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( votes)Por Nilson Lattari
Quando sentimos a aproximação de algo vindo em nossa direção, quando somos atraídos por um som diferente daquele que estamos acostumados ou então algo conhecido que faz com que nosso cérebro processe uma imagem que não nos seja familiar, todos são processos que nos alerta, como um instinto de sobrevivência.
E quando sentimos medo? Esse ser imaginário que habita em nossos corações, mesmo que estejamos em um momento calmo e relaxado, sabendo que ele está à espreita, que nos aguarda no futuro, na carta que está chegando ou no telefone que toca. Podemos ouvi-lo a distância, podemos sentir o seu cheiro, a fragrância do perfume indesejado, e mesmo que não seja uma imagem ele parecerá uma sombra, uma cortina que fecha o espaço entre nós e a segurança.
Algumas vezes caminhamos pela rua deserta, mas tantas vezes percorrida, e nos bate cá dentro uma vozinha qualquer que nos chama a atenção, às vezes um frio que percorre o corpo, de um vento que não existe, a cabeça meio que os pelos se eriçam, e sentimos que algo pode não cair bem… e aí, sentimos o medo. Um som que vem de dentro que nos faz parar. Se não damos atenção pode ser que nada nos aconteça ou pode acontecer tudo aquilo que este ser externo nos alertou.
Todos nós já sentimos o medo, e por certo ele nem sempre é mal vindo, porque o som dele pode ser um alerta, pode ser o aviso de que alguma coisa vem pelo caminho, pode ser a prudência, simplesmente, dizendo que o passo está além de nós, que é preciso recuar, como a trombeta que toca a retirada, e nunca estimula a avançar.
Se avançamos por teimosia ou necessidade, é o medo com seu som escondido que faz com que todos os nossos sentidos fiquem ligados. Se há necessidade, também a coragem vem nos iluminar, se é por teimosia somente, o medo pode nos fazer parar.
Teimosos são os inocentes, corajosos são os imprudentes. Inocentes são os teimosos porque acham que tudo o que acontece é com os outros, e corajosos são os imprudentes, porque sabem que fazendo o inusitado serão capazes de mudar o curso da história, dos outros ou de si mesmos. Aos prudentes resta a sobrevivência, que sobrevive ou convive com o medo e atende ao seu som surdo de que algo muito grave está por acontecer.
Se o medo tivesse um som ele seria o vento, frio como o inverno que se anuncia e aconselha o agasalho e a proteção. Se o medo tivesse uma cor ele seria a sombra que passa do fantasma tentando parar o ímpeto do curioso ou a coragem do aventureiro.
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