Ele não é gaúcho mas entende muito bem de churrasco. E para entender mesmo do assunto, o paraibano de João Pessoa Jaciel Santos trabalhou muito, correu atrás e aprendeu o suficiente para, hoje, ser um bem-sucedido empresário do ramo de churrascarias. Santos chegou aos Estados Unidos há 15 anos com o mesmo sonho de milhões de imigrantes: conquistar uma vida melhor. Começou no lugar certo, sem saber que ali encontraria a experiência necessária para construir o seu futuro.
Foi lavando panelas na cozinha do Porcão, uma das churrascaria brasileiras mais famosas de Miami, que ele percebeu que poderia crescer e aprender. Em pouco tempo foi promovido das panelas para a lavagem de pratos, fato que ele contou com orgulho para a mãe no Brasil. “Quando fui promovido para trabalhar na dishwasher da cozinha, contei pra minha mãe e ela ficou feliz e achou até muito chique”, brinca o empresário. Depois do Porcão, ele foi trabalhar no Texas de Brasil, sempre com o objetivo de um dia ter sua própria churrascaria.
Há dois anos, Jaciel Santos realizou seu merecido sonho e junto com um sócio abriu a Steak Brasil, em Downtown Miami. Agora pretende inaugurar pelo menos mais duas filiais na cidade.
Conheça um pouco da história de luta e sucesso de mais um brasileiro imigrante.
Como surgiu a ideia de abrir o Steak Brasil?
Começou quando eu e meu sócio identificamos uma fragilidade no mercado. Vimos que Miami tinha muitos restaurantes caros e outros mais simples e tinha um espaço no meio a ser preenchido. Só precisávamos de qualidade e de um preço bom para atingir os dois públicos. E entendemos também que o ramo de churrascarias nos Estados Unidos ainda é muito pequeno, e que o americano ainda não conhece bem o sistema rodízio. Foi aí que decidimos entrar no mercado.
Como vocês atraem esse público que não sabe o que é rodízio?
A marca Brazilian Steakhouse é muito conhecida. O público hispânico e norte-americano conhece esse conceito e sabe que é bom. Além da projeção e imagem positiva do Brasil no mundo hoje em dia. Por isso incorporamos o nome Brazil Steakhouse à nossa marca e tem dado muito certo. Por mais incrível que possa parecer, nosso maior público é de hispânicos.
Apesar de a picanha ser a estrela das churrascarias brasileiras, o americano e o hispânico não a conhecem tão bem. Como vender esse famoso corte brasileiro para o seu público?
Eu não consigo vender a picanha para esse público. Eu vendo o conceito do rodízio. Para os americanos e hispânicos eu posso oferecer picanha, fraldinha e alcatra e eles não percebem a diferença. Eles gostam mesmo é do conceito, de estar na mesa e poder comer o que quiser. E sempre perguntam: “Eu posso mesmo comer tudo isso?” (risos)
Como é o treinamento dos garçons/passadores, muitos de origem hispânica, que trabalham com você?
A maior parte dos nossos funcionários veio do Porcão comigo. A nossa amizade e respeito resultou nessa caminhada juntos. Os que não vieram de lá, aprenderam aqui com a ajuda dos outros que já têm mais experiência.
Por que escolheu Downtown Miami para abrir a Steak Brasil?
Depois que o Porcão fechou eu fui trabalhar em outra churrascaria conhecida, a Texas de Brasil. Lá, trabalhei mais na cozinha e aprendi a ser passador de carnes. Com mais experiência comecei a pesquisar os restaurantes mais conhecidos em Miami e descobri o restaurante peruano Ceviche 105. Não pensei duas vezes e fui trabalhar lá para aprender a logística do ceviche e entender por que eles faziam tanto sucesso. Logo depois de dois meses saí de lá para abrir o meu próprio restaurante.
Foto: Fabiano Silva
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