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( votes)Entre o litoral e o interior, bem no centro de Portugal, estão as Aldeias de Xisto. Um circuito para quem aprecia um turismo mais bucólico, em contato íntimo com a natureza e com as mais tradicionais culturas daquele país. Estas aldeias são espelho do que há de mais tradicional em Portugal, um modo de vida comunitário que, aos poucos, com o crescimento do país, foi-se perdendo.
As Aldeias do Xisto são a porta de entrada para um território maravilhoso com uma variada oferta: o complexo possui 27 aldeias e estes pequenos núcleos agregam o potencial turístico regional refletido na arquitetura, nos passeios ecológicos, na gastronomia e nas tradições. São lugares únicos, onde se pode vivenciar uma experiência portuguesa muito diferente dos grandes, conhecidos e movimentados centros como Lisboa, Porto, Algarve. São lugares onde a graça está em apenas passear, respirar o ar puro da serra, mergulhar em praias fluviais, fotografar belas paisagens e descansar.
Apesar de ser um circuito com diversas localidades, as aldeias são, na sua maioria, próximas umas das outras em cada região, o que possibilita ao turista conhecer mais de uma em um dia, por exemplo. Uma outra curiosidade é que, apesar do nome, nem todas as aldeias são exclusivamente de xisto (um tipo de rocha típica da região de trás-dos-montes portugueses), mas todas possuem arquitetura igualmente encantadora.
Dentre todo o complexo, algumas aldeias se destacam, seja pela estrutura turística, pelas suas belezas naturais singulares ou peculiaridades. A seguir, vamos falar sobre algumas delas.
Martim Branco – apesar do nome, na aldeia, a cor predominante é o castanho do xisto. Martim Branco resume-se, basicamente, a duas ruas. Entre elas, vale a pena espreitar a Casa das Artes e Ofícios, o forno comunitário e a sua fonte. Pelo caminho, é preciso reparar nas fechaduras e nos trincos das portas das casas, tão característicos e trabalhados. Também lá é possível um mergulho na Ribeira de Almaceda, que acompanha o traçado da aldeia. O açude com placas de xisto na vertical transforma a água em agradáveis piscinas.
Álvaro – não é a típica aldeia de xisto: a paisagem, vista da estrada, mostra uma aldeia pintada de branco e muito organizada. É uma aldeia resiliente, que já se recompôs de fortes incêndios, mas que mantém o encanto de aldeia intocada. Talvez seja pela sua fé: em Álvaro, existem diversas igrejas e capelas. É uma aldeia grande, com bastantes habitações e edifícios, ruas e ruelas, nascida entre as margens do Rio Zêzere e a Ribeira de Alvelos – há, inclusive, dois percursos sinalizados para pedestres e uma praia fluvial com estrutura para mergulhos.
Janeiro de Cima – abriga um miradouro famoso na região, chamado de Sarnadela, de onde se tem uma privilegiada vista para as curvas do Rio Zêzere e para o imenso “tapete” de pinhais que o envolve. Mas toda a aldeia é uma agradável surpresa. Nas fachadas, as casas têm uma original conjugação das placas de xisto com seixos rolados dos rios, que conferem às construções características únicas. Peculiar também é uma visita à Casa das Tecedeiras, onde há um tear gigante para homenagear a tradição da aldeia. Várias igrejas e capelas também valem a pena a visita. E no rio, ainda é possível observar as tradicionais barcas.
Fajão – é uma aldeia pequena, onde o xisto impera, não só nas fachadas, mas também nos degraus das ruas. Há piscina pública e até um museu, onde está exposto o primeiro telefone público da localidade, ao lado de uma gravura original de Fernando Pessoa. É uma das aldeias a maior altitude, a cerca de 720m, e isso nota-se pelas vistas. Por falar em vistas, vale a pena nos arredores da aldeia subir até aos Penedos de Fajão, e contemplar todo o verde que a rodeia. Ou observar a aldeia, na Senhora da Guia.
Gondramaz – ali, o peculiar é o quão bucólico pode ser um lugarejo em Portugal. Gondramaz é uma aldeira tão pequena, que possui menos de dez habitantes. E embora seja tão diminuta, é muito simpática e bem cuidada. Uma peculiaridade é que nas fachadas, há diversas intervenções artísticas, como um poema de Mirguel Torga que pode ser visto logo na chegada ao vilarejo. Vale a visita para sentir a tranquilidade do local.
Talasnal – há alguns anos, é a aldeia mais conhecida do circuito e mais visitada. Cenário de publicidade, não é difícil perceber o motivo: É uma aldeia imensamente bonita, romântica, pitoresca. É, por ser tão conhecida, uma aldeia mais turística, onde a maior parte das habitações são alojamentos, estabelecimentos ou casas de fim de semana. Ali, já não há habitantes naturais e poucas são as pessoas que realmente habitam. Mas há restaurantes, cafés, espaços culturais e lojas de produtos locais. Além de passear pelas ruas, vale a pena conhecer o lagar de azeite e a fonte do lugarejo, aproveitar a sombra e o aroma das videiras, bem como as cores das floreiras às janelas. E contemplar a vista desafogada da Eira, de onde se tem uma vista de tirar o fôlego.
Curiosidades e Serviços
- A maior parte das aldeias está localizada em pontos altos ou nas respetivas encostas. Por isso, é preciso estar preparado para caminhar, subir e descer ruelas e degraus.
- No site oficial da rede das Aldeias do Xisto (www.aldeiasdoxisto.pt) é possível consultar um mapa detalhado de cada aldeia, sua localização e acessos.
- Em diversas aldeias é possível se hospedar. Casas de aluguéis, alojamentos locais e pousadas não são raras.
- De uma forma geral, em todo o complexo do Xisto há gastronomia de qualidade. Vale a pena aproveitar a visita para conhecer e degustar algumas das melhores iguarias portuguesas em casas e restaurantes típicos e tradicionais.
- Não é raro encontrar programações culturais nas aldeias, como festivais de música e feiras tradicionais. Checar informações e agendar visitas em datas festivas pode ser uma ótima pedida.
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