Nilson Lattari

Crônica da semana: FAZER O BEM

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Por Nilson Lattari

Fazer o bem sem olhar a quem é uma maneira de conduzir o mundo para um lado bom. Se isso fosse possível, não teríamos guerras e desigualdades pelo mundo. Uma frase tão simples que encerra uma coisa óbvia, vista como sabedoria.

Uma coisa é a prática, a outra, a teoria. A sabedoria em uma frase é simplesmente uma sabedoria em uma frase. Repetida por aqueles que frequentam os cultos religiosos e somente quando estão neles, proferem a frase incluindo o próximo como a si mesmo.

Há tanta sabedoria no mundo e tão poucos praticantes daquilo que leem.

Fazer o bem a si mesmo ou a outro reverte um bem final para o ser que o pratica; essa é a sabedoria. É como uma satisfação interna que inunda o corpo e a alma, enchendo de orgulho aquele que pratica a frase.

Fazer o bem é um sentimento universal e simples, mas, por que o mundo está assim? Seria tão óbvia a solução e de tão fácil prática, por que não acontece?

O problema é a prática. O problema é que alguns abandonam os cultos e essa mágica se desfaz no ar, no vento que carrega o gesto na saída dos templos. É claro que muitos o praticam e é claro que a grande maioria não faz. Caso fosse o contrário, não estaríamos de cabeça para baixo.

Há os trabalhos laboriosos de pessoas pelas ruas distribuindo agasalhos para o frio ou comida quente para os famintos. Parece que a prática do bem tem a ver mais com uma necessidade de algumas pessoas para trilhar um caminho para a eternidade, como uma barganha. Outros, no entanto, o fazem por motivo próprio, apenas pela ajuda. Separar o joio do trigo é tarefa para o Deus celeste, não para os mortais.

E se não tivéssemos que praticá-lo? Se, simplesmente, não houvesse a necessidade de demonstrar a bondade?

A prática do bem não acontece quando ignoramos a desigualdade que abunda entre as camadas mais pobres. Muitos falam da meritocracia e outras bobagens e perpetuam essa forma mórbida de lidar com os fracassos dos outros, mas gostam de praticar o bem. Até porque o que seria dessas pessoas “bondosas” se não houvesse nenhum desigual para ajudar?

Falamos muito do bem e nos esquecemos do mal. Que pode estar, justamente, camuflado dentro de uma capa de bondade.

Não devíamos pensar na caridade, deveríamos pensar na não necessidade de sermos caridosos. Que o bem fosse apenas uma maneira urbana e cortês de tratar o outro. Mutirões para ajudar no frio e na fome que inundam as ruas são tarefas louváveis. Por outro lado, por que não construir bases sociais sólidas e equilibradas para que esse bem deixe de ser praticado?

Cabe pensar que esse fazer o bem é uma maneira de conservar um grau de pobreza para que a prática seja vista por Alguém mais além. Resta combinar com o Outro lado.

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