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Vida e Saúde Wal Reis

Tempo… Faz um acordo comigo?

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Não tem porque a gente brigar. Cada um cede um pouco e, no final, nós dois sairemos satisfeitos dessa jornada.

Ok, você vai continuar passando. Essa parte eu entendi. Tenho sentido, literalmente, na pele. Mas é que está ficando meio complicado te alcançar. Antes, eu chegava na frente, lembra? Os natais demoravam três anos. Contava os dias para o meu aniversário, mas o calendário corria para trás. E as férias na praia, então? Uma eternidade para repetir.

E teve a fase em que você ficou elástico. Quantas coisas cabiam em 24 horas? Dava para ir à faculdade, trabalhar, passar no shopping, sair com amigos e ficar uma hora no telefone (essa sim passava rápido). E ainda sobrava muito de você para ler, ir ao cinema, à academia, brigar com o namorado e fazer as pazes.

Mas, na mesma proporção em que os projetos foram se acumulando, você foi rareando. Hoje sobram coisas, peças que não encaixam no quebra-cabeça do dia e jazem soltas, esperando por amanhã. Mas o dia seguinte fica ainda menor que o anterior. E, de repente, a sensação é de que nem adianta tirar o pijama porque daqui a dez minutos estaremos entrando nele de novo.

E é por conta dessa pressa toda, desse triatlo do dia a dia, que eu gostaria de negociar.

Fica um pouco sem graça isso de sentir que você navega tão rápido sem que eu possa surfar todas as ondas. Mereço, por exemplo, em uma manhã de inverno, largar tudo por uns minutinhos embaixo de uma frestinha de sol, daquelas que esquentam o corpo, mas principalmente a alma. Riscar a agenda e caminhar sem rumo pelas praças e ruas que lembrem a infância, minha essência. Abrir o computador e pesquisar sobre uma banda favorita. Espalhar fotografias antigas pelo tapete da sala: rir do penteado antiquado da tia do interior e chorar de saudade de quem ficou só nas fotos, aqueles que você esqueceu pelo caminho. Sentar no banco de uma igreja silenciosa por instantes preciosos. Folhear um livro amarelado, lido há muito, só para tentar um contato com meu eu de antes.

Também queria saber se tem um jeito de você refrear de leve quando eu sentir uma alegria descabida, geralmente promovida por estar com pessoas especiais. Em troca, pode acelerar à vontade, sempre que as horas ficarem pesadas demais para eu arrastá-las sozinha.

Portanto, ficamos combinados assim: prometo não te desperdiçar desde que você não se atenha tanto às regras deste jogo.

*Parafraseando a música “Oração ao Tempo”, de Caetano Veloso

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