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( votes)Em um país de proporções continentais, onde a diversidade de vozes e opiniões é uma das marcas registradas da sociedade, o Brasil enfrenta, ainda hoje, um desafio colossal: o combate à desinformação. Os golpes e fake news continuam a capturar as mentes e corações de milhões de brasileiros, demonstrando que, apesar dos avanços tecnológicos e da crescente conectividade, a informação errada se espalha com uma rapidez assustadora.
Os números são impressionantes. Segundo a recente pesquisa do DataSenado, 93% da população brasileira utiliza redes sociais, incluindo aplicativos de mensagens como WhatsApp e Telegram. Mais alarmante, 72% dessas pessoas relataram ter acessado, nos últimos seis meses, notícias que desconfiam ser falsas. Isso significa que mais de dois terços da população com 16 anos ou mais já foi, de alguma forma, exposta à desinformação.
E por que as pessoas continuam a cair nesses golpes, a compartilhar essas notícias falsas? A pesquisa revela que as razões variam: enquanto 31% acreditam que o fazem para tentar mudar a opinião dos outros, 30% o fazem simplesmente por desconhecer que a informação é falsa. Essa mistura de ingenuidade e intencionalidade cria um terreno fértil para a manipulação e para o crescimento da desinformação.
Há uma velha máxima que diz que uma mentira repetida mil vezes se torna verdade. No contexto atual, essa frase nunca foi tão verdadeira. Identificar o que é real e o que é falso tornou-se uma tarefa árdua para metade dos brasileiros. Nos estados de Sergipe, Maranhão e Rio Grande do Norte, por exemplo, mais de 60% da população relata dificuldades em distinguir fatos de ficção nas redes sociais.
Este é um problema que não apenas ameaça a integridade das informações que consumimos no dia a dia, mas que coloca em risco o próprio funcionamento da democracia. Em um país que se prepara para eleições municipais em 2024, a preocupação com o impacto das fake news no processo eleitoral é legítima. Segundo o DataSenado, 81% dos entrevistados acreditam que a disseminação de notícias falsas pode influenciar fortemente o resultado das eleições. Este dado é um alerta claro de que a desinformação tem o potencial de abalar as estruturas democráticas, comprometendo a justiça e a transparência do processo eleitoral.
O debate sobre a regulação das plataformas digitais e a responsabilização dessas empresas pela disseminação de fake news também ganha força. Uma esmagadora maioria da população — 81% — acredita que as plataformas de redes sociais devem ser responsabilizadas por impedir a divulgação de notícias falsas. Esse consenso mostra que os brasileiros estão cientes da gravidade do problema e exigem medidas concretas para combatê-lo.
O Brasil vive em um labirinto de informações, onde a verdade e a mentira se entrelaçam de maneira perigosa. A batalha contra as fake news não é uma luta fácil. Ela exige educação, conscientização e, acima de tudo, responsabilidade. O papel das plataformas digitais é central, mas o poder de discernimento individual, a capacidade de verificar a informação antes de compartilhá-la, é igualmente crucial.
Ainda temos muito caminho a percorrer. As instituições estão começando a entender a dimensão do problema, e o Tribunal Superior Eleitoral já tomou medidas importantes ao atualizar suas normas para o uso de redes sociais e inteligência artificial nas próximas eleições. Mas isso é apenas o começo. A guerra contra a desinformação é longa e complexa, e a vitória dependerá, em grande parte, da capacidade de cada brasileiro de reconhecer que, na era da informação, a verdade é o nosso bem mais precioso.
A pergunta que fica é: até que ponto estamos dispostos a lutar por ela?
Por Gregório José
Jornalista/Radialista/Filósofo
Pós Graduado em Gestão Escolar
Pós Graduado em Ciências Políticas
Pós Graduado em Mediação e ConciliaçãoMBA em Gestão Pública
Foto: por NoName_13 de pixabay
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