A Cassina apresentou o projeto “Modular Imagination” desenvolvido com Virgil Abloh - Foto: Divulgação
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Tendências e Repercussão da Semana de Design de Milão 2022

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A Semana de Design de Milão 2022, realizada entre os dias 7 e 12 de junho, foi marcada por um clima de celebração e reencontro, afinal, passaram-se dois anos sem que o evento pudesse acontecer de sua forma tradicional ou contar com visitantes de todas as partes do mundo.

Não é exagero chamar a Semana de Design de Milão o maior evento global anual do mundo do Design. A âncora comercial da feira anual é o Salone Internazionale Del Mobile. A Feira realizada esse ano de 07 a 12 de junho no recinto de feiras de Rho, onde os amantes do design, curadores e os principais atores da indústria se reuniram para descobrir e revelar os mais recentes produtos e móveis lançamentos de todo o mundo. Dentro da cidade, uma ampla rede de eventos relacionados, juntos, conhecidos como Fuori Salone, resulta em uma aquisição em toda a cidade repleta de exposições de galerias e showrooms, instalações pop-up, feiras independentes por satélite e inúmeros lançamentos da área do Design.

Apenas no Salone del Mobile, Milano, evento âncora da MDW (Milan Design Week, na sigla em inglês), foram mais de 262 mil visitantes de 173 países e 2.175 marcas expositoras, sendo 27% delas estrangeiras – entre as quais estão brasileiras. Uma infinidade de outras exposições e eventos tomam conta da cidade na semana. Os brasileiros também marcaram presença no Salone Satellite, mostra que é uma vitrine de novos talentos do design e apresentou 600 jovens profissionais, premiando projetos da Nigéria, Sérvia e Bélgica.

E a felicidade do reencontro trouxe consigo o prefixo que ressoou durante toda a Semana de Design: o “re”, de reconectar, reutilizar, reeditar, relançar, repensar. O tempo todo os visitantes foram apresentados a peças de mobiliário e decoração e a instalações que exaltavam designs já consagrados, apresentados com novas cores ou extensões de linha, e evocavam a questão da sustentabilidade, tema que precisa ser enfrentada pelo mercado de design, e, também, por cada um de nós.

Desenhada por Antonio Citterio a cadeira Re-chair lançada pela Kartell é feita a partir de capsulas de café reutilizadas – Foto: Divulgação

As principais marcas expositoras e instalações da semana discutiram como as cidades serão as maiores reservas de matéria prima do futuro, partindo dos conceitos de uma economia circular e da reutilização. Novos materiais foram apresentados, o exercício da reciclagem valorizado e ecoam por todo o mercado de Design mundial os alertas para o impacto das nossas escolhas de consumo para o meio ambiente.

As madeiras certificadas, vidros e espelhos, pedras naturais, fibras ecológicas ou naturais são os materiais mais utilizados na indústria do Design atualmente.

Vidros, espelhos e cores no design de Patricia Urquiola para Glas Italia. – Foto: Divulgação

E como não poderia deixar de ser, o tema também permeou os lançamentos apresentados pelas tradicionais e celebradas indústrias do setor. Uma das principais delas e que se agigantou durante as décadas passadas com suas peças em plástico, a Kartell trouxe um estande que era uma espécie de manifesto. Em tons de branco e “escondendo” suas criações, que só eram reveladas a quem se mostrasse interessado em conhecer seu interior, ele apresentava inovações em materiais que resultaram em produtos mais sustentáveis, como a cadeira Re-Chair. Em uma parceria com a Illy, a Kartell apresenta a Re-Chair, por Antonio Citterio. A inovação fica por conta do material, desenvolvido a partir de cápsulas de café inutilizadas na indústria antes de seu preenchimento. São reaproveitadas 600 cápsulas para a produção de uma peça.

A inquietação e a decisão de tornar a produção e consumo mais sustentáveis trouxe highlights para técnicas primitivas e limpas como o artesanato. Designers e marcas estabelecidas e emergentes, abraçam as muitas faces do artesanato de todas as culturas. A sensação e que há uma grande mudança na cultura e na tecnologia, o artesanato e os meios de produção locais ressurgem de uma maneira muito importante. Tapetes em tramas com fibras naturais e outros materiais de baixo impacto, almofadas e objetos são exemplos dessa tendência.

Kohler and Daniel Arsham’s “Divided Layers” Installation Wins Fuorisalone Award 2022 at Milan Design Week

Uma coisa que não mudou foi a fusão dos mundos da moda e móveis, que se tornaram companheiros cada vez mais próximos na ultima década com marcas de luxo como Armani Dior, Hermes e Louis Vuitton investindo fortemente na sua presença.

A Personalização do Design para cada um, cada casa é uma das grandes novidades da Semana de Milão. A necessidade ou vontade Tb é reflexo dos últimos tempos. Os reais valores de cada um se tornaram ainda mais preciosos. A necessidade de nos cercarmos de referencias relevantes de nossas vidas, realidade e cultura fazem parte de nossa história e devem estar presentes nos conceitos da decoração de nossos lares. Essa tendência veio de mãos dadas com a valorização do artesanato, e a exploração das cores. As cores nunca foram tão importantes nas ultimas décadas, como agora. Seu uso nesta semana foi realmente revigorante quebrando a monotonia dos ambientes monocromáticos.

Formas orgânicas, fibras naturais, tecidos ecológicos e paleta de rosas – Foto: Natalia Vasconcelos

Desde que nos voltamos à casa pela imposição dos tempos pandêmicos, ela se tornou um refúgio e, o uso das cores, uma maneira de trazer alegria, energia e vida aos ambientes domésticos. E nesta edição do evento elas apareceram vibrantes, em tons de rosa, azul, amarelo, verde e magenta, predominantemente, tanto em estofados como revestindo cozinhas e até banheiros, o que coloriu os pavilhões da EuroCucina.

Na Eurocucina os destaques foram as pedras naturais ou materiais ecológicos com essa textura.

Em outros lançamentos, elas ganharam ainda mais destaque ao receberem acabamentos metálicos. O que contribuiu para potencializar o apelo estético ao trazer um toque sofisticado às peças. Pela primeira vez, a Maison Dior convidou Philippe Starck para reinventar a icônica cadeira Médaillon.

A cadeira Medalhão dos anos 90 reeditada pelo designer Phillipe Starck para Maison Dior – Foto: Divulgação

Outra tendência marcante foi a valorização do conforto e do acolhimento nos móveis e revestimentos. As formas orgânicas estão em alta principalmente nos estofados, que parecem nos abraçar com suas curvas, e volumes mais arredondados, tecidos mais felpudos como bucles e pelos sintéticos também estavam presentes nos principais lançamentos.

Eurocucina exibe cozinhas coloridas e revolucionárias – Foto: Divulgação

As referências à natureza também estiveram presentes. Na exposição da Moooi, uma das mais badaladas, o designer Marcel Wanders explorou da fauna à flora em seus estofados, papeis de parede e tapetes. Os lançamentos da Moooi estampavam tigres, cobras e outras espécies e em móveis que se assemelham a flores, folhas e raízes.

Diz-se que a mera visão das plantas promove uma sensação de calma. Após bloqueios pandêmicos que levaram muitos meses de isolamento em casa, os designers abraçaram a serenidade e o escapismo de ambientes e paisagens campestres. Pinturas botânicas e paisagens florestais foram temas recorrentes no salão e nas exposições pela cidade.

A exposição da Moooi e sua coleção inspirada na natureza e tecnologia a frente dos tempos. – Foto: Divulgação

Por Myrna Porcaro
Interior Designer na Flórida onde assina diversos projetos residenciais.
Para conhecer mais seu trabalho, visite o site myrnaporcaro.com ou Instagram @myrna.designmiami

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