Luiza Brunet: Beleza, força e luta pelas mulheres
Entrevistas

Luiza Brunet: Beleza, força e luta pelas mulheres

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Um ícone de beleza, personalidade e coragem. Luiza Brunet é tudo isso, em uma só mulher. E ser mulher é o lema que rege sua vida desde que iniciou, com força, a luta e o engajamento contra a violência doméstica. Ela, que recebeu os títulos de “combatente gloriosa” e “guerreira ilustre”, estampa a capa desta edição e revela toda a sua determinação, numa entrevista exclusiva para a Acontece Magazine. Confira.
Luiza, você sempre foi muito admirada por sua beleza e carreira de sucesso. Agora, também, por sua coragem na luta contra a violência doméstica. Essa admiração te faz acreditar que tudo vale a pena?
Sim, sem dúvida nenhuma, quando estamos envolvidos em uma causa da magnitude da violência doméstica, que não ocorre só no Brasil, é uma questão global. O Brasil é o quinto país em que mais mulheres são desacreditadas em todas as formas em que acontece a violência, sendo que o feminicídio vem crescendo muito. Há quase dez anos eu sou embaixadora do Instituto Avon, para essas causas femininas, como o câncer de mama, e participo da conferência anual da Avon, que reúne aproximadamente 3 mil mulheres. E quando falamos desse tema, o que ouvimos de muitas mulheres em seus depoimentos não é nada agradável, uma questão cultural, patriarcal, na qual as mulheres são muito inferiorizadas.

Durante sua luta, você também foi criticada por outras mulheres, acreditando assim que falta mais união entre elas. A que você atribui essa atitude das próprias mulheres?
Sim. É um absurdo como as mulheres não são unidas, ao contrário dos homens, que são superunidos. O que mais me impressiona é a desunião e o machismo por parte delas e esse é um assunto tão importante quanto a violência contra as mulheres. Elas precisam se colocar no lugar da outra e não esquecer que são mães e têm filhas e filhos e que esse ciclo precisa ser rompido. E só através dessa união vamos conseguir mudanças em leis e políticas públicas mais arrojadas, penas para os agressores, leis mais rígidas e não somente trabalho comunitário, que, na minha opinião, é um prêmio para o agressor.

Você recebeu um prêmio e ministrou uma palestra na Flórida. Como foi essa experiência?
Foi extremamente gratificante poder sair do Brasil e falar em países que têm comunidade brasileira. Percebi que a violência doméstica não tem fronteira e que nas dificuldades que os imigrantes vivem, seja onde for, a violência doméstica está presente, por uma série de razões, desilusão, desemprego etc. Por não conhecerem seus direitos, as mulheres acabam suportando relacionamento abusivo por muito tempo, causando nelas uma doença crônica de baixa estima, perda de identidade e doenças psicossomáticas. Estive também na Índia, para participar de uma palestra, e me deparei com a violência sexual absurda, entre meninas menores de idade. Pretendo conhecer outros países e ouvir relatos de outras mulheres e instituições com propostas de mudança. Jamais deixarei de lutar no enfrentamento da violência doméstica.

O que mudou de mais significativo na sua vida ao conhecer histórias de mulheres que passam pelo que você passou e ao saber que você pode ajudá-las de alguma forma?
É muito gratificante ser a voz das mulheres, não tem como dimensionar o respeito e o carinho das mulheres, muitas delas pedindo socorro, pedindo ajuda e confiando em mim para ser a voz delas.

Sua história de vida será retratada em um filme, com estreia prevista para 2019. Como está sendo o processo de construção desse “livro aberto” e o que podemos esperar desse longa?
O filme está em processo de produção, as entrevistas, o roteiro já está sendo feito. O que eu vou contar nessa cinebiografia é a história de uma menina do interior de família humilde, que sonhou quando chegou ao Rio de Janeiro, depois de cinco dias em um ônibus, com a estrada péssima, e desembarcou em uma rodoviária no subúrbio. Aí eu vi uma banca de revista, onde tinha uma mulher bonita na capa, e eu disse para minha mãe que eu ia ser famosa e importante. Comecei como empregada doméstica aos 12 anos de idade, me casei com 16 anos e, aos 18 anos, já era uma top model brasileira importante. Tudo que fiz na minha vida foi com dignidade, respeito, disciplina e muito trabalho. Vi meu sonho crescer e se tornar real e hoje sonho que, através do meu trabalho no enfrentamento da violência, eu possa contribuir para que os índices da violência possam abaixar significativamente. Como eu não sou mulher de abaixar a cabeça, eu “encasquetei” que eu vou conseguir.

Você viaja pelo Brasil e pelo mundo lutando pela sua causa. Você conhece muitas pessoas e entidades que também abraçam essa luta? Como é essa troca de experiências?
A mulher mais representativa que conheci foi a Maria da Penha, uma cearense, farmacêutica, uma das inúmeras mulheres vitimas de violência doméstica no Brasil. Seu caso ganhou visibilidade internacional, pois ela levou a denúncia do Brasil para a Comissão Interamericana de Direitos Humanos, comissão integrante da Organização dos Direitos dos Estados Americanos. Essa denúncia foi vergonhosa e o nosso país foi condenado pela tolerância e omissão do caso. A condenação foi que o Brasil foi obrigado a cumprir algumas recomendações, dentre as quais se destaca a de mudar a legislação brasileira e dar maior proteção às mulheres em relação à violência doméstica. O passo mais importante a partir daí foi criar a Lei Maria da Penha, em 2006. Uma mulher que é uma fortaleza e uma doçura. O ensinamento que ela passou para mim e todas as mulheres é o de nunca desistir de lutar. Aqui no Brasil hoje temos muitas entidades que lutam pela causas, esclarecendo as mulheres sobre os seus direitos e deveres.

Como você lida com todos esses recursos da estética atual? Botox, cirurgias plásticas, tratamentos para não envelhecer. Vale tudo pra estar sempre linda ?
Me sinto uma mulher afortunada por minhas origens de índios e cearenses, minha genética é muito boa e considero estar envelhecendo bem pela minha idade. O fato de ter trabalhado como modelo, aprendi que disciplina é tudo, desde muito jovem aprendi alguns hábitos que carrego até hoje, como exercício físico, alimentação saudável. Também acho que a tecnologia está a nosso favor para nos deixar mais bonitas e jovens (mas máquina não faz milagre, bons hábitos são fundamentais e a saúde de dentro para fora exala beleza também!).

Você fez o ensaio desta edição da Acontece Magazine em sua passagem por Miami. Além de ser empresária e embaixadora da Avon e viajar o mundo em prol da sua causa, ser modelo ainda é uma paixão?
Foi uma paixão sim, na qual me sentia muito à vontade. Hoje em dia tenho outras prioridades, mas posar para a revista foi muito bom, foi reviver o momento que ainda é muito gostoso para mim.

Que outros projetos já estão na sua agenda para este ano?
Ministrar palestra no Brasil, com o tema da violência contra as mulheres, e dar a elas um maior esclarecimento sobre como detectar um relacionamento abusivo, do qual ela possa sair e assim não fazer parte de estatísticas, como eu fiz.

Você vem muito a Miami? Que lugares gosta de visitar quando está aqui?
Já fui a Miami anos atrás, a primeira vez que estive na cidade foi há 30 anos. A grande surpresa é ver que ela continua linda e ensolarada, um lugar onde se pode andar com segurança, ampla parte cultural, com eventos como a feira de arte BASEL Miami Beach.

Você está pronta para um novo amor? Que homem conquistaria a Luiza de hoje?
Nenhuma mulher está pronta para um novo amor, isso acontece de repente, como se fosse uma surpresa. Isso que é bom. Estou pronta para o amor sim, sempre gostei de estar casada. Um homem maduro e inteligente.

Uma mensagem para as mulheres brasileiras imigrantes que vivem na Flórida.
Que elas lutem pelos seus direitos, que façam cursos para aprimorar seus conhecimentos, que aproveitem a oportunidade de morar fora do seu país, que se aprimorem culturalmente e profissionalmente através de cursos que as qualifiquem.

Modelo: Luiza Brunet
Foto: Alex Korolkovas
Styling: Kat Zammuto e Liandra Salles
Beleza: Mario Nova, Dinho Payan e Alix Florez para StudioD
Produção: Ana Martins para ACM Productions
Look: macacão BCBGMaxAzria na BCBG SouthBeach,
joias Van Cleef & Arpels
Locação: Four Seasons Hotel Miami

 

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