autocuidado. Já é saúde mental.

Como costumo dizer: às vezes, basta uma conversa honesta com você mesmo para começar a curar.


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