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( votes)A cidade de Boca Raton e a comunidade brasileira da Flórida recebem, no dia 10 de setembro, a cantora Bebel Gilberto, que se apresentará na nova edição do Brazilian Beat Festival. Filha do “pai” da bossa nova, o cantor e compositor João Gilberto, e da cantora Miúcha, Bebel nasceu e vive em Nova York há mais de 20 anos, onde é reconhecida como uma das mais respeitadas cantoras da música popular brasileira. Confira o papo de Bebel Gilberto com a Acontece Magazine.
Bebel, você nasceu nos Estados Unidos, mas teve a experiência de viver no México e depois no Brasil. O que fez você escolher viver em Nova York há mais de 20 anos?
Porque nasci aqui (risos). Quando era pequena sempre falava que ia morar aqui. Vim com 9 anos, na época em que meu pai tocou com Stan Getz no Carnegie Hall. Voltei com 24 anos e fiquei um tempo com meu irmão, aí fui para Manhattan e nunca mais voltei.
Você teve uma grande amizade com Cazuza e compôs a canção “Preciso Dizer Que Te Amo” com ele. Agora, tantos anos depois, o que significa ele e também esta música para você?
Ele é muito presente na minha vida. Tenho o mesmo grupo de amigos até hoje e falamos sempre dele. Me considero uma sortuda. Ele me adorava, e eu a ele. Ele me tratava como se fosse a irmã mais nova dele. Quando a gente ia para as festas, ele me cuidava, levava para casa, muito querido. Ele era muito generoso, tinha grana, casa com piscina, então ele queria que os amigos aproveitassem tudo aquilo. A Lucinha [Araújo, mãe de Cazuza], virou uma mãe para mim também. “Mais Feliz” foi primeiro, e depois veio “Preciso Dizer Que Te Amo”. Estava preparando meu primeiro disco em Petrópolis. Era inverno, saímos da sauna, tomamos vinho e começamos a cantar a melodia. Ele subiu, escreveu a letra e cantei. Mudamos um pouco mais e no dia seguinte estava pronta.
Sente orgulho em ser uma representante da música brasileira de qualidade no exterior?
Claro que sim. Isso é um mito também porque muitos brasileiros tocam pelo mundo. Eu me sinto à vontade aqui nos EUA e tenho mais facilidade em transitar e fazer turnê por aqui. A disponibilidade, a logística, fica mais fácil para mim do que para um artista que mora no Brasil. Em vez de ir a Teresina, vou para San Antonio, entende? Fica mais fácil crescer e fazer sucesso aqui fora para mim. Nada contra Teresina, um dia quero fazer show lá também
Você já gravou canções que fazem parte da trilha sonora de filmes como “Eat, Pray and Love” e sua música esteve no playlist no lançamento do iPod, além de muitas campanhas publicitárias. Como se sente fazendo parte desses projetos? E como se sente quando houve sua música no cinema, na TV, rádio ou numa loja?
É um sentimento único. Acho que é como ter um filho, ou ver a formatura dele. Já tive várias situações sozinha numa loja ou restaurante quando toca uma música minha. Eu fico escutando, observando as pessoas. É muito legal.
Como é o seu dia a dia em Nova York? Ensaios, gravações, amigos…
Eu tenho uma vida pacata. Gosto de ficar na varanda de biquíni tomando sol com as minhas plantas, curtindo o verão de Nova York. Adoro yoga, cozinhar, ter amigos em casa. Compondo com o meu tecladista, depois jantar, vinho. Trabalho tem que ser assim, com amizade e vinho (risos). Adoro o bar Nublu e sempre vou com minha turma. Tenho uma relação de família com as pessoas com quem trabalho, aquela coisa brasileira mesmo.
Você é daquelas que mantém as tradições brasileiras em casa ou leva uma vida mais americana?
Acho que uma mistura. Sou bem americana, bem prática, mas tenho o meu cafezinho, minha comidinha brasileira. Uma vida de “new yorker” mesmo, então, é diferente quando estou em casa e quando estou em turnê.
Você também teve a experiência de dublar um personagem do filme “Rio”. Tem vontade ou planos de fazer outras dublagens?
Foi superlegal. O Carlos Saldanha [diretor de “Rio”] foi muito querido, muito bacana. Adorei a experiência. Adoraria fazer mais disso. É um aprendizado, um exercício ótimo. Gostaria de fazer um projeto assim uma vez por mês.
Com que artistas brasileiros ou internacionais você gostaria de fazer uma parceria musical hoje?
Do Brasil acho que a Marisa Monte. Somos muito amigas e já falamos disso, mas ainda não aconteceu. Do lado internacional, a Charlotte Gainsbourg.
Você vem muito a Miami? Que lugares da cidade gosta de frequentar?
Já estive muito aí. Adoro a praia, andar em South Beach no final da tarde. Adoro o Raleigh Hotel com aquela piscina maravilhosa.
Bebel, o que os brasileiros podem esperar de seu show no Brazilian Beat Festival em Boca Raton?
Esse show vai ser um pouco acústico, mas animado e dançante também, com músicas da minha carreira e de meu mais recente CD “Tudo”. Tem a música “Creep”, do Radiohead, que fiz um arranjo bem legal com meu parceiro Masa, o japa brasileiro que toca guitarra. Meu vocal vai ser mais destacado, vou estar despida (risos). Vai ser muito bonito, muito puro.
Depois de “Tudo”, lançado em 2014, há planos de lançar um novo álbum?
O plano está devagar, mas constante. Quero fazer bem diferente, só com DJ. Quero sem gravadora, sem pressão. Não posso falar muito, mas vou fazer minha própria coisa. Vai ser uma forma diferente de lançamento. Aguardem!
Por Connie Rocha
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