Espetáculos para crianças e indivíduos no espectro do autismo

As apresentações do projeto Sensory-Friendly são projetadas especialmente para pessoas com distúrbios do processamento sensorial e do espectro do autismo

O Broward Center for the Performing Arts, que apresenta mais de 900 espetáculos por temporada, é pioneiro na Flórida na promoção de espetáculos especialmente ajustados para pessoas com distúrbios do espectro autista e de processamento sensorial. É o projeto Sensory-Friendly Show, que este ano, na sua 2a temporada, já tem quatro apresentações de teatro no calendário: Junie B. Jones, O Musical, Shrek O Musical, Mannheim Steamroller Christmas de Chip Davis e o musical Annie.

As produções adaptáveis ​​incluem arranjos especiais como atividades familiares antes dos espetáculos, modificações na iluminação de palco e auditório, volumes mais baixos de som e uso de dispositivos de cancelamento de ruído, além da disponibilidade de uma sala silenciosa para aqueles que sofrem sobrecarga sensorial. “Essa é uma iniciativa muito bacana, que vem sendo inserida em vários teatros e até museus, para dar acesso e criar um ambiente em que essas pessoas fiquem mais à vontade e que as famílias possam estar integradas à arte, através do programa Sensory – Friendly”, conta a diretora de marketing do Broward Center, a brasileira Maria do Carmo Fulfaro.

Ela explica como cada área do espetáculo é estudada para se adaptar a esse público específico.”Esse projeto é, na verdade, uma adaptação do que já existe, para receber essas pessoas que têm distúrbios do espectro autista e de processamento sensorial. As luzes são mais baixas, o som é mais baixo em quase 30%, a peça é revisada para que não haja cenas fortes, além da preocupação com o processo de antecipação, porque geralmente essas pessoas precisam de rotina para saber o que vai acontecer antes do show”, conta a diretora.

Como parte do projeto, um guia é desenvolvido e enviado para as pessoas que compram os ingressos, para que elas entendam o que vão assistir, da presença de atores e outros detalhes. “Quando eles entram no teatro, eles sentam em mesas, chamadas “touch table”, onde eles vão sentir o material de algumas coisas que estarão sendo representadas no palco. Na abertura da peça, inclusive, alguns atores explicam sobre os seus personagens, tirando as fantasias. São todos os cuidados que temos e que no final são muito importantes”, explica.

Um projeto único e que dá a oportunidade destas famílias irem ao teatro num ambiente favorável, sem pressão e desconforto. Ainda segundo a diretora, foram quase três anos de estudo e treinamento, com consultoria de organizações especializadas em Sensory-Friendly performances.

Como faço o marketing desse projeto, trabalho diretamente com as organizações que lidam com pessoas que têm esses problemas sensoriais e isso é bacana, não só profissionalmente, mas também pessoalmente, porque é muito legal ver o resultado, ver o teatro cheio e as famílias se divertindo sem a preocupação de que o seu filho vai estar incomodando, todos em um ambiente confortável e feliz. É, na verdade, um processo de inclusão, que o mundo está respeitando e falando cada vez mais sobre isso e pra mim é uma grande oportunidade participar desse processo”, conclui.

Para contato com a diretora Maria do Carmo Fulfaro, envie um email para: mfulfaro@browardcenter.org.