Turismo

Nepal – muito além de uma viagem de turismo

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 ➤ Por: José Roberto Luchetti

A conquista do Everest em uma trilha de mais de 350 quilômetros pelas montanhas mais altas do mundo

Ir para o Nepal não é apenas fazer turismo. É levar ao extremo o conceito de viagem com experiência, especialmente para quem busca a tríade “comer, rezar e amar”. Lá é possível saborear delícias gastronômicas simples e autênticas com forte influência da Índia e da China, buscar espiritualidade – mesmo para agnósticos e ateus – e brindar a vida vendo beleza nas imperfeições.

O roteiro da reportagem da Acontece, que será publicado em duas partes (a primeira até o Everest e a segunda no caminho de volta), começa por Kathmandu, capital do país e uma das cidades mais “imperfeitas” do mundo, para não dizer caótica. Um trânsito insano, quase sem semáforos, onde carros, ônibus e caminhões dividem espaço com milhares de motos e tuk-tuks em ruas de mão inglesa. O ar é poluído pelo combustível fóssil de uma frota muito antiga, pela poeira em suspensão das montanhas de pedras e ruas de terra nos arredores, pela queima de lixo e pelas fábricas próximas ao centro urbano. As condições meteorológicas e topográficas também dificultam a dispersão dos poluentes.

O bairro turístico de Kathmandu é o Thamel, onde estão os principais hotéis e boas hospedagens locais, além de grande oferta de bares, restaurantes e lojinhas típicas de todos os tipos: tapetes, mel, pedras, objetos de decoração e produtos turísticos. Muitos antiquários se espalham pelos arredores. O repórter da Acontece procurou entre eles uma chave que pudesse “abrir os segredos do país” – e só encontrou no último dia, na última loja visitada, no último ponto de uma jornada que parece se passar em outra dimensão. Ao longo das duas reportagens, o leitor vai entender a magia desse país e a simpatia do povo nepalês.

A aventura começa ao desembarcar no aeroporto e se dar conta de que estamos no ano de 2082. Isso porque os nepaleses seguem o calendário Vikram Samvat, usado há séculos na tradição hindu. Já o fuso horário é único no mundo: 5h45 à frente do Meridiano de Greenwich, baseado na longitude da montanha Gaurishankar, a 100 km de Kathmandu.

Em Kathmandu destacamos cinco pontos turísticos principais que podem ser percorridos em dois dias com deslocamentos em táxis ou em cinco dias, como fez a reportagem, em conduções na maior parte a pé para conhecer ainda mais os segredos de um país tão singular, que nunca foi colonizado por potências estrangeiras, provavelmente pelo difícil acesso ao terreno montanhoso.

Praça Durbar: complexo histórico com antigos palácios, templos e santuários, onde reis nepaleses eram coroados. Apesar dos danos do terremoto de 2015, ainda mantém sua grandiosidade, com muito comércio no entorno.

Estupa de Boudhanath: um dos maiores e mais sagrados templos budistas do mundo. Famosa por sua enorme cúpula branca e pelos olhos de Buda pintados no topo, é centro espiritual dos budistas tibetanos.

Templo de Swayambhunath (dos macacos): localizado em uma colina, oferece vista panorâmica de Kathmandu. É conhecido pelos macacos que vivem por lá. Cuidado ao alimentar os animais, pois eles podem atacar em bando.

Pashupatinath: templo hindu dedicado a Shiva, símbolo de fim e recomeço. Fica às margens do rio Bagmati, extremamente poluído, e é conhecido pelas cerimônias de cremação e iniciação religiosa.

Patan Durbar Square: uma das três praças reais do Vale de Kathmandu. No coração de Patan (atual Lalitpur), a 20–30 minutos do Thamel, o local é Patrimônio da Unesco, com templos, esculturas e museu. Destaque para o Templo Krishna, do século XVII, o primeiro construído em pedra no Nepal.

Pelas montanhas

Existem dois caminhos principais para chegar ao acampamento base do Everest: um de avião com voos que partem de Kathmandu a Lukla e a partir daí a pé por cerca de 7 dias até o acampamento base ou em um veículo 4×4 de Kathmandu a Shivalaya e a pé por 14 dias até o Everest. A reportagem escolheu a segunda opção para evitar o aeroporto de Lukla, considerado um dos mais perigosos do mundo.

Confira os vilarejos no trajeto de ida:

Shivalaya: ponto inicial do antigo caminho percorrido pelos alpinistas antes da construção do aeroporto no meio das montanhas até o Everest. Shivalaya é um vilarejo tranquilo cercado por vales verdes e rios gelados. É uma parada ideal para quem busca uma imersão na cultura local antes de começar a trilha. Pequenas pousadas familiares oferecem acolhimento genuíno e comida nepalesa tradicional.

Bandhar: cercado por colinas arborizadas, tem campos em terraços e mosteiros budistas. Clima silencioso e espiritual, ideal para contemplação. Primeira grande subida da trilha: 1.000 metros.

Sete: pequeno e cercado por densas florestas de rododendros, árvore que floresce num vermelho exuberante no final do inverno. Sete marca o início de subidas íngremes rumo às regiões alpinas, mais 1.200 metros de elevação. O vilarejo é um bom local para aclimatação, com uma paisagem que já prenuncia os altos Himalaias e o pôr do sol mais bonito da trilha inteira.

Junbesi: um dos mais belos vilarejos do circuito Solu. Arquitetura em pedra e madeira, campos verdes e um mosteiro tibetano centenário. Após cruzar o passe Lanjura La (3.530 m), o primeiro contato com neve.

Nunthala: com vista para picos nevados, é um dos lugares mais acolhedores. Os sons das rodas de oração se misturam ao canto dos pássaros. Foi possível avistar o Everest pela primeira vez.

Bupsa Danda: vilarejo pequeno, no alto de uma crista com vista para o vale Dudh Kosi. A trilha passa por pontes suspensas e monastérios, como o de Kharikhola.

Surke: localizado abaixo de Lukla, é um ponto menos visitado e por isso mais autêntico. O vilarejo é cercado por mata fechada e rios, sendo ideal para trekkers que evitam o fluxo intenso do início clássico em Lukla. Apesar disso, é o vilarejo mais desinteressante de todo o trajeto por funcionar como entreposto de cargas, com caminhões, veículos 4×4 e muitos jegues.

Jorsale: última parada antes de Namche Bazaar, fica dentro do Parque Nacional Sagarmatha, denominação de Monte Everest, em nepalês. Pequeno e rodeado por floresta densa, é ponto de verificação oficial para entrada na área protegida, onde paga-se cerca de US$ 20,00. A ponte suspensa próxima ao vilarejo, Hillary Bridge, é uma das mais icônicas da região, que homenageia o filantropo neozelandês Edmund Hillary que, junto com o sherpa Tenzing Norgay, conquistou o Everest em 29 de maio de 1953.

Namche Bazaar: coração da rota ao Everest. Principal ponto de aclimatação, com cafés, lojas e museu. Vista incrível do Ama Dablam. Destaque para a torta de maçã da Hermann Helmers Bakery.

Pangboche: com o mosteiro mais alto da região e uma vista frontal para o Ama Dablam, é um lugar de forte espiritualidade. Os monges recebem visitantes para bênçãos e cerimônias. É também uma boa base para explorar trilhas secundárias e viver de perto a cultura sherpa autêntica, onde os locais e visitantes se aquecem ao redor do forno mantido com esterco de iaque, espécie de gado das montanhas.

Dingboche: a 4.400 metros, é ideal para descanso e caminhadas de altitude. Cercado por muros de pedra, oferece vista para o Lhotse e o Ama Dablam. O céu noturno é um espetáculo à parte.

Lobuche: em um vale glaciar árido, é a última vila antes do acampamento base. Acomodações simples, mas funcionais, com vista para montanhas geladas.

Gorak Shep: é o vilarejo habitado mais próximo do Everest, situado a cerca de 5.170 metros de altitude. Rodeado por dunas de gelo e com acesso direto ao Kalapathar, oferece um dos panoramas mais emblemáticos da montanha mais alta do mundo. Apesar das acomodações espartanas, o espírito de conquista está em cada canto.

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