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Hollywood: Filme estrelado por Anthony Hopkins terá trilha sonora de brasileiro 

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Brasileiro premiado com o Gold Lions revela como transitou da cena musical nacional à produção de trilha sonora em Hollywood, incluindo o novo filme “Eyes in the Tree”

Dono de uma carreira musical que deu início nos anos 2000 no Rio de Janeiro, Ivo Senra vem mostrando suas habilidades nas telas do cinema. Após ser nomeado em 2021 e vencer o Golden Lion em Cannes no ano seguinte (com a peça publicitária Deloitte’s “Prevention Grid – Sustainability”) o artista já participou de inúmeras trilhas sonoras, dentre elas, a do documentário “Lula”, dirigido por Oliver Stone e da animação “Arca de Noé” produzido por Walter Salles. Para a obra protagonizada pelo ator Anthony Hopkins“Eyes in the Tree”, o artista projeta-se mais um vez na indústria cinematográfica, com um novo repertório musical responsável por fortalecer a narrativa e conectá-la com o público.

Ainda sem data de lançamento, o longa-metragem, dirigido por Timothy Woodward Jr., contará com Ivo Senra, em uma participação especial,sendo responsável por criar a atmosfera de tensão e suspense no filme, que se enquadra nos gêneros de terror e ficção científica, por meio dos sintetizadores, sua especialidade.

“Fui convidado pelo produtor e compositor Daniel Figueiredo para integrar à equipe de trilha sonora devido à minha especialidade com sintetizadores – uma habilidade rara na indústria, até mesmo nos Estados Unidos, onde ainda existem poucos profissionais habilitados a executarem essa função,” explica.

Desempenhando o mesmo cargo, o músico tem sido constantemente requisitado por Heitor Pereira para contribuir em trilhas sonoras, programando sintetizadores e participando em diversas outras funções da trilha original dos filmes. Da mesma forma, colaborou também com Hugo de Chaire (compositor britânico premiado) em dois filmes recentes, The Conqueror: Hollywood Fallout (2024) e The Ghost Trap (2024), atuando como programador de synth (Synth Programming).

Radicado em Los Angeles desde 2019, Ivo Senra tem sido peça-chave na construção sonora de produções de grande relevância, desde documentários políticos às animações.  “Acho que minha persistência em tentar me manter artisticamente ativo e não apenas cumprir uma função musical no mundo é o que me diferencia”, acredita. “No cinema, por exemplo, trabalho muito com sons eletrônicos e tenho facínio por orquestração híbrida, e programação de sintetizadores. Uma abordagem ainda pouco explorada no universo das trilhas sonoras”, explica o especialista.

Em “Lula” (2024), dirigido e produzido por Oliver Stone, o brasileiro atuou como produtor da trilha sonora original (Score Producer), um termo sem tradução exata para o português, mas que equivale ao papel de produtor da trilha sonora original do filme, colaborando na criação de uma trilha que reforça a narrativa sobre a trajetória do atual presidente. Já na animação “Arca de Noé” (2024), produzida por Walter Salles, o músico contribuiu como compositor e orquestrador adicional, agregando sua experiência também como orquestrador.

No universo dos longas-metragens, Ivo participou ativamente de filmes como “Dirty“, estrelado por Theo Rossi e Ron Perlman, onde assinou como arranjador e compositor adicional, trazendo texturas sonoras imersivas e contemporâneas para as trilhas.  

“Sempre adorei cinema. Como eu me formei em composição, na UFRJ, trabalhei com diversos estilos musicas como músico, e produzi alguns albuns. Isso serviu como uma formação para entrar no trabalho com trilhas que exige um conhecimento bem amplo”, afirma.

Da cena musical do Brasil para as telas do cinema  

Há 25 anos, Ivo Senra já demonstrava sua vocação, atuando como músico de diversos artistas e como produtor de álbuns e shows. Seu talento foi rapidamente reconhecido ao receber, em 2010, o Prêmio da Música Brasileira na categoria Melhor Álbum de Música Eletrônica pelo disco Lá Onde Eu Moro, de João Hermeto, do qual foi produtor ao lado de Marcos Suzano.

Logo, Ivo consolidou-se na música experimental e fundou o Coletivo Chama, um grupo que tornou-se referência ao levar a música brasileira contemporânea para o exterior. Entre 2013 e 2017, o coletivo se apresentou anualmente em Nova York, em uma mostra de música brasileira junto ao Winter Jazz Festival, um dos eventos mais importantes do gênero.

O impacto do Coletivo Chama ultrapassou fronteiras. Em 2015, o grupo encerrou a XXI Bienal de Música Contemporânea no Brasil, da Funarte, com canções de Mário de Andrade, um feito inédito para músicos do universo popular, segundo o artista. Esse momento ajudou a reforçar a vertente nacional do Third Stream, uma fusão de música erudita e popular.

“O termo Third Stream surgiu nos Estados Unidos há alguns anos e já foi explorado por outros músicos brasileiros, como Egberto Gismonti e Yamandu Costa. No entanto, tivemos a oportunidade de levar essa fusão musical para o Brasil em grande estilo, especialmente por meio de nossa apresentação na Bienal de Música Contemporânea, um marco inédito no evento”, considera Ivo.

Além do trabalho com o Coletivo Chama, Senra se destacou na produção de álbuns para artistas como Thiago Amud, Pedro Sá Moraes, Gabriel Moura, Caio Prado, e Carol Naine e performances ao vivo  com os músicos Romero Lubambo, Seu Jorge, entre outros. Também assinou a produção especial de uma faixa do álbum comemorativo de 35 anos de carreira de Elba Ramalho.

Para o carioca, que transitou por diversas áreas da música, como compositor, orquestrador, arranjador, produtor musical, pianista e sintetista acompanhando artistas  e produzindo álbuns, a transição para o cenário internacional veio com naturalidade.

Sua notoriedade na cena internacional cresceu conforme passou a se apresentar nos EUA e Canadá, colaborando com Dianne Reeves, Nels Cline e Bob Franceschini. Foi nesse contexto que recebeu o convite de Heitor Pereira, compositor responsável por grandes trilhas sonoras de Hollywood e algumas das mais famosas animações do mundo (Minions, Angry Birds, Meu Malvado Favorito, Smurfs, entre outros).

Foi nesse contexto que recebeu o convite de Heitor, para tocar no primeiro concerto do músico no Brasil.

“Acabei assumindo funções de direção musical desse concerto, ajudando Heitor Pereira a estruturá-lo. A partir disso, ele me convidou para integrar seu time no Remote Control, complexo de estúdios de Hans Zimmer, em 2019. Foi quando me mudei para Los Angeles e comecei a trabalhar como compositor, arranjador e orquestrador de cinema”, relembra Ivo, que teve participação na sua chegada a Los Angeles em  Minions 2 e O Gato de Botas  – O ùltimo Pedido.  

O impacto de sua produção também recebeu reconhecimento da crítica. O jornalista Jon Pareles, do The New York Times, comparou o trabalho de produção de Ivo para o grupo Escambo à contribuição de George Martin para os Beatles.

Com uma carreira que transita entre o experimental, o popular e o cinema, Ivo Senra segue expandindo sua trajetória internacional e consolidando seu nome entre os grandes produtores e compositores da indústria audiovisual.

Para Ivo Senra, a música sempre foi um desafio de resistência. “Se alguém que vive de arte disser que foi fácil ou está mentindo ou é louco”, reflete. “Trabalhamos com algo muito novo, provocativo, inovador. O artista precisa aprender a sobreviver a isso.” Persistência, segundo ele, é o diferencial. 

Ivo Senra anuncia participação especial em trilha sonora de filme com Anthony Hopkins

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