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( votes)Por Dra. Ana Gouvea
Como os Beatles diziam, “tudo o que você precisa é amor”. Teorias da psicologia mostram como a relação de afeto entre um neném e a mãe (ou o pai) determina o comportamento de uma criança e muitas vezes tem repercussões no comportamento do adulto. Na minha prática como psicóloga vejo que a grande maioria das pessoas tem dificuldade de se sentir amado ou possui problemas referentes a relações que envolvem amor. Essas relações podem ser de casal, pais e filhos, amigos etc. Mas como podemos aprimorar a arte de amar? Para responder a essa pergunta, vou citar e parafrasear o monje budista Thich Nhat Hanh.
Thich Nhat Hanh fala da importância de entender a pessoa que amamos. Ele explica que se o nosso amor é simplesmente uma maneira de possuir, então não é amor verdadeiro. Se o nosso amor é egoísta e pensamos apenas nas nossas necessidades e esquecemos as necessidades da outra pessoa, isso não é amor verdadeiro. Para ele, a base do amor verdadeiro está na nossa capacidade de entender os desejos, aspirações e sofrimentos da pessoa que amamos.
Ele sugere sentar ao lado da pessoa amada e perguntar: “Eu te entendo? Eu te faço sofrer? Por favor, me diga para que eu possa aprender a te amar apropriadamente. Eu não quero te fazer sofrer, e se te faço sofrer por causa da minha ignorância, por favor, me diga para que eu possa te amar melhor, para que você possa ser feliz”. O que você acha dessa ideia? Você acha que é uma bobagem ou você acha que é importante parar e perguntar se você sabe amar? Você tem medo da resposta? Você gostaria que a pessoa que você ama também te perguntasse isso?
Thich Nhat Hanh observa que fazer essas perguntas exige coragem, mas se não questionamos a forma como amamos, “quanto mais amamos, mais podemos estar destruindo as pessoas que estamos tentando amar”. Você sabe se o seu companheiro, seu filho ou seu amigo se sente compreendido na relação? E você, como você se sente nas suas relações?
O amor verdadeiro exige compreensão. Você está preparado para aceitar e compreender os desejos e sofrimentos dos seus entes amados? O amor egoísta, aquele que cobra, é mais fácil. Quando o nosso ente amado não se comporta como desejamos nos achamos no direito de reclamar, de ficar com raiva porque nos colocamos na situação de vítima. As nossas próprias inseguranças nos fazem sofrer e vemos no comportamento do outro a comprovação de que o outro não nos ama. Assim, perpetuamos o nosso sofrimento também. E as nossas relações não conseguem florescer como gostaríamos. Como Sting disse em sua canção, “se você ama alguém, liberte-o.”
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