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BBB 21: Entrevista com Nego Di

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Nego Di topou o convite para entrar no BBB 21 com uma promessa feita a si mesmo: mergulhar na experiência. E assim fez. Ganhou a primeira prova de imunidade da temporada, foi o primeiro líder da edição, fez alianças, jogou e se divertiu. Mas não agradou a todos – foi ao paredão com Sarah e Fiuk, e deixou a casa com o recorde de votação do ‘Big Brother Brasil’: 98,76% dos votos do público. “Muitas pessoas acham que eu fui vilão, mau caráter. Mas houve também quem percebeu que eu estava com as pessoas erradas. Eu só tinha como analisar aquilo que estava na minha frente para poder julgar e me posicionar”, pondera. Nesta entrevista, além de avaliar as causas de sua saída, o comediante fala sobre as amizades que fez na casa, seu posicionamento no game, a fama de “vilão da edição” e quais acha que serão os rumos do jogo com a sua saída.

Como você avalia sua trajetória no ‘Big Brother Brasil’?

Foi uma trajetória confusa. Me vi perdido em vários momentos, sem saber o que fazer e no que acreditar. Depois que eu saí, percebi que realmente estava cego, talvez até tenha sido manipulado lá dentro.

Chegou a definir uma estratégia de jogo?

Eu não tinha uma estratégia. A minha maneira de jogar foi tentar ser eu mesmo, dar a minha melhor versão dentro do programa. Eu via o BBB como uma oportunidade de mostrar para a galera que já me conhecia um lado mais humano de mim. Muita gente só conhecia o humorista e outras pessoas, sem conhecer, já não gostavam por causa de alguma piada. Eu já estava nesse processo de mudança antes mesmo do ‘Big Brother Brasil’, tanto que muita coisa que a galera trouxe eu estava revendo. Nos últimos tempos eu estava focado nos negócios e devagar no humor. Eu já estava caminhando junto a esse processo de evolução que o mundo está passando. E eu vejo o BBB como uma oportunidade de mudança. As coisas que eu falei anos atrás não são para sempre. Eu comecei a fazer humor com 19 para 20 anos e agora eu já vou fazer 27, então mudou bastante a minha cabeça.

Já deu tempo de tentar entender a votação que recebeu do público? Como está lidando com isso?

Eu estava num grupo que o público quer muito tirar, que galera está vendo como os vilões da casa. Agora eu percebo que algumas coisas que eu pensava lá dentro realmente fazem sentido aqui fora. Eu tive alguns debates com a Lumena, por exemplo, sobre a militância dela. Eu também comentava com a Karol para ir com calma. Amigo não é jogar gasolina; ele te puxa para a realidade. Existe uma linha tênue: eu pensava que poderia ser boa ou ruim a atitude dela. Então, se eu fosse contra, poderia ser bom para mim ou péssimo, porque o Brasil todo poderia se voltar contra mim, achando que eu não estava vendo algo no meu nariz. Eu fiz um movimento de chamar todos os negros para o VIP quando eu fui líder porque eu não conhecia ninguém ali e eu achei que era uma questão de representatividade, eu me senti na obrigação de fazer isso. Eu vi uma postagem que representa exatamente o que eu fiz: nós negros vivemos por muito tempo na xepa. Vi que algumas pessoas não gostaram, mas faz parte. São decisões que temos que tomar no momento.

Na dinâmica do “influenciado x influenciador”, no Jogo da Discórdia, vários participantes te apontaram como influenciador. Você acredita ter assumido esse papel no jogo?

Eu acredito que sim. Na vida aqui fora, eu gosto de me posicionar nas redes sociais, com os meus amigos, com a minha família. Eu sou influenciador, tenho ideias. Porém, eu vi muita gente que participou comigo, inclusive encabeçou algumas ações que tivemos no jogo, e que passavam despercebidas, talvez por não falarem diretamente. O Projota, por exemplo, era um cara com quem eu tinha uma ligação muito grande lá dentro. Várias coisas que nós pensamos foram ideias dele. Mas, por ele ser o Projota, parecia que as pessoas colocavam o artista à frente de qualquer situação. Eu tenho essa característica de ser muito visceral quando não concordo com alguma coisa. Assumo um posicionamento e não consigo fingir e falar com o outro como se nada estivesse acontecendo. Isso me prejudicou. Já o Projota era um cara muito político. Mesmo se ele tivesse com raiva da pessoa, ele conseguia dançar junto e dar risada. Em determinado momento, eu me vi não falando com as pessoas dentro da casa. E, por mais que seja um ideal meu, é como o Tiago falou ontem: quando a gente enrijece muito, o risco é quebrar. Eu sou muito inflexível, é uma questão minha. Eu acho que estou certo e demoro até perceber que não.

O que te levou a fazer alianças com alguns participantes, no seu caso com Karol, Lumena, Projota, Pocah?

Primeiramente foi uma questão de identificação. Quando eu vi o Lucas, que foi a primeira pessoa que me chamou atenção e com quem eu tive afinidade, eu brinquei com ele que parecia um episódio de ‘Todo Mundo Odeia O Cris’, quando ele encontra um outro negro. E quando eu vi várias pessoas negras na casa, fiquei muito feliz. Então, eu comecei a me aproximar dessas pessoas porque nós temos muitas coisas em comum, nós trocamos experiências, vivências que tivemos. E eu fui me aproximando e lapidando essas relações. Com uns tinha mais proximidade, com outros nem tanto.

Pretende levar essas amizades para a vida aqui fora?

Pretendo sim. Uma amizade que eu quero trazer aqui para fora é o Projota. Independentemente de ter ido pelo caminho errado ou não, é um cara que precisa ver essas coisas que eu vi porque também caiu nessa teia – eu enxergo dessa maneira. O Fiuk é uma pessoa de quem eu aprendi a gostar, apesar de muita gente não entender o jogo dele na casa. Eu vi que ele tem um coração bom, se preocupa com o que ele vai fazer lá dentro, com as pessoas. A Viih também é alguém que eu quero ter contato, pois tive um carinho muito grande por ela na casa. Tem uma galera legal, mas eu ainda preciso entender o que aconteceu na minha ausência para ver se realmente vale a pena conviver com essas pessoas.

Você começou o jogo bem próximo ao Lucas e disputou provas em dupla com ele. Depois se afastou dele. O que provocou seu afastamento?

Ele começou a ter algumas atitudes que eu não consegui identificar como certas, algumas brigas com as meninas, o fato de apontar o dedo. Ele me despertou uma sensação estranha. Por questões pessoais, eu comecei a ver que aquilo não era legal. Algumas precipitações dele, alguns assuntos que ele me trazia que, de certa forma, me colocavam em saia justa lá dentro. E o fato de ele estar sendo visto de uma maneira e as pessoas estarem me colocando no mesmo balaio. A gente não tem referência do que está acontecendo aqui fora. Praticamente todas as pessoas da casa estavam contra ele por diversos motivos e eu não compactuava com esse pensamento. Quase todas as vezes que nós conversamos, ele nunca me trouxe a versão dele. O momento em que a Karol fala com ele na mesa da cozinha, por exemplo, eu nunca fiquei sabendo. Quando chegava em mim era de outro jeito. Então, lá dentro não tinha como saber. Mas uma coisa que eu sempre deixei bem claro para ele era que eu queria um dia para eu pensar, esperar um pouco para entender o que estava acontecendo, que depois eu falaria com ele. Mas ele não me dava esse tempo. Eu passava por ele e ele já queria conversar. Em determinado momento eu quis muito que ele não fizesse mais parte da convivência porque eu mesmo já estava querendo ir embora por causa dele. E depois veio um sentimento de que poderia ter sido diferente. O cara poderia estar numa boa. Na segunda prova do líder, eu acredito que a gente poderia ter ganhado. Eu fiz com a Lumena e, na minha opinião, o Lucas seria mais ágil que ela. Se eu tivesse com ele naquele momento, nós poderíamos ter vencido.

Dentro da casa vocês falavam muito sobre a pauta do cancelamento. Em algum momento do jogo você teve medo de ser cancelado?

O pensamento que eu sempre tive era de que eu estaria entrando cancelado. Eu queria entrar lá para mudar a visão que eu sabia que a galera teria por conta dos vídeos e tudo mais. A gente tem receio de falar alguma coisa errada, mas chega um determinado momento em que a gente só está vivendo. Aquilo parece uma casa de praia em que você está com os seus amigos, as câmeras estão ali e você não vê ninguém. Na vida a gente fala besteira, pensa e faz coisas erradas. Mas a diferença é que havia milhões de pessoas julgando. Pessoas que, às vezes, não entendem o que é estar naquela posição.

Você se arrepende de alguma coisa que tenha feito dentro do BBB?

Hoje, com outra visão, eu me arrependo de ter ficado tão próximo à Karol. Eu me arrependo de não ter tido a sensibilidade de ver o que estava sendo feito ali. Se eu não tivesse ficado próximo a ela, o resto não aconteceria.

Em conversa com o Projota, você chegou a questionar se estariam sendo os vilões da edição. Agora aqui fora, acredita que essa visão tenha se consolidado perante o público?

Eu acredito que para a maioria sim. Muitas pessoas acham que eu fui vilão, mau caráter. Mas houve também quem percebeu que eu estava com as pessoas erradas. Eu só tinha como analisar aquilo que estava na minha frente para poder julgar e me posicionar.

Nos seus últimos dias na casa, você afirmou que o BBB seria uma oportunidade de se tornar uma pessoa melhor. Que aprendizados tira dessa experiência?

Eu tiro muitos aprendizados, principalmente por ter estado próximo a tantas mulheres ao mesmo tempo. A gente não tem noção do quanto é difícil a vida de uma mulher. Eu já tinha uma ideia por conta da minha mãe e de ver tudo o que ela passou. Mas, mesmo assim, às vezes a gente acha que é um bom homem, um bom companheiro, mas só está fazendo o mínimo. Eu venho percebendo isso ao longo do tempo, mas com os relatos delas eu me dei conta de que eu já fui um idiota e achei que estava sendo legal. Em outras questões, como a paternidade, eu percebi que sou um bom pai. Outro ensinamento que eu levo comigo é não confiar facilmente nas pessoas, sempre tentar não me envolver em treta que não é minha. Eu já tinha isso comigo, mas lá dentro eu acabei mergulhando no jogo e em tudo o que estava rolando. Acho que agora vou acabar me fechando mais.

Como acredita que o jogo vai seguir depois da sua eliminação? Imagina uma virada?

A análise que eu faço é de que o Projota, se não cair nos próximos paredões, – como é um cara muito inteligente e já está refletindo – vai dar uma virada e entender que não é o caminho. A Karol não tem jeito de arrumar, nem a Lumena. A Lumena tem uma questão visceral com a militância, que é, sim, necessária em alguns momentos, mas em outros não. A Karol, por mais que tente demonstrar para as pessoas que mudou, é uma pessoa que vai falar uma coisa com os participantes aqui e, no quarto com a Lumena, vai dizer outra coisa. No final das contas, quem julga é o público e as pessoas estão vendo isso. Tem que rezar para não bater tão cedo no paredão. E o resto da galera é incógnita: tem muita gente que está passeando e não se envolve em nada. Eu não sei se o resto dos participantes vão colocar eles na “fogueira” para não deixar passar batido e chegar à final sem ter feito nada. Outras pessoas, com quem eu criei uma afinidade, têm um posicionamento bacana. Mas em um dia, numa discussão, tudo pode mudar.

Daqui adiante, quais são seus planos?

Eu preciso digerir as coisas. Quero ver e analisar melhor tudo o que aconteceu, até para poder me posicionar a respeito. Espero que as pessoas entendam. Eu sei que é difícil porque eu já estive do lado de fora e, aqui, a gente acha que é de um jeito, mas quando chega lá dentro é totalmente diferente. Eu vou seguir trabalhando, criando meu conteúdo. Profissionalmente, eu já vinha estruturando um novo texto para um show de stand-up comedy. Eu quero finalizar esse texto e gravar um especial de comédia falando sobre algumas situações da pandemia, de toda essa mudança que a nossa vida teve e também dessa experiência minha dentro do BBB.

Para quem você acha que vai o prêmio de R$ 1,5 milhão?

Eu ainda não pude analisar todas as pessoas. Mas, pelo que eu vi, tem uma galera que está muito unida: Gil, Juliette e Sarah. Eu também vejo possibilidade de o Caio vencer. Juntando o que eu vi aqui fora e lá dentro, eu enxergo ele como uma pessoa muito verdadeira, boa, que se preocupa com o outro. Eu torceria para ele tranquilamente. Além dele, eu torceria para o Projota e para a Viih. Mas, pensando no geral, o Caio está fazendo um jogo legal.

Foto: Nego Di

Crédito: Globo/ João Cotta

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