Arte Entrevistas

“Adoro ver coisas onde não existem ou onde ninguém vê”

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O fotógrafo Vander Bhirtwish nasceu na cidade de Americana, no interior de São Paulo, e aos 18 anos foi viver na capital paulista para estudar comunicação social. Seis anos depois, o jovem publicitário, que sempre amou viajar e retratar suas histórias, decidiu se mudar para Miami para aperfeiçoar o inglês e investir na fotografia. Hoje, Bhirtwish é um fotógrafo reconhecido no meio artístico por belas obras especializadas em landscape e contrastes sociais. A Acontece Magazine bateu um papo com o fotógrafo. Confira.
Como você começou a sua carreira na fotografia e porque decidiu se tornar fotógrafo?
Sempre amei fotografia, adorava viajar e retratar as historias das viagens de um jeito único e poético. Quando resolvi estudar publicidade, a única certeza que tinha era que gostaria de trabalhar com imagens, câmeras e ação. Estudei 2 anos de fotografia na faculdade e foi amor eterno, mas minha carreira profissional começou em Miami. Quando eu cheguei aqui e estudava inglês, estava inquieto, tinha muito tempo livre, então resolvi investir numa câmera fotográfica profissional. Daí comecei a fazer ensaios com minhas colegas de curso, que vinham de várias partes do mundo, no intuito de que guardassem aquelas fotos feitas em Miami de recordação. Com o tempo vi que aquele universo de modelos não era muito a minha praia, continuei a me especializar e hoje tenho um trabalho mais conceitual, fine art.
O seu portfolio é bem variado, mas sempre há uma preferência. Com que área ou gênero da fotografia você se identifica mais?
Sou apaixonado por landscape e acabei me especializando nesse gênero. Aliás, unir o útil ao agradável foi delicioso, pois minhas maiores paixões são viajar e fotografar. E geralmente fotografo de tudo numa viagem – tenho um acervo gigante de fotos e de cada detalhe pelos lugares que passei.
Onde você busca inspiração para as suas fotografias?
Eu sou uma pessoa inspirada por natureza. Adoro ver coisas onde não existem ou onde ninguém vê, então deixo as coisas fluírem naturalmente. Às vezes fico mega empolgado com o clima, o lugar, as cores, com aquele momento único e o trabalho flui de uma forma leve e gostosa. Em outras vezes estou num lugar paradisíaco, porém sem inspiração. Daí, acabo esquecendo da câmera e curtindo a vibe do lugar. Também adoro fotografar os contrastes sociais e suas belezas.
Algum lugar e momento realmente inesquecível entre as localidades que você fotografou?
Essa pergunta realmente é muito difícil. Sou apaixonado pelas belezas do Brasil e amei fotografar Pipa, Jericoacoara, Noronha e, claro, o nosso Rio de Janeiro, que inclusive foi tema de uma exposição na Kiehl’s de South Beach em 2014, e onde eu morei por um ano, tendo transitado por toda a Cidade Maravilhosa. Assim nasceu o ‘’Made in Rio’’.
Também fiquei enlouquecido com a eletricidade de Tokyo, de Sydney, na Austrália, onde tudo é lindo, de Nova Zelândia, onde a beleza é exótica… Na Europa tudo é incrível, mas fotografar a Áustria de canto a canto, Budapeste, na Hungria, e Bruges, na Bélgica, foi surreal… Enfim, amo a beleza eclética americana e meu destino favorito é o Havaí. Já estive em cinco de suas sete ilhas e para lá viajo todos os anos desde quando me mudei para os Estados Unidos.
Fale um pouco sobre o seu trabalho em editoriais de moda e publicidade?
Sempre fui muito conectado, hiperativo. Em São Paulo, trabalhei como RP do Hotel Cambridge, que já foi um dos hotéis mais icônicos e luxuosos da cidade. Ali surgiram amigos, contatos e trabalhos. Fiz seriados para TV e filmes publicitários, porém, o que mais me marcou nesse ciclo foi ter trabalhado diretamente com a Paola Robba, diretora criativa da grife Poko Pano, que me ensinou muito. Nossa parceria dura até os dias de hoje. Com ela, por 3 anos consecutivos, fizemos o Mercedes-Benz Fashion Week, em Miami, e além de toda diversão que esse projeto nos proporcionou tenho retratado todo backstage, algo que futuramente poderá se tornar um documentário fashion.
Um momento inesquecível da sua carreira?
Foi ter sido convidado pelo próprio Fausto Silva aqui em Miami para participar de um quadro do “Domingão do Faustão”, na Rede Globo, chamado ‘’Telão do Faustão’’, no qual grandes artistas, como osgêmeos, Beatriz Milhazes e Vik Muniz já tinham sido homenageados. Me senti muito lisonjeado e feliz por esse convite, feito em 2013, logo após ele ter conhecido meu trabalho em uma galeria na Lincoln Road e bem no começo da minha carreira. Foi emocionante viver isso, portas se abriram. E também por ter uma foto que fiz na Capadócia que o Instagram republicou em sua própria conta com mais de 500 mil likes.
Quais os fotógrafos brasileiros e internacionais que você mais admira?
Sou fã numero 1 do Peter Lik, que me inspira, e do Mario Testino, que tive o prazer de conhecer em seu próprio museu em Lima, no Peru. Sebastião Salgado é o brasileiro mais admirável da fotografia, um verdadeiro gênio. E aqui em Miami vive um ícone da fotografia e dos editoriais de moda, Bruce Weber, que dispensa comentários.
Miami é uma cidade boa para fotografia? Que lugares de Miami te inspiram?
Miami é o lugar ideal para fotografias ao ar livre, dispensa estúdios, pois temos tanta beleza espalhada por essa cidade que é possível diferentes locações para mais de ano. Sou apaixonado por Wynwood, Key Biscayne, Rooftop do 1111, South Pointe e o landscape de Downtown pelo Mondrian Hotel em South Beach.
Como foi a experiência no Art Brazil e das suas próximas exposições para este ano?
Participar da Art Brazil foi uma experiência superpositiva. Quando a Jade Matarazzo me convidou, eu estava viajando e fotografando pela Europa e todos os trâmites foram feitos por e-mail e por uma equipe maravilhosa que me assessorou em Miami. Cheguei diretamente para a abertura do evento e tive dois convidados muito especiais me prestigiando naquela noite: o Roberto Dimberio, da Casa Cor, e o querido arquiteto Leo Shehtman. A repercussão da mídia brasileira foi bem bacana. Esse ano comecei com o pé direito, fui convidado pelo Miami Design Preservation League para desenvolver um trabalho para o Art Deco Museum, em South Beach, com 16 imagens em plexiglass. Ficamos em exposição no museu por 3 meses, de janeiro a março. Até 10 de julho meu trabalho pode ser conferido na 30º Casa Cor de SP, no ambiente de Leo Shehtman, e ainda neste ano tenho duas exposições em diferentes galerias: uma em Wynwood, que já está sendo finalizada e cujo tema será árvores de diferentes lugares, impressas em madeira; e outra em South Beach, com pessoas e etnias como tema.
Como você enxerga o mercado de fotografia em Miami? Existe muita concorrência?
Não só em Miami como em qualquer outro lugar do mundo existe mercado para as pessoas que não param, que continuam a estudar e a se especializar e que têm um diferencial. A concorrência existe, porém, é saudável, e você precisa acreditar muito no seu talento e no que está sendo apresentado.
O que seria um equipamento básico, mas ideal para quem está começando nessa profissão?
A Canon investe muito em equipamentos para iniciantes, a linha Ti é ótima, esse ano eles lançaram a T6i, que é uma câmera didática e fácil de ser manuseada, e também com preço mais acessível. Diria que isso, além de um bom tripé e rebatedor.
Que dicas você daria para quem quer se tornar um fotógrafo profissional nos EUA?
Talento, carisma, dedicação, confiança e amor: esses são os cinco itens básicos para alcançar o sucesso.
Uma frase: seja autêntico – acredite no seu talento!
Por Connie Rocha – Foto: Bill Paparazzi

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