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( votes)Estamos atrás da beleza o tempo todo: casas bonitas, carros bonitos, paisagens deslumbrantes, o restaurante bonito e a mesa mais charmosa do restaurante bonito. Queremos o cachorro bonito, vamos atrás do presente que encha os olhos do presenteado, a taça estilosa e também comemos com os olhos o prato mais apresentável do cardápio. Procurar beleza é humanamente compreensível e não é diferente quando se trata de gente e da gente.
Porém, existe uma espécie de vigilância politicamente correta neste sentido. Como se fosse meio pecaminoso esta busca pessoal pela aparência que agrada aos olhos, aos nossos e aos dos outros. É comum, quando falamos do belo, que as pessoas misturarem as coisas e passem a enaltecer o caráter, a simpatia ou a tal “beleza interior” como se esses valores fossem equivalentes. Não são. É tudo fundamental, mas são complementares.
Não existe futilidade em querer pertencer ao hall dos bonitos, em flertar com o espelho porque esta ação é prima-irmã da autoestima que, por sua vez, anda de mãos dadas com a saúde do corpo e da mente. Somos um cartão de visitas de nós mesmos.
Somos a capa de um livro que tanto pode ser um best-seller como uma história pra boi dormir, mas que só vai atrair leitores se a apresentação da obra valer a pena.
O x da questão
O que provavelmente gera a polêmica é que a grande maioria não quer encontrar a própria beleza, mas a do outro. E é isso que provoca frustração: não queremos achar o melhor corte para o nosso cabelo. Queremos o cabelo da modelo, que, muitas vezes, nem é o dela. Compramos o vestido que fica bom em um corpo que não é o que sustentamos ao invés de encontrarmos a roupa que vista lindamente nossas curvas.
Falta um olhar amoroso, de olhos que não precisam ser necessariamente azuis ou verdes, para com nós mesmos, identificando pontos fortes – todo mundo tem – fazendo com que fiquem ainda mais fortes de modo que os pontos fracos se tornem anêmicos. Um corpo fora do peso ideal pode sim ser trabalhado para agradar seu dono desde que ele não se esqueça que não é só fim do processo que interessa. Querer melhorar é sempre uma viagem que vale a pena desde o portão de embarque.
Promover nossa beleza, com recursos próprios, descobrindo o que nos valoriza e o que nos deprecia é um exercício cheio de descobertas mágicas que pode ser feito a partir de agora.
Não se arrume apenas para ir à festa. Ou melhor: se arrume sim. Mas entenda que nesta festa chamada vida você não é um convidado, mas o anfitrião, que precisa estar lindo o tempo todo.
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