Vida e Saúde

A importância dos primeiros mil dias do bebê

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Por Patrícia Consorte

Os primeiros mil dias são fundamentais na vida de uma criança. É nessa fase que ocorre o maior desenvolvimento físico, cognitivo e emocional do bebê. Contado desde o início da gestação, é o momento de ouro, que exige maior cuidado, atenção e acompanhamento, que serão fundamentais para um crescimento saudável e para evitar futuros problemas de saúde.

A fase abrange os 270 dias da gestação aos 730 dias, até que o bebê complete dois anos de idade. Nesse momento tão sensível, é onde acontece a nossa programação genética, pois fatores ambientais podem atuar, modificando a leitura dos nossos genes. É o conceito de epigenética. Dentre as influências ambientais, a má alimentação vem se mostrando como uma das principais causadoras de futuros problemas físicos, como cardiovasculares, obesidade e diabetes, bem como doenças psicológicos, como depressão.

Em um estudo divulgado pela Unicef, pelo menos uma em cada três crianças com menos de cinco anos está subnutrida ou com sobrepeso. Para piorar, quase duas em cada três crianças entre seis meses e dois anos não recebem alimentos necessários para sustentar o desenvolvimento adequado de seu corpo e de seu cérebro.

Cada vez mais mulheres estão malnutridas ao engravidarem, seja por meio de exposições tóxicas de alimentos, opções gordurosas ou outros fatores – fato que se não for cuidado logo, poderá impactar severamente no desenvolvimento de seu filho. Por isso, a modulação da saúde desde a fase gestacional se torna fundamental para evitar ao máximo tais problemas, programando o desenvolvimento e crescimento do bebê graças à maior sensibilidade de seu sistema neurológico e endócrino nos primeiros mil dias.

No início da vida, os dois fatores de grande impacto para o bebê são o parto normal, uma vez que o recém-nascido é colonizado pela microbiota materna, e, indiscutivelmente, o aleitamento materno. Já sabemos que o leite materno apresenta uma composição específica para o desenvolvimento físico e neuronal, sem falar que bebês amamentados apresentam uma microbiota intestinal diferente dos bebês que utilizam fórmulas – o que têm se mostrado como um fator protetor da saúde no futuro.

Muitos outros cuidados, contudo, devem ser iniciados antes mesmo da gravidez, com pelo menos seis meses de antecedência. Assim, qualquer problema identificado poderá ser tratado devidamente a fim de garantir uma gestação mais saudável. As futuras mães devem fazer um pré-natal adequado, dormir bem, praticar exercícios físicos regularmente e dar preferência a alimentos naturais, como verduras e legumes, evitando ultra processados e opções mais gordurosas.

Quando o bebê nascer, estimule o aleitamento materno e, após a introdução alimentar, dê preferência também por alimentos in natura, sem açúcar, agrotóxicos ou ultra processados. A suplementação, caso necessária, deve ser individualizada, o que torna indispensável o acompanhamento de um pediatra desde o pré-natal. É ele quem irá conhecer e acompanhar a criança desde a barriga, identificando onde poderá interferir antecipadamente e, como ela irá evoluir.

A medicina de prevenção é o melhor cuidado que as mães podem seguir para garantir um desenvolvimento saudável de seus filhos. Com ela, diversos problemas de saúde como diabetes, hipertensão, obesidade, câncer e distúrbios de neurodesenvolvimento, como autismo, podem ser tratados desde cedo. Por isso, não deixe de buscar um obstetra, nutricionista e pediatra para chamar de seu – e, acima de tudo, dê amor, carinho e colo aos pequenos. Brincar, estar próximo e incentivar o contato com a natureza também são ações que contribuem muito para tornar os primeiros mil dias mais saudáveis.

Dra. Patrícia Consorte é pediatra e especialista em nutrição materno-infantil.

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