Negar que sofremos às vezes é mais fácil, mas não resolve o problema
Vida & Saúde

Como lidar com o sofrimento?

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Por Dr. Ana Gouvea

Faz parte da essência humana ter momentos bons e maus. Não existe vida perfeita. Todos nós passamos por experiências que nos fazem sofrer. Pode ser a partida de um ente querido, um divórcio, a perda de um emprego, uma briga com um amigo, um não que não esperávamos, um concurso no qual fomos reprovados. Todos nós temos nossas listas de decepções e angústias. Quando uma pessoa procura um psicólogo, é porque está sofrendo e não está conseguindo lidar bem com esse sofrimento. A psicologia oferece diferentes nomes para o sofrimento: luto, ansiedade, depressão, transtorno obsessivo compulsivo, trauma etc.

Algumas experiências que nos fazem sofrer não podemos evitar, como a morte de alguém que amamos. Mas muitas vezes também contribuímos para aumentar o nosso sofrimento ou carregamos esse sofrimento por muito tempo. Escrevendo este artigo estou me lembrando de um livro, no qual um psicólogo descrevia um cliente que chegou em seu consultório muito abalado com o divórcio da mulher. Com muita raiva reclamava sobre ela ter achado outro homem nas suas costas e de ter feito isso com ele depois de tudo de bom que ele fez para ela. Em um determinado momento da sessão, o psicólogo comenta que divórcios recentes são muito difíceis de aceitar e pergunta ao cliente quanto tempo fazia que ele tinha se divorciado. A resposta: 17 anos no mês passado!

Esse exemplo caracteriza bem a nossa dificuldade de seguir em frente com alguns acontecimentos que nos fizeram sofrer e como podemos carregar esse sofrimento indefinidamente. Mas existem outros exemplos menos dramáticos. Por exemplo, quando um amigo confirma a saída para jantar e aí nos “dá um bolo” na última hora porque teve uma emergência. Podemos pensar que esse amigo não gosta da gente ou que está mentindo e fazer várias suposições sem respaldo na realidade, como “ninguém realmente gosta de mim”, “tem algo errado comigo porque não é a primeira vez que isso acontece” etc. Nossa mente pode ir de um pensamento para outro sem parar e, se pararmos para pensar, todos os pensamentos criam mais sofrimento e nos fazem mais tristes. E aí destruímos a noite sofrendo pelo jantar que não aconteceu. Mas suponha que no dia seguinte ficamos sabendo que a emergência do amigo era verdade mesmo. Quanto tempo perdemos nos atacando e sofrendo?

Então, como lidar melhor com o sofrimento que nós muitas vezes criamos? O primeiro passo é começar a reconhecer as situações nas quais estamos criando sofrimento. Quando começamos a reconhecer essas situações, temos mais poder para mudar. Depois precisamos trabalhar para aceitar a situação com autocompaixão e gentileza com nós mesmos. Aceitar as adversidades da vida, pequenas ou grandes, é um trabalho difícil que requer coragem emocional. Negar que sofremos às vezes é mais fácil, mas não resolve o problema. A dor está ali internalizada e a carregamos para onde formos: uma nova relação, um novo trabalho, uma nova cidade. Procure se conhecer melhor. Observe o que passa na sua cabeça e o que te faz sofrer. Tente entender o quanto você contribui para aumentar esse sofrimento. Reconheça e aceite e se aceite. Esse é o primeiro passo para viver uma vida mais feliz.

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