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( votes)* Daniel Toledo
Eu vi uma matéria publicada em um grande veículo de imprensa que me chamou bastante atenção nos últimos dias. O texto traz uma análise sobre um mercado bastante em alta nos Estados Unidos, mas que o brasileiro insiste em chamar de subemprego, que são faxinas e tudo o mais que envolve o mercado doméstico.
Além disso, há também outro ponto que gerou certa polêmica nas redes sociais, que foi o fato de uma ex-participante de um programa de reality oferecer uma vaga de emprego para empregada doméstica, mas ela deveria fazer inúmeras tarefas. O desespero por este tipo de profissional era tanto, que ela chegou a oferecer até cinco mil dólares. Na prática, nos Estados Unidos não funciona bem assim. Cada um atua e executa em determinada função e o que a atriz queria era algo como ela tinha no Brasil.
E na América tem de tudo e oportunidade para todos, exceto nessa situação acima. Por isso, recebe diariamente uma enxurrada de pessoas carregando esperanças de dias melhores, de uma nova vida. E em meio a essa multidão estão os brasileiros. Excelente trabalhador, ele vai se virar ainda mais quando é imigrante e principalmente quando pisa nos Estados Unidos. Ele passa a trabalhar em dois, três, quatro, cinco empregos e se conseguir, até seis afinal é preciso ganhar dinheiro para viver e pagar as contas e é nessa ciranda que ele começa a entender que quanto mais se trabalha, mais se ganha porque o resultado começa a aparecer.
E é justamente isso que frustra no Brasil. As pessoas não conseguem enxergar o resultado do trabalho. Isso simplesmente não acontece, o dinheiro acaba antes do final do mês e aquilo que vai entrar não paga os custos. Essa é vida do brasileiro médio, que apenas sobrevive e quando precisa comprar algo, só o faz por meio do parcelamento, sobrecarregando o empresário que tem que lidar com compras a prazo, e aí é ladeira abaixo… juros, cheques especiais e cartão de crédito estourado. Haja esperança!
Todo esse cenário caótico tem servido como cartão de embarque para outros países e continentes. Muitos brasileiros têm conseguido viver, viajar, pagar as contas se valendo dessas ocupações consideradas erroneamente de subempregos. Vou dar um exemplo, se você quer uma empregada doméstica ou faxineira, por exemplo, vai precisar desembolsar de 80 a 150 dólares para um trabalho de três horas e não estou falando de limpeza pesada, daquelas de esfregar rejunte, lavar banheiro como o pessoal no Brasil gosta. Refiro-me a apenas a passar pano, limpar por cima, arrumar uma cama ou outra e acabou. Precisa passar roupa? É à parte.
Quem encara tudo isso acaba tendo um modelo de negócio lucrativo em mãos porque essa mesma pessoa pode atender diversas casas em um mesmo dia, porque são três horas no máximo em cada residência, o que pode resultar em 240 dólares por dia. Em um mês, vinte dias trabalhando, são 4.800 dólares que ela pode ganhar por mês fazendo esse tipo de trabalho. Com esse valor é possível sustentar, num padrão médio, uma família de três até quatro pessoas nos Estados Unidos e ter um ótimo poder de compra.
Mas se essa pessoa for casada, ajudar com uma segunda renda e ganhar aproximadamente mais 4 mil dólares, estamos falando em quase dez mil dólares por mês familiar, ou seja, esse padrão de vida sobe muito e, além disso, vai permitir uma sobra de caixa muito grande. Isso vai permitir pagar um aluguel de 2 mil dólares porque na maioria dos estados, você vai conseguir uma casa muito boa por este preço. Mais carro e outras coisas, vai acabar gastando próximo de seis mil dólares por mês para ter uma qualidade de vida muito boa para sustentar os dois filhos, manter o casal e, principalmente, ter uma perspectiva de vida.
Os brasileiros, ao se depararem com a evolução de quem tem a coragem de meter o pé na estrada, se frustram ainda mais, mesmo aqueles com diplomas de nível superior que, convenhamos, só serve para pôr na parede porque o mercado de trabalho está subvalorizando o profissional qualificado. Querem o melhor funcionário possível pelo menor preço e isso tem feito com que muitos brasileiros queiram sair do país e buscar melhor sorte em outros países.
Infelizmente o Brasil está perdendo muitos profissionais, sejam aqueles que são pouco qualificados, com diplomas ou até com mestrados e doutorados. A verdade é que todos querem, ou estão pensando, em deixar o país porque não estão encontrando a mínima possibilidade de progresso, de crescimento. Por isso, a busca desenfreada por alternativas. Para se ter uma ideia, só em fevereiro deste ano o nosso escritório recebeu mais de 300 solicitações e reuniões de famílias querendo saber como iniciar um processo migratório.
Foto: Alexander Mills / Unsplash
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