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( votes)Está na hora de voltar a conjugar o melhor verbo em todos os idiomas: vamos viajar?
A falta de mobilidade esteve entre as coisas mais frustrantes do período crítico da pandemia, com a impossibilidade de fazer nem que fosse uma mochila e pegar uma estrada para logo ali, mas um “logo ali” que atendesse pelo nome de “viagem”. Porque, como diz a letra da poesia, navegar é preciso.
Vacinação em progresso, hotéis adaptados aos protocolos sanitários, normalidade ainda meio tímida começando a dar o ar da graça e agora dá para pegar a escada e baixar a mala esquecida no fundo do armário: porque férias à vista e a festa vai começar! Sim: viajar de férias é festa que dura mais que algumas horas e começa bem antes de fechar a necessaire. Ainda mais depois de tanta reclusão!
Viajar é investimento que merece entusiasmo já no planejamento, na escolha do destino, da data, dos roteiros e na seleção das hospedagens. E aqui vai um pensamento pessoal que pode até parecer meio besta: realmente não acredito que a escolha do alojamento caiba na máxima “ah, tanto faz, a gente vai ficar tão pouco mesmo dentro do quarto”. Na minha opinião, você pode desgraçar uma viagem ao paraíso se escolher mal seu pouso.
Voltar de um dia de passeios para um lugar que te faz olhar tudo com desconfiança, com aquela sensação de “melhor não encostar em nada ou abrir gaveta para não ter surpresa” não é exatamente minha ideia de férias. E não se trata apenas de se instalar em hotéis 12 estrelas, casas nababescas ou guaridas dignas de sheik árabe, mas de ter critério. Hoje a tecnologia nos dá a opção de ir além das fotos convidativas e cheias de retoque dos sites de reserva. Podemos interagir com os hóspedes por meio dos comentários e redes sociais, avaliando reclamações ou elogios recorrentes, mensurando a amabilidade com que somos atendidos pelos anfitriões muito antes de bookar.
A oferta de lugares por preços que cabem em todos os bolsos, aliando boa relação custo-benefício, é abundante e, vale lembrar, pagar caro em uma diária de hotel passa longe de ser sinônimo de ficar bem hospedado. Já deixei um rim por espeluncas que não valiam uma unha encravada e desfrutei de pousadinhas charmosas, cheirando a limpeza e bem-estar, por preço de jantar para dois em fast-food.
Faça a mala e desfaça a rotina
Alguns viajantes torcem o nariz para a etapa de fazer a mala. Particularmente, não entendo como não gostar desse ritual sagrado, que envolve encaixotar o que se tem de bonito para vestir os dias mais felizes do ano. Ok, o bom senso pede a prudência de não pecar pelo excesso ou cair na armadilha de “e se eu precisar disso?”, ao olhar o casaco de pele, herança da tia politicamente incorreta, que pesa duas toneladas, ao arrumar a mala para o Caribe.
E tudo bem se viaja com duas mudas de roupa se é só dessa leveza que você precisa. Porque viajar é também se despir um pouco de você para vestir a alma com outras cores, outros nortes. Cada vez que a gente viaja, carimba o passaporte para um destino chamado “eu”. Por isso, não importa a distância que tomamos do local de origem ou a duração das férias, mas de quanto tempo é necessário para nos desconectarmos da rotina e nos reconectarmos com quem somos, voltando para casa com muito mais de nós na bagagem.
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