Alcides Nogueira o autor da nova novela das 6 ‘Tempo de Amar’ da TV Globo
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Entrevista com Alcides Nogueira o autor de ‘Tempo de Amar’

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Sobre Alcides Nogueira

Nascido em Botucatu, Alcides Nogueira se mudou para São Paulo com a família aos 17 anos. Logo depois ingressou na Faculdade de Direito com o objetivo de se tornar diplomata. Começou a trabalhar na Editora Abril e foi lá que conheceu Maria Adelaide Amaral, Walther Negrão e Inácio de Loyola Brandão. Ao deixar o emprego na editora, seguiu para uma temporada na Europa e deu início à produção de textos para o teatro. Em 1981, recebeu o Prêmio Molière pela peça ‘Lua de Cetim’ e no ano seguinte pela adaptação do livro ‘Feliz Ano Velho’, de Marcelo Rubens Paiva. Começou na Globo em 1980 como redator de publicidade, mas o sucesso no teatro fez com que ele fosse convidado para compor a equipe de redatores de teledramaturgia. O primeiro trabalho na área foi ‘Caso Verdade’, em 1982, adaptando histórias enviadas pelos telespectadores. Dois anos depois, trabalhou em parceria com Walther Negrão, em ‘Livre para Voar’. Com o mesmo parceiro, escreveu sua primeira novela como titular, ‘De Quina Pra Lua’ e logo depois ‘Direito de Amar’. Com Ana Maria Morethzsohn trabalhou no texto de ‘O Salvador da Pátria’ e logo depois ‘Rainha da Sucata’, com Silvio de Abreu, com quem ainda colaborou em ‘Deus nos Acuda’, ‘A Próxima Vítima’, ‘Torre de Babel’ e ‘As Filhas da Mãe’. Sua segunda produção como autor principal foi ‘O Amor está no Ar’ e com Gilberto Braga escreveu ‘Força de Um Desejo’, primeira de época de sua carreira. Alcides Nogueira também foi autor das minisséries ‘Um Só Coração’ e ‘JK’, ambas em parceria com Maria Adelaide Amaral. Escreveu ‘Ciranda de Pedra’ e ‘O Astro’ (com Geraldo Carneiro). Recentemente, com Mario Teixeira, escreveu ‘I Love Paraisópolis’ (2015). 

Como você define ‘Tempo de Amar’?

É uma novela de amor com muitas reviravoltas, um folhetim clássico que se passa entre 1927 e 1930, antes da Era Vargas. Gosto de dizer que não é uma história de amor, são muitas histórias de amor. Amores danosos, culpados, plenos, sofridos. O amor é o motor da trama.

Como foi para você ficcionar um argumento do escritor Rubem Fonseca?

Conheço e admiro a obra de Rubem Fonseca, que é incrível. Mas nunca antes tinha trabalhado adaptando algo dele. Foi muito interessante ficcionar uma história da família do escritor, até mesmo por ter como parceira no texto a sua filha Bia Corrêa do Lago. A história central é inspirada nesse texto. 

‘Tempo de Amar’ é uma novela de amor, mas em nome dele, alguns personagens cometem absurdos. Você acha que o amor pode motivar ações egoístas e que prejudicam as pessoas?

Sem dúvida alguma! Às vezes o amor é uma força tão grande que bate de encontro com a personalidade da pessoa. O amor é uma força quase sempre misteriosa. A personagem Lucinda (Andreia Horta), por exemplo, é uma mulher traumatizada porque foi abandonada pelo noivo. Além disso, carrega a culpa da morte da mãe. E ficou marcada com uma cicatriz no rosto. Uma menina linda, deslumbrante com uma grande cicatriz, o que a impede de ser feliz. A vilania dela é outra. Ela tem um sofrimento tão grande que quando encontra Inácio, ela agarra essa chance. Eles acabam vivendo uma relação de proteção. Ela age movida pelo amor e, para conseguir o que quer, não tem escrúpulos nenhum. Ela se aproveita da fragilidade dele para levar à frente esse amor egoísta. Em alguns momentos eu sinto raiva dela ao escrever os textos. E em outros sinto profunda ternura.

As questões históricas do período serão retratadas de que forma na novela?

É muito bom ter contexto histórico como pano de fundo. Essa época é muito rica. Você tem artisticamente, em decorrência do Modernismo, a valorização da brasilidade. Além disso, há a discussão da posição da mulher e do negro. No período temos uma série de transformações profundas, vemos o final da República Velha, Getúlio Vargas que voltou para o sul e ficou lá conspirando, até que tomou o poder no Rio. E aí a coisa muda completamente, a Revolução de 30 é um divisor de águas. Esses acontecimentos vão aparecer na novela. Teremos um grêmio na trama coordenado por Vicente (Bruno Ferrari) e Edgar (Marcello Melo Jr) e ali há uma série de apresentações e discussões políticas, com a repressão que no Brasil sempre existiu. Vamos colocar também a queda da Bolsa de Valores em 1929, o que vai afetar profundamente os cafeicultores. Então, parte dos nossos personagens muito ricos vai entrar num outro período da vida, porque é a decadência mesmo.

A novela se passa no fim da década de 20. Nesse período as mulheres começaram a ganhar espaço. Como você vai retratar esse momento na novela?

É um período muito importante para a questão das mulheres, que deve ser discutida permanentemente. É exatamente nessa época que aparecem as primeiras sufragistas, porque as mulheres não podiam votar, não tinham direito algum. No Rio, nesse final da década de 20, a gente percebe que as mulheres começam a ocupar posições muito importantes mesmo. Na parte artística, em decorrência do Modernismo – que começou em São Paulo em 1922 – é incrível a influência de Tarsila do Amaral, de Anita Malfatti, uma série de mulheres interessantes. A poetisa carioca Gilka Machado lança em 1927 um livro chamado “A mulher nua”, onde ela coloca explicitamente a questão da sexualidade feminina, o que ainda hoje é discutido com pudor. Essa é uma pauta que precisa estar na novela sim, pois é sempre atual.

Você é o autor da novela, mas conta com uma parceira no texto e dois colaboradores. Como é esse trabalho em equipe?

Sempre dei muita sorte com os colaboradores. É a primeira novela da Bia, mas ela é muito criativa, o tempo todo busca histórias e tramas. Ela tem uma formação cultural muito sólida e isso ajuda muito. E o Tarcísio Lara Puiati já escreveu comigo ‘O Astro’ e ‘I Love Paraisópolis’, então existe uma cumplicidade muito grande. A Bíbi Da Pieve tem um trabalho que eu admiro muito, ela vem dos seriados. Ela traz essa experiência que é importante, porque hoje a novela não é mais como antes. Além da pesquisa importantíssima da Yara Eleodora. Porque uma novela de época sem pesquisa não funciona.

Como está sendo o trabalho com Jayme Monjardim?

Como sempre, maravilhoso. Em 1985 em minha primeira novela, que escrevi com o Walter Negrão, a direção era do Jayme. Também era uma novela de época, ‘Direito de Amar’. E eu fiquei com o gosto de quero mais. Ele tem uma sensibilidade, é muito doce e ao mesmo tempo muito direto. É um privilegio trabalhar com ele, tem uma bagagem incrível, ele sabe fazer.

 

Sobre a Novela

A novela ‘Tempo de Amar’, a nova novela das 6 que estreia na Globo internacional na próxima terça-feira, 26 de setembro de 2017. 

‘Tempo de Amar’ é uma novela de Alcides Nogueira, escrita em parceria com Bia Corrêa do Lago, a partir de um argumento do escritor Rubem Fonseca. Com direção artística de Jayme Monjardim e direção geral de Adriano Melo, a trama conta com grande elenco, que inclui Tony Ramos, Regina Duarte, Letícia Sabatella, Marisa Orth, Deborah Evelyn, Cassio Gabus Mendes, Odilon Wagner, Jayme Matarazzo, Bruno Ferrari, Sabrina Petraglia, Karine Teles, Lucy Alves, Nívea Maria e outros nomes.

Ambientada entre Brasil e Portugal no fim dos anos 20, a trama conta a saga do casal Maria Vitória (Vitória Strada), filha do grande produtor de vinhos e azeites José Augusto (Tony Ramos), e o rapaz de família simples Inácio (Bruno Cabrerizo). Os dois se conhecem e se apaixonam em uma aldeia portuguesa, mas ele embarca rumo ao Brasil em busca de trabalho. Inúmeros obstáculos e reviravoltas aparecerão no caminho de ambos, que passam a viver lutando e sonhando com um reencontro. 

Foto: Globo/Mauricio Fidalgo

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