A arte contemporânea é atual, e permite interpretações das mais variadas formas. Foto: Adobe Stock
Arte

A arte é a representação de uma cultura de forma materializada

Jade Matarazzo, premiada fotógrafa brasileira, formada pelo Art Institute of Fort Lauderdale. Também realiza projetos para beneficiar artistas brasileiros no exterior. E-mail: jade@jadephotoart.com
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A arte é o uso de sentimentos, mensagens e dos valores culturais para expressar essa mistura através de livros, poesias, prosas, fotos, pinturas, esculturas, instalações, exposições, filmes, entre outros. A cultura está relacionada diretamente à geração do conhecimento e ao exercício do pensamento, que são valores essenciais para o desenvolvimento da sociedade. Assim, a cultura é importante na formação pessoal, moral e intelectual do indivíduo e no desenvolvimento da sua capacidade de relacionar-se com o próximo. Entre as muitas funções da arte podemos destacar a função de educar, informar e entreter.

A arte estimula a percepção, a sensibilidade, a cognição, a expressão e a criatividade. Além disso, a arte tem sua função social, pois é capaz de reinserir pessoas na sociedade e de ampliar os horizontes de cidadãos marginalizados. Na sociedade, a arte exerce uma função importante como forma de ressignificar e reciclar objetos que seriam descartados, reduzindo assim o acúmulo de lixo que temos no nosso planeta e também possibilita a vivência de novas experiências por meio da reflexão; melhora a comunicação entre as pessoas; torna possível a criação de novos laços sociais; estimula a expressão de opiniões e sentimentos.

A sociedade participa da arte, não como uma galeria, mas envolvendo-se organicamente com ela. Foto: Adobe Stock.

A arte como ferramenta humana

Sabemos também da importância da arte como ferramenta humana para expressão de sentimentos e sensações e percebemos a manifestação artística acontecendo de diversas maneiras nas diversas culturas que existem. Como imigrantes que somos nos EUA, temos uma grande necessidade de nos mantermos conectados com as nossas raízes, nossos ancestrais e hábitos culturais. A arte nos leva a diversas relações com as memórias afetivas e também não somente ao passado como ao futuro na representação de momentos políticos e historicamente marcantes. Devido a tais características, a arte nos permite desenvolver e aprimorar nossa habilidade intercultural. Em termos de cidadania, o desenvolvimento da sensibilidade, por meio do contato com a arte e o incentivo das práticas artísticas, potencializa a existência de um ser humano mais completo.

De um modo geral, a arte proporciona às pessoas a possibilidade de desenvolver habilidades interculturais em todas as idades, combatendo, principalmente, os “pré-conceitos” que vivem na sociedade. Além disso, ela muda a forma como as pessoas interagem com o mundo, solucionam seus dilemas e enxergam outras culturas. Os artefatos produzidos por artistas plásticos e artesãos também são fortes elementos de identidade cultural de um povo. Os adereços corporais, a pintura e a escultura podem representar de maneira efetiva uma cultura. Música: é um elemento de identidade cultural muito eficaz. Pela arte, pensamentos tomam forma e ideais de culturas e etnias têm a oportunidade de serem apreciados pela sociedade no seu todo. Assim, o conceito de arte está ligado à história do homem e do mundo, porém não está preso necessariamente a determinado contexto, é essencialmente mutável. Com a análise das técnicas artísticas e os materiais utilizados, é possível ver o desenvolvimento material de determinada civilização, como o conhecimento sobre misturas químicas, no caso das tintas, ou o desenvolvimento de ferramentas para realizar os trabalhos de pinturas, esculturas e os instrumentos musicais. Cada cultura registra o indivíduo, com a sua marca.

Foto: Adobe Stock.

A arte contemporânea como expressão

A arte contemporânea nos leva a viajar através das cores e formas que nos rodeiam, representando a nossa atualidade de forma que o espectador intérprete das mais variadas formas. Os artistas contemporâneos, como em toda a história, mostram através de sua arte o pensamento de determinada época, requisitando uma nova forma de representação dos problemas atuais, ela é bem diversificada e ampla em todos os aspectos; caracteriza-se por uma ligação estratégica com as transformações políticas e sociais de nossa época.

A arte é capaz de comover a alma. Tem a função de estimular o pensamento humano, de fazer pensar sobre o mundo em que se está inserido e sobre a própria forma de vida, tudo isso porque a arte é um conhecimento, uma expressão humana muito forte, é um grito que provém da alma. Através da arte podemos criar e recriar tudo, dar um novo sentido a nossa existência, retratar o presente da nossa própria maneira, para que este colabore com a história; história na qual cada um se faz presente, deixando assim marcada a nossa época, o nosso hoje, a nossa contemporaneidade.

Artistas contemporâneos trabalham conforme sua vontade e necessidade, pois nos dias atuais tudo pode ser considerado arte, portanto o que está em jogo é a criatividade de cada um, pois o que temos é um leque de formas e materiais para se trabalhar, basta vermos com um olhar artístico e com um imenso desejo de criar e inovar. Uma obra de arte deve passar uma ideia de reflexão, que leve o espectador a pensar, e questionar sobre o que está vendo e analisando, e não simplesmente ver, pensar que entendeu, reduzindo assim a um significado banal; a arte contemporânea vai muito ao contrário disso, ela quer o ápice do pensamento humano, entrando assim com sua verdadeira função, que é fazer as pessoas pensarem. A arte nega a visão pronta do mundo, desejando alterar a percepção que as pessoas tinham dele e da própria arte. Para ser percebida e ter suas intenções perceptíveis, a obra deveria se destacar, diferenciar-se das imagens cotidianas. Para isso, provocaria visões estranhas, esquisitas, enigmáticas, até repulsivas, de modo a provocar a reação do público.

No mundo contemporâneo, a arte seria a única instância possível de pensar e agir com total liberdade. Isso é ser livre, pensar livremente sobre a arte, sobre o contemporâneo. A nossa sociedade está repleta de cores e formas que atraem o nosso olhar, faz com que penetramos nas formas, e isso nos permite uma viagem para o ato criativo, pois através de nossos sentidos podemos interagir com todo o mundo exterior, e também com o nosso interior em forma de pensamento e sonho.

Galeria The House de Jade Matarazzo. Foto: Mari Hart.

Arte e sociedade

O campo da arte se torna cada vez mais amplo e sem fronteiras, por isso a mudança significa uma reforma considerável nos padrões instituídos, bem como no pensamento dos espectadores. A arte é um veículo independente de comunicação, um espaço de transição. A cidade participa da arte, não como uma galeria, mas envolvendo-se organicamente com ela, sendo impossível o desligamento com o sistema das artes. A motivação básica da arte contemporânea é criar um diálogo com a cultura popular, isso significa representar o que se passa na sociedade. As manifestações artísticas ocorrem devido a uma necessidade do ser humano de ordenar e dar sentido a sua experiência e visão de mundo e que todo ser humano, de qualquer cultura, idade, sexo e nível social é capaz de criar, produzir e maravilhar-se com a arte.

Podemos perceber que a arte caminha com a história, que sempre nos acompanha, relatando fatos de cada época. Quando a história nos contava sobre a corte, a arte nos refletia isso também, anos após, a exploração de terras e do trabalho, com certeza a arte retratava da mesma maneira, pois como já foi mencionado a arte e a vida caminham juntas.

A sociedade atual está carente de valores morais, onde a vida se transformou em mecânica, seres humanos agem automaticamente, sem precisarem pensar, pois a vida virou uma rotina, na qual o ser humano, que agora parece não ser mais tão humano, realiza seus atos por hábito, porque assim a sociedade o quer. A arte contemporânea denúncia esta realidade, em busca de termos seres mais pensantes e críticos perante o mundo em que vivemos, nos desafia a pensar sobre a realidade, transformando em arte, tudo aquilo que não é óbvio aos nossos olhos, e desta maneira fazendo com que em um lapso de memória cotidiana, nos passe um filme perante nossos olhos e também em nosso consciente, buscando amenizar o sistema individualista e capitalista.

Galeria The House de Jade Matarazzo. Foto: Mari Hart.

A Cultura da Arte

O caminho da arte é árduo, desafiador, estimulante e maravilhoso! Representar uma cultura é trilhar um caminho de grandes encontros que atravessam fronteiras e criam alianças entre os povos mais diversos e distantes.

A abertura da galeria The House foi um passo audacioso e também necessário, Miami não tinha até hoje uma galeria onde a arte brasileira estivesse em destaque, e com uma comunidade Latina extremamente relevante e o número de imigrantes e negócios brasileiros cada vez maior, nada como fazermos um hub cultural com destaque a força brasileira na arte. Este ano, o Brasil conquistou espaços importantes na arte, um deles o projeto que fizemos na ONU em New York com o muralista Eduardo Kobra, escolhido e convidado para pintar a fachada de um dos prédios mais importantes da cidade. O tema foi sustentabilidade e ficaria pronto para o encontro dos líderes mundiais. Os olhos do mundo estavam atentos a obra que ali nascia, obra de um brasileiro, voz forte de nosso artista que deixou sua marca.

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