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( votes)Com vasta experiência em organizar grandes eventos no Brasil e nos Estados Unidos, o promotor Luciano Sameli é o responsável pelo sucesso e crescimento contínuo do Brazilian Festival of Pompano Beach, maior acontecimento cultural brasileiro na Flórida.
Uma rápida olhada no currículo do brasileiro Luciano Sameli já é suficiente para notar sua importância para a organização de grandes eventos. Nas décadas de 1980 e 1990, ele foi responsável por promover muito agito e diversão no Brasil. Foi proprietário da Limelight Industry Club São Paulo, a mais conhecida boate da cidade, e também foi dono da boate Pacha Brasil Campinas, a maior do interior. Atuou nas áreas de marketing, entretenimento e venda de patrocínio, nas quais, através da agência em que era sócio, organizou eventos de porte como o Master Puma de Tênis do Guarujá, concursos de modelos, o aniversário de 18 anos da Rádio Jovem Pan. Esteve à frente da organização de mais de 265 shows entre 1985 e 1995. Além disso, criou a La Fiesta, a primeira boate itinerante do Brasil.
Em 1995, Sameli decidiu vir para os Estados Unidos para estudar, e por já ser um produtor com grande experiência, escolheu Las Vegas, onde organizou eventos em locais imponentes como Flamingo e MGM. Um ano após a crise de 2008, ele se mudou para a Flórida e passou a trabalhar como gerente de vendas, marketing e promoções da TV Record. A partir daí, começou a conhecer empresários brasileiros que comentavam sobre a relevância de ter um evento com a cara do Brasil na Flórida. “Muitos me falaram sobre esse desejo de ter um festival nosso, havia uma necessidade grande de integração do Brasil com a comunidade americana daqui, não só na parte comercial, mas também cultural, e foi nessa época que conheci o prefeito de Pompano Beach, Lamar Fischer, que quis dar início a isso e pediu que eu organizasse em 2012”, explica Sameli.
O produtor brasileiro afirma que no início muitos não imaginavam que o Brazilian Festival of Pompano Beach seria algo grande, mas se surpreenderam, pois os resultados foram excelentes em termos de público, que ia aumentando a cada nova edição. “Começou com sete mil pessoas e entrada franca, mas cresceu tanto que chegamos a 25 mil pessoas, e foi quando percebi que para manter o clima de confraternização e alegria, precisaríamos cuidar mais da segurança. A partir de 2017, começamos a cobrar uma entrada simbólica de US$ 5, fechamos o parque, e isso permitiu controlar melhor quem entrava”.
Trabalho puxado
O número de expositores no Brazilian Festival of Pompano Beach prova que o evento é um sucesso. São mais de 200 marcas de brasileiros e americanos de todos os setores comerciais, tais como médicos, dentistas, massagistas, seguradoras, ONGs, além de um grande parque de diversões, palco para atrações musicais brasileiras e mais de 45 espaços para comer.
Mas se engana quem pensa que basta estalar os dedos para que expositores e patrocinadores surjam. Sameli afirma que trabalha o ano todo buscando parcerias para poder realizar um evento cada vez melhor e maior. “Visito de 300 a 400 empresas para ver se querem patrocinar ou doar, sendo que, dessas, 10%, 12 % dão retorno. É preciso trabalhar o ano inteiro em mídias sociais, distribuir 60 mil flyers, sem isso, o festival não acontece. Eu já investi quase 100 mil dólares do meu bolso para que ele ocorresse. Geramos em oito anos uma média de 670 empregos diretos e reinvestimos uma média de 240 mil dólares por festival na comunidade, através de jornal, mídias , fornecedores brasileiros, etc. Todos os fornecedores contratados são brasileiros, geramos quase US$ 1 milhão em receita para os expositores de comida nesses oito anos, trabalhamos com uma média de 60 a 70 fornecedores brasileiros e os expositores precisam contratar mais gente para trabalhar, então, são 2.100 empregos indiretos. Já doamos 40 mil dólares para igrejas e ONGs. O festival levantou 1,5 milhão de dólares em oito anos para que pudéssemos acontecer aqui e foram quase mil pequenas empresas brasileiras que ajudamos de alguma forma”.
Grandes atrações musicais
Além de se desdobrar em busca de apoio para o Brazilian Festival of Pompano Beach, Sameli se preocupa em trazer atrações que realmente representem a diversidade cultural brasileira. “Nosso festival se destaca dos outros porque temos a obrigação de contar uma história, temos que mostrar a nossa riqueza cultural. Foco em buscar artistas legendários, novidades e os que contribuíram para o enriquecimento da música no Brasil e no mundo, não vamos atrás dos ‘modinhas’, primeiro porque é um evento custoso e esses que estão na moda momentaneamente não são necessariamente o retrato da nossa cultura, além disso, são caríssimos, por isso damos enfoque em artistas realmente importantes. Já trouxemos Elba Ramalho com o seu delicioso forró; Marcelo D2 pioneiro do hip-hop; Cheiro de Amor, Banda Mel e Netinho que são do axé; Paralamas do Sucesso e Biquíni Cavadão que são do rock; Cidade Negra e Chimarruts representando o Reggae; no ano passado, trouxemos a Iza, jurada do The Voice e considerada a nova voz da música popular brasileira; Sambô, que mistura samba e rock. Trazemos cultura de verdade e não modinha. Agora em 2020, teremos Milton Nascimento, que está lotando shows no Brasil, ele foi laureado pela Associação Brasileira de Compositores, como o melhor compositor brasileiro, traremos também a dupla sertaneja Gian & Giovani, muito conhecida e que já levou 133 mil pessoas em um show, um recorde. Teremos ainda a Kell Smith, considerada a nova Elis Regina, e o Onze:20, que faz um reggae fenomenal e que tem discos em espanhol”.
Mágoas
Apesar de trabalhar arduamente para que o festival siga crescendo, Sameli afirma que não reclama disso. Sua única mágoa ocorre com as pessoas que tentam prejudicá-lo ou querem colher frutos que não plantaram. “Eu envelheci muito nesses anos à frente da organização do festival, mas a maior dificuldade de todas é se decepcionar com algumas pessoas, aqueles que se dizem líderes da comunidade porque querem aparecer em eventos, nas mídias sociais, em fotos, e não fizeram muita coisa pelo festival, pelo contrário, chegaram a prejudicar.
Essas coisas nos entristecem muito, mas vale destacar que há muita gente que reconhece, temos o apoio do consulado brasileiro, fomos elogiados pelo Departamento de Cultura da Flórida por fazermos esse trabalho totalmente diferenciado aqui”.
Parceria com a Netflix
Deixando as decepções de lado, Sameli continua com a mesma dedicação incansável para melhorar a cada ano o evento e, para 2021, quando ocorrerá a 10ª edição do Brazilian Festival of Pompano Beach, pode vir uma grande surpresa por aí. “Estamos em negociação com a Netflix e poderemos ter um documentário sobre o festival. Será a nossa décima edição e vamos persistir, continuar confiando em Deus e em nossa visão de deixar um legado importante para a comunidade brasileira que reside aqui”.
Agradecimentos
Sameli faz questão de citar duas pessoas que o apoiaram muito para que esse festival pudesse se tornar realidade. “Tenho muito que agradecer ao ex-prefeito de Pompano Beach, Lamar Fischer, que teve a visão comigo e me deu uma oportunidade para que eu pudesse seguir um caminho. Outra pessoa é o Mark Beaudreau, que tem sido meu grande amigo todos esses anos e faz parte do Departamento Multicultural da cidade, e também quero agradecer a Barry Moss e Beverly Perkins”.
Fotos: Fabiano Silva
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